terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A Esperança

Lagos, 22 de Dezembro de 2015
Sobre A Esperança
A Esperança é um dom que pode vir connosco ao nascermos se os nossos pais no-lo transmitiram ou não; mas também pode ser adquirido ao longo da nossa vida por interacção com os outros. Também, se nascemos com ela, a podemos perder como acontece com todos os outros dons que nos enriquecem: amor, paz, caridade, fé, …
Ninguém se faz a si mesmo, homens e mulheres, vamo-nos fazendo pela interacção com os outros física e indirecta através de livros, internet, ….
As palavras esperança, futuro, jovens estão interligadas, apesar de a esperança ser um dom de que precisamos toda a nossa vida na nossa caminhada para lá da morte.
Adoptando a perspectiva dos jovens, pode-se afirmar que foi criada uma geração com 34% de jovens desempregados até aos 25 anos, segundo os dados estatísticos mais recentes em Portugal, mas que se aproxima bastante da média da Europa, Estados Unidos e outros países da civilização ocidental.
A falta de trabalho surge sempre relacionada com o aumento da população e tem por consequência a emigração e é cíclico ao longo dos tempos da nossa história humana. Contudo pior do que não encontrar trabalho nos tempos que correm é a precariedade no trabalho que elimina as possibilidades de longo prazo na vida de cada um e que é transversal a todos os estratos sociais actualmente e que também é algo novo na nossa sociedade.
A precariedade foi inventada nos EUA com a desculpa de assim se dar trabalho a um número superior de homens e mulheres, aumentando a rotatividade nos postos de trabalho. Parecia uma medida positiva, mas na verdade tem sido destruidora e continua a sê-lo cada vez mais, abrangendo mais e mais áreas da nossa vida num tsunami destruidor que arrasa tudo e todos, incluindo a nossa cultura.
A precariedade destrói a ideia de futuro e isso leva-me às sociedades tradicionais africanas onde não existe a palavra “futuro” nas suas línguas porque não o havia nas suas vidas, apenas uma continuidade do mesmo; só têm a ideia de tempo presente e é isso que estamos a adoptar na nossa civilização ocidental. Quando os jovens são educados para a precariedade; o futuro não faz mais parte das suas vidas e a sua sociedade deixa de ter futuro.
A precariedade no trabalho leva à precariedade em tudo o que se relaciona com o ser humano e as suas relações entre si. A grande maioria dos homens e mulheres depende dos ganhos do seu trabalho para sobreviver e é isso que lhes dá estatuto social e estes ganhos pouco mais dão do que para as suas necessidades básicas, eliminando assim a possibilidade de poupança que também é um conceito relacionado com o conceito “futuro” e consequentemente também foi banido pelos jovens.
A precariedade traz a ideia de viver a curto prazo e destrói as ideias de “longo prazo” e “planear”. Os jovens actuais já foram educados neste conceito de precariedade e de aceitar a precariedade e de viver e conviver com a precariedade; então tudo o que vá para além da precariedade soa-lhes a estranho e obsoleto, ultrapassado; não aceitável. Assim o conceito tradicional de “família” não lhes faz mais sentido. A precariedade no trabalho que desemboca no desemprego com períodos cada vez mais longos sem trabalho; elimina a possibilidade de criar raízes, ter uma família com filhos para serem educados e orientados pelos pais. Como o vão fazer sem possibilidades económicas para isso? O próprio vai-se desenrascando, uns dias melhor outros dias pior; mas aos filhos? Como lhes dar essa vida? “É melhor não os ter” assim decidem. Inconscientemente o egoísmo, mesmo que altruísta, vai-se instalando, vai alastrando e tomando conta da sociedade sem futuro.
Quando o egoísmo tudo domina, já não há cultura e sociedade; há ilhas individuais que só vêem o curto prazo e não estabelecem links uns com os outros; estabelecem-nos, mas links efémeros, passageiros porque outra consequência da precariedade e do curto prazo é a falta de afectos. Onde há precariedade há curto prazo, há egoísmo que é inimigo dos afectos. Para os afectos é preciso tempo como nos informa Antoine Saint-Exupéry. O curto prazo não tem tempo para o tempo necessário para os laços afectivos.
A precariedade proíbe-nos de planear; só se pode viver o presente.
A precariedade proíbe-nos de amar; para amar precisa-se de tempo para o(s) outro(s)…
Eu tenho esperança de que a esperança sobreviva à precariedade.
Eu tenho esperança de que as gerações vindouras sobrevivam ao egoísmo.
Eu tenho esperança de que a esperança reconstrua a civilização da qual faço parte.
Eu tenho esperança de que os jovens passem a adoptar a esperança e terminem com a precariedade.
Eu tenho esperança de que os jovens aprendam com a raposa de Saint-Exupéry a criar laços e a mantê-los.r


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