Neste Natal, a Rádio SIM organizou um concurso “Um Conto de Natal”. Depois de ouvir várias vezes o apelo, comecei a maturar a ideia e estabeleci critérios: ser centrado no Natal – nascimento de Jesus Cristo – porque sou cristã, católica só assim faz sentido; ter uma abordagem inovadora e atual; trazer alguma novidade.
Na minha mente, fui dando corpo ao conto. Passado algum tempo, passei-o ao computador e enviei-o à Rádio SIM com o título “O Natal chegou mais cedo”. Não foi premiado, mas gostei do que escrevi. Venho agora partilhá-lo convosco.
O NATAL CHEGOU MAIS CEDO
de Maria de Portugal"Ufa! Que bom. Consegui entrar."
"O metro, a esta hora, vem sempre cheio devido à saída dos escritórios. O quentinho cá dentro é tão agradável. Fico por aqui. "
É Novembro. Hoje neva. Tem sido um dia de pisa-papéis, mas agora já se começa a sentir um ventinho gelado. Começa-se a pensar no Natal.
Como é hábito, depois do trabalho, fiz umas compritas de última hora. Geralmente gosto de me sentar a meio de qualquer carruagem. Sinto-me mais segura; pode parecer parvoíce, mas é assim.
Começo a olhar à minha volta. À minha frente está uma jovem; parece estrangeira. Que olhar tão triste! Olha, mas não vê nada. Observa através do vidro da janela com um olhar tão distante ...
Vou meter conversa com ela:
- Parece que já é Natal! ...
Ela olha para mim. Parece agressiva:
- Natal ?! ... Ninguém se preocupa com o Natal.
- E você? (Os olhos enchem-se de lágrimas e ela segura-se para não chorar. Tira um lenço de papel do bolso e aperta-o contra os olhos como que a ganhar tempo. Eu espero e continuo a olhar para ela.)
- Sabe, eu sou argentina. Tenho três irmãos: dois rapazes e uma rapariga. A minha família é católica e muito unida. Tem sido muito difícil este tempo fora de casa. O Natal é uma época muito especial para nós. Somos católicos e começamos a preparar o Natal logo no início do Advento. A mim, parece-me que o Natal é mais parecido com o nosso, sem neve. A Palestina fica na margem do Mediterrâneo.
- Chamo-me Mariana.
- Chamo-me Encarnacion.
Levanto-me e dou-lhe um beijinho na face e um abraço.
Ela ri e chora ao mesmo tempo.
- Pois bem, Encarnacion. Está convidada a vir comigo a minha casa. Somos uma família de católicos e convido-a a passar o fim-de-semana connosco.
- Sabe, eu estou cá através do programa ERASMUS. Fiquei felicíssima quando soube que vinha para cá e a minha família logo com saudades.
- Está contente com o curso?
- Sim, até agora não me decepcionaram.
Chega-se a casa, ao abrir a porta, digo: - O Natal já chegou!
- Ainda faltam muitos dias para o Natal! - diz a minha filha, Catarina, com ar maroto, meio torcida, a olhar para nós.
- Pode ficar na minha cama. - diz o meu filho, Pedro, sempre cavalheiro.
A Encarnacion dá uma gargalhada: - Gracias.
Conforme combinado, a Encarnacion passou o fim-de-semana connosco. O meu filho afirma:
- Mãe, porque não avisamos na paróquia e, em vez de recebermos alguém através da paróquia, recebemos a Encarnacion?
- Ótima ideia!
Trocámos o número de telefone e todos a convidámos a vir passar a véspera e o Dia de Natal connosco. Assim fez!
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