quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Tributo à Minha Mãe - Parte III





O Grilo
Vou contar uma história que dizem ter sido verdadeira e que terá acontecido com pessoas do concelho de Lagos numa terra chamada Espiche, no Algarve.
A história começa assim:
Naquele tempo havia rei em Portugal. Os rapazes iam fazer a tropa para Lisboa e outros lugares do país. O palácio do rei era guardado pelas tropas.
Houve uma grande festa que o rei deu pelo aniversário do seu casamento. Para esta festa convidou todos os príncipes e princesas da Europa. Foi uma festa muito linda. Quando a festa estava no auge entra no salão uma quadrilha de ladrões mascarados e armados e roubam todas as jóias que aquela nobreza ostentava em si. O rei ficou muito envergonhado por não ter conseguido garantir a segurança a todos aqueles parentes e amigos e ordenou aos seus conselheiros para apanharem os ladrões e as jóias e que estas fossem devolvidas aos seus proprietários.
O tempo ia passando e os conselheiros não lhe traziam nenhuma notícia nem do paradeiro dos ladrões nem das jóias.
Nessa altura estava na tropa em Lisboa um rapaz de Espiche que foi destacado para fazer guarda ao palácio real. Este rapaz, sabendo da aflição em que vivia o rei, pediu uma audiência ao rei e contou-lhe:
- Sabe, meu amo e senhor, na minha terra há um homem que adivinha tudo e por isso as pessoas o chamam de Adivinhão. Quando alguém quer saber alguma coisa, vai ter com ele e o que ele diz e aconselha, bate sempre certo. Às vezes não chove durante muito tempo e as pessoas ficam aflitas porque não sabem quando podem semear. Então vão ter com ele para saber quando vai chover e o que ele diz bate sempre certo.
O rei disse logo:
- Tragam-me, o mais rapidamente possível, esse homem à minha presença.
Assim aconteceu. O adivinhão de Espiche foi à corte falar com o rei. O rei perguntou-lhe:
- Ouve lá, é verdade que adivinhas tudo o que te pedem?
- Assim tem acontecido, meu rei.
- Passa-se o seguinte: dei uma grande festa aqui neste palácio e uma quadrilha de ladrões interrompeu a festa e assaltou todas as senhoras e cavalheiros que lá se encontravam e roubaram-lhes as jóias que traziam consigo. Peço-te que me descubras quem foram os ladrões.
O homem ficou muito atrapalhado e pensou com os seus botões: “Agora é que estou perdido. Como é que vou adivinhar quem foram os ladrões?”
Este homem tinha muita fé em Deus, então invocou a Sua ajuda e foi atendido.
O Adivinhão pediu ao rei para ficar numa casa sozinho durante três dias, dentro do próprio palácio, pois precisava pensar sobre o caso. O rei concordou e assim foi feito.
Havia três criados no palácio que faziam serviço de quartos e era da sua conta levar as refeições e tudo o que fosse necessário ao Adivinhão. Cada dia o Adivinhão era servido por um dos criados. Quando chegou a noite e o criado foi levar a última refeição desse dia ao Adivinhão, este exclamou:
- Um já cá canta!
O criado ficou muito aflito e foi logo contar aos outros dois colegas:
- Sabem o que o Adivinhão disse quando lhe entreguei o jantar esta noite? “Um já cá canta!”
Dizem logo os outros dois:
- Amanhã vais tu e tomas atenção ao que ele disser.
No dia seguinte lá foi o outro criado e à noite o homem voltou a dizer:
- Dois já cá cantam!
O criado ainda ficou mais aflito do que o outro e foi logo contar esta frase aos colegas. Os três disseram ao mesmo tempo:
- Estamos perdidos! Ele é mesmo adivinhão.
Diz um deles:
- Amanhã é a minha vez. Vamos lá a ver o que ele diz.
No dia seguinte lá foi o terceiro criado servir o Adivinhão, mas todo o dia andou muito nervoso e receoso. Quando foi entregar o jantar o Adivinhão disse-lhe:
- Até que enfim já cá cantam três!
O criado ficou tão assustado que disse logo:
- O senhor é mesmo adivinho! Acaba de dizer que já tem os três. Pois é verdade. Fomos nós os três que roubámos as jóias durante a festa.
O homem ficou muito satisfeito e disse:
- Eu já sabia que tinham sido vocês, por isso eu dizia aquela frase. Também acho que vocês ainda têm as jóias dentro do castelo; por isso os conselheiros do rei não conseguiram descobri-las.
O criado ficou todo atrapalhado e disse que as jóias estavam enterradas no jardim do palácio. O Adivinhão ficou todo feliz e pensou: “Desta já me safei. Vou pedir ao rei que me seja permitido regressar a minha casa.”
O homem não era adivinho. Ele tinha muita fé em Deus. Quando as pessoas lhe pediam ajuda, ele pedia a Deus que o ajudasse a descobrir a resposta certa para assim poder ajudar as outras pessoas.
Quando ele dizia aquelas frases na presença dos criados estava a referir-se aos dias que tinha pedido ao rei para encontrar a resposta. Só que os criados, como tinham a consciência pesada, atribuíam a frase ao que eles tinham feito e deduziam que ele os estava a contar como ladrões.
Tinham-se acabado os três dias que o homem tinha pedido ao rei para pensar e o rei mandou chamá-lo. Quando o homem ficou na presença do rei disse-lhe:
- Saiba Vossa Majestade que já sei quem foram os ladrões. Também onde estão enterradas as jóias.
O rei pediu logo para ele lhe dizer o que sabia. O homem informou-o:
- Foram os seus três criados de quarto que roubaram as jóias e foram enterrá-las no jardim do palácio.
O rei mandou logo prender os ladrões e desenterrar as jóias. Então o homem disse ao rei que queria regressar à sua terra e à sua casa, mas o rei não concordou:
- Uma pessoa assim faz falta no palácio.
Lá ficou o infeliz do Adivinhão a viver no palácio.
Um dia a rainha ficou grávida e logo o rei quis usar os talentos do Adivinhão para saber se seria rapaz ou rapariga. O homem ficou todo atrapalhado, mas não se desorientou. Disse ao rei que, para saber tal coisa, necessitava ficar numa casa sozinho com a rainha. O rei concordou logo todo satisfeito.
Quando se encontrou a sós com a rainha pediu para esta se despir completamente e a rainha assim o fez. Depois pediu para a rainha virar as costas para ele. Mirou a rainha, remirou e disse:
- É rapaz.
Depois pediu para a rainha se pôr de frente para ele. Novamente mirou e remirou e disse:
- É rapariga.
De seguida pediu à rainha para se vestir e ele próprio foi falar com o rei e disse-lhe:
- Vossa Majestade, é necessário esperar o tempo necessário para saber se estou certo ou errado. Na minha ideia, parece-me serem um rapaz e uma rapariga.
Assim fizeram e quando os bebés nasceram, eram dois gémeos: um rapaz e uma rapariga.
O rei e a rainha ficaram tão satisfeitos que de maneira nenhuma o deixavam ir embora, pois ele era muito precioso para aconselhar o rei a decidir bem os assuntos do reino.
Um dia andavam o rei e a rainha a passear nos jardins do palácio com o príncipe e a princesa quando a rainha viu um grilo e o apanhou. Fechou o grilo na sua mão e disse para o rei:
- Agora vou perguntar ao Adivinhão se sabe o que tenho na mão.
Acontece que o verdadeiro apelido do Adivinhão era Grilo. Quando a rainha lhe faz a pergunta ele fica todo aflito e pensa: “Qualquer dia não acerto, descobrem que não adivinho nada e mandam-me matar por trapaceiro.”
Então sem pensar o Adivinhão diz assim:
- Ai Grilo, Grilo; em que mãos estás metido!
A rainha olhou para o rei e disse-lhe:
- Olha, voltou a adivinhar. É verdade que tenho um grilo na minha mão.
Lá continuou o Adivinhão no palácio cada vez mais assustado.
E assim acaba esta história. Quem quiser continuá-la mais amigos fará.
                        FIM
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