sábado, 31 de dezembro de 2016

“Terras de Sofala, África”

sobre “Terras de Sofala, África”
CHRONICA DE D. MANOEL escrita por Damião de Goes; 1749; PDF - pp. 179 - 183

Capítulo IX
De como o rei, depois da partida de D. Francisco deAlmeida, mandou Pero de Anhaia a Sofala com seis velas, para aí fazer uma fortaleza e do que em sua viagem passou até que faleceu e da chegada de Cid Barbudo e Pero Quaresma à Índia que partiram do reino depois dele.

Pero de Anhaia era capitão de uma das naus que iam em companhia de Dom Francisco de Almeida para ficar por capitão da fortaleza que se iria construir em Sofala, mas esta nau perdeu-se no porto de Lisboa, pelo que o rei mandou a Dom Francisco que deixasse esta fortaleza por construir e fosse fazer a de Quíloa, como já estava estabelecido.
Quando Dom Francisco partiu, o rei mandou aprontar seis naus e deu a capitania a Pero de Anhaia. As outras cinco, uma era capitaneada por Francisco de Anhaia, filho do mesmo Pero de Anhaia que havia de ficar por capitão do mar em Sofala com duas naus e Pero Barreto de Magalhães que, depois da fortaleza acabada, havia de ir para a Índia como capitão das outras quatro. Os outros capitães eram João Leite, natural de Santarém e Manuel Fernandes que ia provido da feitoria desta fortaleza e João de Queirós.
Esta armada partiu do porto de Belém num domingo, dia da Trindade, 18 de Maio do mesmo ano de 1505, e tão adiante como a Serra Leoa, querendo João Leite, do garoupes da sua nau, aferrar uma dourada (peixe), caiu ao mar e sem o verem mais (porque as botas se enchem depressa de água e os marinheiros não conseguem descalçá-las e vão por isso ao fundo e também porque era muito raro haver um que soubesse nadar), se foi ao fundo e os da nau substituíram-no, elegendo para capitão Jorge Mendes. Desta paragem foram tanto na volta do sul para dobrarem o Cabo da Boa Esperança que se puseram em altura que havia tanto frio e neve que se gelava a água e o vinho e quase que não podiam vencer a neve com as pás e com este trabalho passaram o Cabo sem o ver.
Aos quatro dias de Setembro, passou Pero de Anhaia o cabo das correntes com Francisco de Anhaia e Manuel Fernandes e foi surgir sobre a barra de Sofala para aí esperar as outras três naus, onde depois chegou a de que fora capitão João Leite e agora era Jorge Mendes e a de que fora João de Queirós e agora o era João Vaz de Almada que contou a Pero de Anhaia como João de Queirós viera ter à baía das Vacas e que, querendo abastecer-se de carne, entrara meia légua pelo sertão, onde os da terra o mataram a ele, ao mestre da nau e piloto e dos que com ele foram, não escaparam mais do que Antão de Gá, escrivão da nau, muito ferido, e outros quatro e que, partidos daquela baía toparam com a nau de que fora capitão João Leite e pediram a Jorge Mendes que lhes desse capitão para os reger e um piloto que os governasse e que Jorge Mendes lhe rogara que se passasse para aquela nau como capitão e lhe dera o seu mestre para mandar aviada.
Depois da vinda de Jorge Mendes e de João Vaz de Almada, chegou António de Magalhães, irmão de Pero Barreto num batel com recado a Pero de Anhaia de como ficara no Cabo de S. Sebastião porque o seu piloto, por não saber o parcel, não ousava de se aproximar; que lhe mandasse o seu para o levar daquele porto ao de Sofala, o que sabido mandou lá João Vaz de Almada com a sua nau e com ele o piloto de Francisco de Anhaia.
Chegado Pero Barreto à barra de Sofala, Pero de Anhaia entrou para dentro da barra com quatro das suas naus mais pequenas porque as duas, por serem grandes, deixou de fora. Depois da chegada, mandou logo recado ao senhor da terra, que se chamava Sufe, para se encontrar com ele, cujo encontro se ordenou acontecer numas casas que tinha junto ao rio, numa povoação chamada Sagoe com cerca de mil vizinhos, de que muitos eram mouros mercadores que dali enviavam ouro para Quíloa, Mombaça e Melinde porque os mais do lugar, costa e sertão são gentios, cafres.
As casas eram grandes, térreas cobertas de ola, as paredes de sebe barradas de barro: tinham muitos pátios cercados com árvores e cava ao redor delas, com sebe de espinheiros tecidos, mais forte do que se fora pedra e cal; destes espinhos tecidos, na Flandres e na Alemanha, cercam os jardins com suas cavas porque assim os têm por mais seguros dos ladrões.
O rei ou senhor de Sofala seria homem de setenta anos, alto de corpo, baço, membrudo e cego que, segundo o que os da terra diziam, fora um cavaleiro muito esforçado e temido, com o qual Pero de Anhaia se encontrou nestas casas numa câmara pequena, forrada a panos de seda, lançado sobre um catel, coberto com um pano de seda e junto dele um grande molho de azagaias. Esta câmara estava no fim de uma sala muito estreita e comprida, na qual estariam bem cem mouros baços, descobertos da cintura para cima e para baixo cachados com panos de seda e algodão e outros tais sobraçados com sotas de seda nas cabeças e nas mãos ramais de âmbar e nas cinturas cutelos nus com tachas de marfim, guarnecidos de ouro assentados todos em tripeças baixas, com os assentos de couro com cabelo. Em Pero de Anhaia passando pela sala com os capitães, feitor e gente nobre da frota porque a outra ficava à porta da sala, todos se levantaram, fazendo-lhe grande cortesia com as cabeças baixas quase até ao chão. Entrando Pero de Anhaia nesta câmara o rei, assim cego como era, fez muita cortesia e gasalhado e logo ali ouve dele licença para fazer uma fortaleza, oferecendo-se-lhe para tudo o que dele mais fosse necessário. Depois das despedidas, saiu com ele um mouro muito privado do rei, chamado Acote Abexi de nascimento, fazendo-lhe muitos oferecimentos, pelo que Pero de Anhaia, sabendo a valia que este Acote tinha, com um presente que mandou ao rei, lhe mandou outro a ele e em retorno do qual, Acote mandou-lhe vinte portugueses que tinha em seu poder que eram dos que escaparam da nau de Lopo Sanches e que disseram que sempre foram muito bem tratados.
Pero de Anhaia trabalhou com a ajuda de Acote para juntar logo as achegas que lhe eram necessárias para a fortaleza e depois de juntas as mais a fundou entre o lugar de Sagoe e outra povoação dobra de quatrocentos vizinhos junto da barra, na qual se começou a trabalhar aos vinte e um dias de Setembro do mesmo ano de 1505 e sendo já a maior parte da obra feita, Pero Barreto se partiu para a Índia com a sua nau e com a de Pero de Anhaia, de que foi por capitão Gonçalo Álvares que viera por piloto da frota. Continuou-se a obra da fortaleza com muito trabalho e diligência até ao fim de Novembro e, estando já quase acabada, Pero de Anhaia mandou seu filho Francisco de Anhaia que fosse correr a costa até Moçambique e com ele Gonçalo Vaz de Goes que ali viera ter e João Vaz de Almada que se havia de ir de aí para a Índia e lhe deu mais outro navio de que ia por capitão um seu criado que havia de ficar com ele em guarda da costa.
Gonçalo Vaz Goes e João Vaz de Almada se apartaram em Moçambique de Francisco de Anhaia e foram ter a Quíloa, onde encontraram Pero Barreto, Gonçalo Álvares e Lucas da Fonseca que se perdera da frota do vice-rei, onde, pouco tempo depois, veio ter Francisco de Anhaia num zambuco que tomara dos mouros porque a sua nau se perdeu com outra que tinha tomada de Cambaia, carregada de muita roupa, todos, debaixo da capitania de Pero Barreto, partiram de Quíloa para a Índia na semana santa do ano de 1506 e chegaram a Anchediva a 18 de Maio, onde todas as naus invernaram excepto a de Lucas da Fonseca que passou.
Partidas estas naus, Pero de Anhaia continuou para acabar de todo a fortaleza para o que o ajudavam os mesmos da terra. Vendo os mouros que lhes tiravam muita parte do resgate do ouro que eles costumavam fazer com os mercadores que vinham do sertão, ordenaram lançar da terra os nossos, dando a entender a Sufe que a nossa vinda não fora buscar a sua amizade, mas sim o lançarmos da terra como tínhamos feito em Quíloa e em muito outros lugares da Índia e com estas palavras e outras do género o induziram a trazer secretamente mais de mil cafres para, de súbito, darem sobre os nossos e lhes tomarem a fortaleza; do que Pero de Anhaia foi avisado pelo mouro Acote que, além da amizade que nisso mostrava se lhe ofereceu para o ajudar com toda a sua valia, o que, sabendo Pero de Anhaia, se começou a aperceber com a maior dissimulação que pôde para o dia que, feita guerra, havia de declarar essa amizade, no qual os cafres vieram cometer os muros da fortaleza muito denodadamente com tiros de arremesso e setas de fogo, sendo já Acote lançado dentro com cem homens seus parentes e criados com cuja ajuda os cafres foram tratados de maneira que se arredaram afora, os quais logo começaram de servir os tiros de bombardas com que mataram os mais deles (cafres), o que vendo os outros se arredaram a quem os nossos logo saíram com Acote e, seguindo-os, chegaram à aldeia onde eram as casas do Sufe. Pero de Anhaia entrando nelas se foi direito à sua câmara (do Sufe), o qual, posto que fosse velho e cego, não perdeu o ânimo e coração de bom cavaleiro, arremessando as azagaias que tinha a par de si contra a porta da câmara; com uma feriu Pero de Anhaia no pescoço; o que vendo isto, o feitor Manuel Fernandes arremeteu ao Sufe e lhe cortou a cabeça.
Do feito, os nossos ficaram senhores das casas e do lugar e aos moradores deste lugar Pero de Anhaia mandou que não se fizesse mais mal do que já estava feito. A cabeça de Sufe, por fazer espanto aos da terra, foi posta na ponta de uma lança na tranqueira da fortaleza e em galardão do serviço que Acote fizera e amizade, Pero de Anhaia lhe deu aquele senhorio de Sofala e o investiu nela em nome do rei D. Manuel em acto público que para isso se fez, o que Acote aceitou, declarando-se vassalo dos reis de Portugal com promessa de sempre os servir bem e lealmente, do que tudo se fizeram documentos públicos assinados por ele e pelos principais da terra e por Pero de Anhaia e oficiais da feitoria e outros portugueses que seriam até quarenta porque os mais eram já mortos de doença, da qual infecção Pero de Anhaia faleceu daí a poucos dias, em cujo lugar sucedeu o feitor Manuel Fernandes que depois de ser capitão fez dentro da tranqueira uma torre de pedra e cal muito forte.
A esta capitania, ele serviu pouco tempo porque no ano de 1506, chegaram à Índia Cid Barbudo e Manuel Quaresma que partiram do reino depois de Pero de Anhaia, aos quais o rei mandou que corressem toda a costa do Cabo da Boa Esperança até Sofala a ver se achavam novas de Francisco de Albuquerque e Pero de Mendonça. Já na Índia, por Cid Barbudo e Manuel Quaresma soube o vice-rei D. Francisco de Almeida da morte de Pero de Anhaia, pelo que despachou logo por capitão de Sofala, Nuno Vaz Pereira, ao qual mandou que, de caminho, prouvesse nas diferenças que havia em Quíloa, por o rei Mohamed Anconii ser morto por traição do rei de Tirensicundi, parente do rei Abrahemo desterrado e por alcaide-mor mandou Rui de Brito Pataleão. Pelo que Manuel Fernandes se foi para a Índia no navio em que eles vieram, sem mais querer servir de feitor, tendo-se por agravado (= ofendido, menosprezado) do vice-rei lhe responder tão mal às mercês que, por galardão de seus serviços, ele esperava.

Capítulo X
Em que trata da terra de Sofala e dos costumes dos que nela vivem e no grande reino de Benomotapa
Os escritores antigos partem a Etiópia em Superior e Inferior e no Superior Oriental está o lugar e terra de Sofala, na costa do mar que chamam Prassodum. Estas duas Etiópias tomaram o nome de Etíope, filho de Vulcano, que foi rei e senhor delas. Diz Diodoro Sículo que foram os etíopes os primeiros homens que tiveram conhecimento de Deus e primeiro usaram religião e cerimónias no culto divino e foram os primeiros que acharam o modo de escrever e que deles veio o conhecimento destas coisas aos egípcios donde diz que eles descendem e tomaram as leis por que se governavam. Mas estes etíopes, a meu juízo, devem ser os da terra do Abexi por ser gente que há muito tempo tem a Lei que Deus deu aos judeus pela mão de Moisés e não os que vivem do mar da Arábia até ao Cabo da Boa Esperança e no sinal disso é serem tão incultos e bárbaros como são.
Antigamente tiveram os etíopes daí dois deuses: um imortal que é criador de todas as coisas e as rege sem nelas haver nenhum defeito e outro mortal que têm por incerto, assim a ele como as coisas que por ele se regem e governam. (pelo que sabemos actualmente, o imortal, Deus, do universo da Vida e do Bem e o outro é o Espírito Universal, das trevas e da morte)
É toda esta região dos etíopes tão abundante de minas de ouro que faziam antigamente mais cabedal de cobre que de ouro e ao cobre estimavam mais. Escreve Heródoto que, querendo Cambyses, rei da Pérsia, filho de Ciro, fazer guerra ao mesmo tempo a Cartagineses, Amónios e Etíopes mandou a estes orientais os seus embaixadores para, por amizade os submeter ao seu império e por estes mandou em presente ao rei (da Etiópia) que então era, entre outras algumas coisas, joias de ouro, de que o rei se rindo em desprezo do presente, mandou mostrar aos embaixadores as casas onde guardavam os malfeitores que, em vez de ferro, viram que eram de ouro todas as cadeias (casas) e outros instrumentos com os quais aqueles homens estavam presos.
Desta abundância de ouro, tiveram os gregos ocasião de efabularem, como é seu costume, dizendo que a mesa do sol estava nesta região das duas Etiópias, dando a entender ser esta terra toda uma pasta de ouro a que quiseram pôr o nome de mesa do sol. A esta estrela atribuem os poetas e alquimistas o metal do ouro.
Entre outros muitos costumes antigos desta gente, era um que, se o rei tinha algum jeito bom ou mau ou alguma deficiência física ou manqueira ou vício ou virtude, todos os nobres e domésticos da sua Casa faziam por imitar nos costumes e por manqueira ou aleijão se aleijavam todos na mesma parte do corpo onde o rei era aleijado.
Não sei se guardam ainda estes costumes porque não falei com homem português que estivesse na corte do rei de Benomotapa nem pus isto aqui senão para exemplo de que os reis e príncipes se devem muito guardar de terem maus feitios e costumes e modos de falar porque deles tomam os criados, familiares e ficam sujeitos a tais manhas, das quais os que os criam e instituem e andam no tempo da meninice e tenra idade a par deles, os podem pela maior parte por bons modos e honestos exemplos, divertir.
No sertão desta terra de Sofala e mais aquém para nós, começando quase do Cabo da Boa Esperança, fica o grande reino de Benomotapa, ao qual este reino de Sofala era sujeito antes que nós viéssemos a esta terra. Deste reino, rei e costumes farei aqui um discurso no mais breve modo que puder por me parecer que são todas estas coisas de qualidade que merecem fazer-se delas menção nesta nossa Crónica.
O rei desta província é grande senhor porque, segundo dizem, tem um circuito dos seus senhorios com mais de oitocentas léguas, além de alguns reis e senhores que lhe obedecem e pagam tributo de ouro, do qual já os da terra que os mouros que entre eles vivem, deram de muito tempo a esta parte e lhe nós acrescentamos, em quase setenta anos que descobrimos estas províncias.
Todo este reino de Benomotapa é muito fértil em mantimentos, frutos e animais de criação. Há nela tantos elefantes bravos que não se passa ano nenhum em que não matem, os que os caçam, de quatro a cinco mil de que vai para a Índia grande quantidade de marfim.
É muito abundante em ouro que se acha em grande quantidade tanto em minas como em rios e lagoas. Destas minas há umas, no reino de Batua, de que o rei é vassalo do de Benomotapa, a comarca em que estão chama-se Toro e é toda em campo raso e são as mais antigas minas que se sabem em toda aquela região. No meio desta campina, está uma fortaleza toda lavrada de cantaria muito grossa e grande pelo lado de fora e de dentro, de obra muito bem feita e bem assentada tanto que, segundo dizem, não se vê cal entre as suas junturas. Sobre a porta desta fortaleza está um letreiro talhado em pedra que, por ser muito antigo não se compreende o que quer dizer. Em alguns montes que aquela campina tem, estão outras fortalezas feitas do mesmo modo, nas quais todas têm o rei, capitães e o que se pode delas julgar é que foram feitas para guarda daquelas minas de ouro e para receber o príncipe, a quem pagavam, por oficiais que, para isso, nelas teria porque assim o fazem ao presente os reis daquele reino de Benomotapa, do qual os habitantes são todos pretos, de cabelo frisado a que os vizinhos normalmente chamam cafres.
Estes não adoram nenhum ídolo nem o têm; crêem que há um só Deus, Criador de todas as coisas, que adoram e ao qual se encomendam, no que parece que, em parte, continuaram até agora no que atrás disse do seu antigo modo de crer. Têm por religião alguns dias de guarda, entre os quais entra o dia em que nasce o seu rei. Nenhum crime castigam com maior rigor do que o da feitiçaria porque a todos os feiticeiros matam por justiça sem perdoar a nenhum.
Têm tantas mulheres quantas podem manter, mas a primeira é senhora das outras e os filhos desta são herdeiros e não casam senão com mulher a que já viesse a sua menstruação porque acham que, se antes de lhe vir a menstruação conhecem homem, os seus filhos são todos fracos e de pouca vida.
Este rei de Benomotapa tem grande estado, serve-se (da comida) de joelhos e com salva. Quando bebe, tosse ou espirra, todos os que estão na casa, em alta voz, lhe dão profaça e o mesmo fazem os que estão fora de casa quando ouvem estes e, de mão em mão, corre o profaça e se lhe dá por todo o lugar e assim se sabe que o rei bebeu ou tossiu e espirrou.
Neste reino, nenhuma casa tem porta excepto as dos senhores e pessoas principais, isto acontece por privilégio que o rei para isso lhes dá e diz que as portas se põem nas casas com temor dos ladrões e malfeitores, dos quais ele é obrigado como rei, a guardar o seu povo e sobretudo os pobres.
As casas são todas de sebe, barradas de barro, do modo que pintei as do Xeque de Sofala. Este rei usa duas insígnias: uma é uma enxada muito pequena com o cabo em marfim que traz sempre à cintura porque dá a entender a seus súbditos que trabalhem e administrem a terra para com o que ganham, poderem viver em paz, sem tomarem os bens alheios; a outra insígnia são duas azagaias: com uma faz a justiça e com a outra defende o seu povo.
Traz continuamente na sua corte todos os filhos dos reis e senhores que lhe estão sujeitos por lhe terem amor de criação e também para que os pais deles não se levantem com as terras que dele têm.
Traz sempre no campo, quer em tempos de paz ou de guerra, um exército de muita gente, cujo capitão-geral se chama Zono e isto faz para ter a terra pacífica e se lhe não levantarem alguns dos senhores e reis que lhe estão sujeitos.
Todos os anos, manda muitos dos principais da sua corte por todos os seus reinos e senhorios a dar fogo novo; o que se faz do seguinte modo: cada homem destes, ao chegar às casas dos reis, senhores, cidades e lugares, manda apagar o fogo que aí há em nome do rei e, depois de apagado, vêm todos tomá-lo dele em sinal de obediência e quem isto não faz é considerado traidor e rebelde e, por tal, manda o rei castigá-lo e se é pessoa ou cidade poderosa, manda sobre eles o capitão Zono que anda sempre no campo para acudir a estas coisas.=

Lagos, 31 de Dezembro de 2016
         
Transcrito para o português actual por Maria Carmelita de Portugal




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