Lagos, 24 de Setembro de 2013
Sobre Coincidências…
Após ter visto várias vezes a série “Retratos” da RTP2; na repetição de hoje dedicada ao escritor José
Saramago; só hoje me reconheci naquela única mulher que não ficou cega numa
sociedade de cegos por causa do cão que veio ter com ela e a acariciou e
acompanhou. Nunca imaginei que iria haver algo semelhante ao que me aconteceu numa
obra de José Saramago “O Ensaio da Cegueira”. Os sonhos são sonhos ou
pesadelos; só isso...
Também há coincidências... Certamente gente que passou por uma situação
semelhante...
Acabei a universidade, o meu mestrado em Planeamento da Economia com um
esgotamento muito forte do meu cérebro em que a memória estava completamente
bloqueada pelo esforço do estudo, mas acredito que principalmente por bruxaria
e muitas outras formas de maldades de muita gente que, alegando os mais
diferentes motivos para não permitirem que eu acabasse os meus estudos e não
trouxesse o diploma, o fizeram. Graças a uma vida sempre saudável e regrada, e
medicação que levava de Portugal, consegui aguentar-me, concluir os meus
estudos e trazer o meu diploma e currículo, mas a memória presente estava muito
fraca e já cá em Portugal deixou mesmo de funcionar. Não conseguia registar
nada. Assustei-me, pensando o que vai ser de mim com vinte e poucos anos e sem
conseguir memorizar nada do mais trivial como se tinha algo no lume, o que
tinha para dizer, conversar, ... porque ficava completamente bloqueada sem
conseguir continuar. Apenas tinha noção do que via, falava no momento, mas
desviando o olhar nem que fosse por um segundo já tudo deixava de existir.
A memória sempre tinha sido um dos meus ex-libris. Por ela tinha sempre
sido uma das melhores alunas, bastava-me estar atenta nas aulas e após, ajudar
os meus colegas. Era natural em mim e às vezes não compreendia porque
alguns(as) colegas não conseguiam compreender, perceber, saber ... a matéria
dada.
Lutei, batalhei muito para recuperar a memória, apesar da incompreensão
de todos; sempre com o apoio de medicação e alimentos biológicos para a
recuperação da memória. Lia livros, fazia rascunhos do que lia; lia uma, duas,
três páginas; fechava o livro e tentava contar-me o que tinha lido; algumas
vezes lembrava-me de bem pouco...
Então decidi voltar a estudar porque me tinha apercebido de que a
memória só regressava pelo esforço que fizesse de memorização. O que estava a
fazer não era suficiente para ter de volta a memória por inteiro. Inscrevi-me
num curso nocturno do ensino escolar que não tinha ainda frequentado: o curso
complementar de Letras com acesso. A universidade, só existia em Faro; muito
longe para a minha condição e possibilidades económicas. Expliquei a minha
situação aos meus colegas e tudo ia bem até começarem os testes e trabalhos. Eu
trabalhava com avinco, utilizando os métodos de trabalho e alimentares que
tinha vindo a adquirir para recuperar a memória e os resultados apareciam com
muito boas classificações que afinal ofendiam os meus colegas. Diziam-me que
“Eu não trabalhava, não devia frequentar o curso nocturno”, eu respondia “A
minha idade não me permite frequentar de dia. É apenas para recuperar a
memória.” Eles diziam “Tens problemas de memória com essas classificações?”
Afinal eles não queriam saber de mim e dos meus problemas; mas tirar-me de lá
para fora; apesar de a minha presença e as minhas classificações não os
prejudicarem em nada. Depois começou uma guerra psicológica contra mim que me
foi arrasando completamente. Uma noite, como de costume, regressava a casa,
após as aulas na Escola Gil Eanes, as lágrimas já me corriam pela face. Ao
caminhar sozinha pelas ruas desertas no meu caminho para casa, elas soltaram-se
completamente e sem um som, gemido corriam pela minha face à solta. Numa das
ruas, estava deitado na soleira da porta um cão de porte médio, olhei para ele
só por prevenção e continuei.
Qual não foi o meu espanto quando vejo o cão levantar-se e, soltando
gemidos quase silenciosos de compaixão por mim, começou a caminhar ao meu lado
acompanhando o meu passo, do meu lado esquerdo (a sua casa ficava no meu lado
esquerdo). De vez em quando, olhava para mim com uns olhos muito ternos,
soltava alguns gemidos de compaixão caminhando sempre ao meu lado. Eu sentia
que ele me dizia “Deixa; não estás só no mundo. Eu vou contigo, aqui teu lado.”
Eu não sei explicar, mas a companhia daquele cão naquela noite, para mim foi
essencial.
A pouco e pouco, a torrente de lágrimas foi abrandando e já perto do
cemitério acho que as lágrimas pararam e a minha cara foi ficando enxuta. Pouco
depois do portão do cemitério, o cão (do qual não sei o nome) parou, olhou para
mim e, em silêncio, voltou para trás. Eu estava recuperada. Cheguei a casa sem
lágrimas no rosto. A minha mãe perguntou-me “Correu tudo bem ?” “Sim, tudo
bem.” respondi-lhe. Ela pressentiu o meu sofrimento. Na noite seguinte,
regressei às aulas.
Possivelmente, com certeza, este episódio não tem nada a ver com o
“Ensaio da Cegueira”, mas a sua visualização fez-me recordá-lo e escrever este
texto que o concluí banhada em lágrimas que correm pelas minhas faces. Por este
texto, bem-haja!
Lagos, 15 de Setembro de 2013
Sobre A Ascendência do Meu Avô Materno
O meu avô materno chamava-se Custódio José, José porque era o nome
próprio do seu pai, meu bisavô, José António. Este homem, muito honrado e
digno, filho de príncipe, descendia de uma família notável – os Gonzalez - de
Espanha, exactamente de Saragoça, onde tinham as suas propriedades e bens e
também casa em Madrid como capital do país.
Aconteceu um facto a esta família que a fez esconder o seu nome de
família e a não usá-lo mais. Na altura da Independência do Brasil, em 1822, as
grandes fontes de receitas dos Gonzalez vinham do Brasil exactamente do Rio
Grande do Sul, Manaus, da indústria da borracha. Com a independência do Brasil,
todos os bens das grandes famílias que desenvolviam a economia brasileira foram
confiscados de um dia para o outro e o mesmo aconteceu com as propriedades,
negócios e bens que a família Gonzalez tinha no Rio Grande do Sul e que pagavam
também as despesas que a família tinha em Espanha.
Com os seus bens confiscados, a família Gonzalez regressa a Saragoça
sem absolutamente nada. Os negócios das indústrias que tinham em Espanha
dependiam da borracha que enviavam do Brasil; como as suas exportações para
Espanha pararam, os negócios de produção e venda em Espanha pararam também, mas
as despesas essas conseguiram-nas diminuir, mas não parar, esperando que
pudessem importar a borracha a comprar ao Governo, mas isso não aconteceu. O
negócio da borracha não era primordial para o novo Governo brasileiro.
Aconteceu o inevitável, começaram a ficar endividados e em poucos anos
a família foi à bancarrota e todos os seus bens penhorados que foram
insuficientes para pagar a todos os credores. Os Gonzalez ficaram proibidos de
fazer mais negócios e todas as receitas que tivessem, seriam imediatamente
confiscadas pelo Estado para pagar os seus credores. Os filhos emigraram todos,
só os pais ficaram porque já estavam velhotes. Uma das filhas foi para um
convento em Saragoça e ela comunicou secretamente o falecimento dos pais aos
irmãos. Uns foram para o Texas nos EUA e para Portugal, França, ...
Assim o meu trisavô materno emigrou para o sudoeste algarvio, Sagres.
Aí comprou alguns barcos de pesca de médio porte e constituiu uma boa empresa,
única, que dava trabalho às gentes do lugar, Beliche, que até então cada qual
tinha apenas o seu botezinho e viviam do que conseguiam pescar. O seu filho,
José António, meu bisavô, nascido no Beliche, Sagres, casou com Justina da
Conceição, filha de um rico comerciante estabelecido em Lagos, mas natural da
Vila do Bispo, António Baltazar. Teve os seus filhos entre os quais o meu avô
Custódio José. Familiares do meu trisavô que também tinham ficado na falência,
culpavam o meu trisavô da situação de bancarrota de toda a família alargada
ligada ao grupo empresarial. Descobriram onde ele vivia e lançaram fogo à sua
frota de pesca e casas. De novo, os meus ascendentes ficaram na maior miséria. Proíbiram-no
de usar o nome de família. O meu bisavô, seu filho, José António, foi convidado
para feitor de uma propriedade do Visconde de Miranda perto da Bordeira. Acho
que ninguém da família sabia o nome de família do pai, só depois de adultos. Os
seus filhos herdaram do pai apenas o seu nome próprio – José. Todo o passado
ficou para trás e nunca recordado para que os fiscais de Espanha ou familiares não
viessem buscar o pouco que iam ganhando.
Durante o tempo da guerra civil em Portugal entre miguelistas e
cartistas, tanto militares portugueses como guerrilhas – o grupo do Remexido –
passaram pela propriedade, pregando grandes
sustos a toda a família, mas
eles, contentando todos e não tomando partido foram conseguindo sobreviver a
este período sem perda de vidas.
Durante toda a sua vida, a minha mãe contava episódios do grupo do
Remexido quando abordava a propriedade e os seus trabalhadores, mas só no fim
da sua vida, a minha mãe me contou o nome de família do meu avô e a história
de vida da sua família, mas avisando-me
para não o divulgar para que não viessem confiscar nada. Já passaram muitos
anos, muitas gerações...
Lagos, 18 de Junho de 2013
Sobre Nomes…
Há tempos ouvi dizer que “os nossos nomes são a nossa identificação e
carregamos com eles toda a nossa vida. Contudo não fomos nós que os escolhemos
e com poucos dias de vida não contribuímos em nada (e não temos essa
capacidade) para a escolha dos nomes que nos identificam.”
Mesmo assim, eu acho que em alguma altura da vida de cada um de nós,
nos devia ser facultada a possibilidade para reformular o nosso nome. Se me
fosse dada essa possibilidade, eu reformularia o meu nome. Passaria a ser Maria
Carmelita Pia Fortunata (porque a linha materna feminina transmitiu este nome
sempre de geração em geração) de Portugal (porque é o meu país de origem; o meu
país natal. Bom ou mau é o que é.) Custódio (porque peço a protecção do Anjo
Custódio como a pediram para o meu avô materno, Custódio José; para o meu tio,
Joaquim Custódio, irmão da minha mãe e para o meu irmão Olegário Custódio)
Duarte (porque é o apelido de família paterna da minha bisavó materna, Maria
Pia de Borgonha Inácia Duarte) Figueiras Inácio (apelido da linha materna e
paterna) Duarte (apelido da linha paterna do meu avô paterno). Portanto não
modificaria muito; apenas um pouco. Os meus progenitores quase que acertaram!
Maria Carmelita Pia Fortunata de
Portugal Custódio Duarte Figueiras Inácio Duarte
Actualmente podemos dar seis nomes para o cartão do cidadão. Se eu
nascesse actualmente e pudesse dar os nomes para o meu cartão de cidadã, daria
os seguintes:
Maria Carmelita Fortunata Custódio Figueiras Inácio Duarte.
Se casasse acrescentaria o apelido do marido e ficaria com os oito
permitidos.
Lagos, 17 de Junho de 2013
Sobre Afectos…
Tenho andado a remodelar a minha casa. O meu pai esteve mais gravemente
doente durante 3 a 4 anos, mas durante sete anos foi tendo AVC cada vez mais
frequentes. Depois seguiu-se a minha mãe devido à saudade do meu pai, pensava
muito nele e na sua vida de casal e pela própria degradação do corpo humano na
velhice, apesar do grande apoio dos medicamentos que tomava. A minha mãe apenas
sobreviveu ao meu pai um ano e meio não-completo. A casa ia sendo descurada.
Após o falecimento de ambos, foi uma terapia para mim ir fazendo uma limpeza
profunda e a remodelação de toda a casa. O trabalho tem sido imenso, mas a
terapia vai resultando.
Entre as minhas cartas encontrei uma que enviei aos meus pais de 04 de
Outubro de 1975, dia em que faziam 22 anos de casados, com um curto poema para
a minha mãe escrito e pensado na altura em que lhes escrevi a carta como prenda
pelo seu aniversário no dia 20 de Outubro. Consta assim:
FELIZ
ANIVERSÁRIO!
As
folhas amarelecem e caem
E
o vento as leva no ar
Aproxima-se
o frio
Apesar
do sol nos querer
Ainda
aquecer.
Enfim
é o Outono a chegar!
É
o Outono a chegar
E
a me anunciar
O
seu aniversário!
Mais
um ano que passa
Mais
um ano sem a sua presença!
E
mais ano em que lhe desejo
As
maiores felicidades,
Apesar
da minha ausência!
Seja
alegre e feliz!
A
vida são dois dias
E
eles tão mal vividos!=
Não é grande coisa, mas é o que escrevi naquela altura, com vinte anos
de idade. O tempo passa mesmo!
Lagos, 16 de Junho de 2013
Sobre “À Memória do Meu Pai”
O meu
pai gostava muito de cantar, mas não o fazia frequentemente. Cantava apenas se
estivéssemos nalgum convívio e lho fosse pedido.
Nos
últimos tempos de convívios, lembrava-se só de três fados que cantava: Maria José dos Santos – Novo Fado da Severa – Marco do Correio. “Maria
José dos Santos” era o fado de que mais gostava e que mais gostava de cantar.
Em casa nunca cantava por cantar, mas ouvia muita rádio e discos de vinil e
tinha uma voz bonita. A minha mãe nunca cantava, mas contava que, quando era
solteira e ficava sozinha em casa, cantava com muito gosto a acompanhar os
cantores da rádio enquanto fazia as suas tarefas. Uma ou outra vez a apanhei a
cantar, acompanhando a rádio e dirigi-me para a divisão da casa onde estava,
dizendo-lhe “canta muito bem; tem uma voz bonita.” Ela imediatamente parava de
cantar e não voltava a fazê-lo. Não me dizia absolutamente nada.
Não
sei o que se passava; talvez algum compromisso que tenham ambos assumido. Sei
que o meu pai, quando era solteiro, passava muitos sábados e domingos sem se
deitar por causa dos bailes. Após o casamento, isso não aconteceu nem uma única
noite. Assumiu sempre plenamente o seu estatuto de pai de família.
Nos últimos tempos, a memória do meu pai começava a fraquejar-lhe.
Ajudava-os (pai e mãe) psicologicamente
as canções e fados da época da sua juventude que iam escutando na rádio SIM.
Nós pedimos ao meu pai que fosse escrevendo o que gostasse. Ele assim o
fez. Escreveu letras de canções e fados de que gostava e se ia lembrando.
Depois chegou uma altura em que deixou de o fazer. Dizia que o cansava muito.
Nós respeitámos e não insistimos mais. Contudo ainda se estava a dois anos do
período dos AVC e seu falecimento.
Desses apontamentos transcrevo:
MARIA JOSÉ DOS SANTOS
Maria
José dos Santos
Formosa,
cheia de encantos
Há
três anos que namorava
Com
um moço bem comportado
Rapaz
pobre, mas honrado
Que
cegamente a amava.
Ela
aos seus pais deu a entender
O
que tencionava fazer
Era
com ele casar
Mas
seu pai assim falou
Agora
dizer-te vou
O
que andamos a tratar.
Esse
rapaz de quem gostas
Deves
virar-lhe as costas
Não
lhe queiras ter amor.
Tens
o teu primo que é rico
E
eu muito contente fico
Ver-te
casar com um doutor.
Que
me importa o ser doutor
Se
eu não lhe tenho amor
A
filha assim respondeu
Tu
tens de me obedecer
Ao
que eu te vou dizer
Se
pai me queres chamar.
Eu
lhe obedecerei
Mas
nunca esquecerei
Do
homem que p’ra mim nasceu.
Bem
contra a sua vontade
Aos
pais mostrou lealdade
E
com seu primo casou.
No
dia do casamento
Com
grande acompanhamento
Ela
à igreja chegou ....
(não há mais escrito ou porque acabou assim ou porque o meu
pai se esqueceu do resto.)
-------------------------------
Amor não me engana
Que
amor não me engana
Com
a sua bravura
Se
da antiga chama
Mal
vive a amargura.
Numa
mancha negra
Numa
pedra fria
Que
amor não se entrega
Na
noite vazia.
Às
vezes se abraçam
Num
silêncio aflito
Quanto
mais se apertam
Mais
se ouve o seu grito.
Muito
à flor das águas
Noite
marinheira
Vem
p’ra minha beira
Em
novas cantadas.
Junto
de uma hera
Nascem
flores vermelhas
Pela
primavera.
Assim
tu souberas
Irmã
cotovia
Dizer
se me esperas
Ao
nascer do dia.=
-------------------------
O fado da Mouraria.
Zanguei-me
com meu amor
Não
o vi em todo o dia
À
noite cantei melhor
O
fado da Mouraria.
O
sopro de uma saudade
Vinha
beijar-me hora a hora
P’ra
ficar mais à vontade
Mandei
a saudade embora.
Quando
regressou ao ninho
Ele
que nem assobia
Vinha
a assobiar baixinho
O
fado da Mouraria.=
----------------------------
LÁGRIMA
Cheia
de penas, cheia de penas me deito
E
com mais penas com mais penas me levanto
No
meu peito já me ficou no meu peito
Este
meu jeito de te querer assim tanto.
Eu
desespero tenho por meu desespero
Dentro
de mim dentro de mim o castigo
Eu
não te quero eu digo que não te quero
E
à noite de noite sonho contigo.
Se
considero que um dia hei-de morrer
No
desespero que tenho de te não ver
Estendo
o meu xaile estendo o meu xaile no chão
Estendo
o meu xaile e deixo-me adormecer.
Se
eu soubesse se eu soubesse que morrendo
Tu
me havias tu me havias de chorar
Por
uma lágrima tua por uma lágrima tua
Que
alegria me deixaria matar.=
------------------------------------------
Marco do correio
Minha
rua é sossegada
Tem
à beira do passeio
A
coisa mais engraçada
Que
é o marco do correio.
Marco
do correio
De
totinho ao centro
Não
sabes eu creio
O
que tens lá dentro.
Quantas
raivas e desejos
Mil
respostas e perguntas
Quantas
saudades e beijos
E
muitas lágrimas juntas.
Marco
do correio
Deixa-me
espreitar
Deixa
que eu não leio
Nem
vou divulgar.
Vá
lá não fiques zangado
Deixa-me
ler por favor
A
carta que tens ao lado
A
carta do meu amor.=
--------------------------------
AI MOURARIA
Ai
Mouraria
Da
velha rua da Palma
Onde
eu um dia
Deixei
presa a minha alma.
Por ter passado
Mesmo
ao meu lado
Certo
fadista
De
cor morena
Boca
pequena
E
olhar trocista.
Ai
Mouraria
Da
mulher do meu encanto
Que
me mentia
Mas
que eu adorava tanto.
Amor
que o vento
Como
um lamento
Levou
consigo
Mas
que ainda agora
A
toda a hora
Mora
comigo.
Ai
Mouraria
Da
velha rua da Palma
Onde
eu um dia
Deixei
presa
A
minha alma.
Por ter passado
Mesmo
ao meu lado
Certo
fadista
De
cor morena
Boca
pequena
E
olhar trocista.
Ai
Mouraria
Da
mulher do meu encanto
Que
me mentia
Mas
que eu adorava tanto.
Amor
que o vento
Como
um lamento
Levou
consigo
Mas
que ainda agora
A
toda a hora
Mora
comigo.=
-----------------------------------
Vielas de Alfama
Vielas
de Alfama
Horas
mortas noite escura
Uma
guitarra a trinar
Uma
mulher a cantar
O
seu fado de amargura.
Através
da vidraça
Enegrecida
e quebrada
Aquela
voz magoada
Que
entristece quem lá passa.
Vielas
de Alfama
Ruas
da Lisboa antiga
Não
há fado que não diga
Guisas
do vosso passado.
Vielas
de Alfama
Beijadas
pelo luar
Quem
me dera lá morar
Para
viver junto do fado.
Às
vezes a lua desperta
E
apanha desprotegidas
Duas
bocas muito unidas
Numa
porta entreaberta.
Então
a lua curvada
Pressente
a sua culpa
E
como quem pede desculpa
Esconde-se
envergonhada.=
-----------------------------------
Novo Fado da Severa
Ó
rua do Capelão
Juncada
de rosmaninho
Se
o meu amor vier cedinho
Eu
beijo as pedras do chão
Que
ele pisar no caminho.
Tenho
o destino marcado
Desde
a hora em que te vi
Ó
meu amor adorado
Viver
abraçado ao fado
Morrer
abraçado a ti.=
----------------------------------------
Fado das Mãos Sujas
Ter
as mãos
sujas
do trabalho
É
ser alguém
O
que só pode acontecer
Aos
homens sãos.
Tenho
as mãos
sujas
do trabalho
Não
me importa
Ainda
bem
Mas
ai de quem
Não
tem coragem
De
sujar um dia as mãos.
Mãos
sujas do suor
Mãos
negras do trabalho
Penhor
de gente humilde
E
do melhor brasão.
São
quem desbrava a terra
Quem
semeia o pão.
Mãos
que um dia
Em
França
Olhando
a Pátria-Mãe
Pegaram
no cornetim
Tocando
unir fileiras.
Andar
arranhado
Nas
terras de ninguém
Ao
alto das fileiras
Levantaram
austeros
As
suas mãos.
Ter
as mãos
sujas
do trabalho
É
ser alguém o que só
Pode
acontecer
aos
homens sãos.=
------------------------------------
A Canção do Mar
Fui
bailar
No
meu batel
Além
no mar cruel
E
o mar bramindo
Diz
que eu fui roubar
A
luz sem par
do
teu olhar tão lindo.
Vem
saber
se
o mar terá razão
Vem
cá ver
bailar
meu coração.
Se
eu bailar
no
meu batel
Não
vou ao mar cruel.
E
nem lhe digo
aonde
eu fui cantar
Sorrir,
bailar,
Viver, sonhar contigo.=
---------------------------------
CARTAS DE AMOR
Cartas
de amor
Quem
as não tem?
Cartas
de amor
Pedaços
de dor
Sentida
de alguém.
Cartas
banais
São
andorinhas
Num
vaivém.
Cartas
de amor
Pedaços
de dor
Sentida
de alguém.=
-----------------------------
onde estão teus olhos negros?
Onde
estão teus olhos negros?
Onde
estão teus olhos negros?
Que
de noite quando me deito estão juntos.
Que
de noite quando me deito estão juntos.
Quando
me levanto estão longe.
Quando
me levanto estão longe.
Quando
me levanto estão longe.
Onde
estão teus olhos negros?=
---------------------------------------
Povo que lavas no rio
Povo
que lavas no rio
Que
talhas com teu machado
As
tábuas do teu caixão
Há-de
haver quem te defenda
Quem
compre o teu chão sagrado
Mas
a tua vida não.
Fui
ter à mesa redonda
Beber
em malga que esconda
O
beijo de mão em mão
Era
o ninho que me deste
Água
pura, fruto agreste
Mas
a tua vida não.
Aromas
de urze e de lama
Dormi
com eles na cama
Tive
a mesma condição
Povo,
povo, eu te pertenço
Deste-me
alturas de incenso
Mas
a tua vida não.=
--------------------------------------------
Entre as letras das canções/fados que o meu pai ia escrevendo,
encontrei estes poemas que não me parece tenham sido cantados. Parecem-me mais
poemas escritos pelo meu pai para a minha mãe celebrando o seu amor. Era uma
relação muito bonita e com muito amor. Contudo parece-me recordar-me que o meu
pai tenha passado à minha mãe o bloco de apontamentos quando o escreveu para
que a minha mãe o lesse, mas tudo se passou sem alarido, sem uma palavra. No
silêncio e com muita cumplicidade que sempre existiu entre os dois. Acredito
que estes poemas vêm dos seus tempos de namoro.
No
teu vidro da janela
Eu
escrevi “quero-te bem”
Tu
para mim és uma estrela
Não
sonho com mais ninguém.
És
uma estrela diferente
daquelas
que há no céu
O
sol nascente e o poente
do
que somos tu e eu.
Temos
o mesmo olhar
as
mesmas mãos inquietas
Acertamos
sem falar
pensamentos como setas.
Há
tanto na nossa alma
que
o corpo não descobriu
Há
tanto nada se há calma
e não
me cessa o brio.=
--------------------------------------------------------------
Vamos
acordar cedinho.
Amor,
anda beber devagar
Nas
fontes do ar
Como
fora vinho.
Os
dois pela estrada fora
Como
sendo um só
sem
espaço nem hora
E
sem temor
Qual
réstia de pó.
Amor,
anda ver
O
sol a nascer
Sobre
o horizonte.
Amor,
anda ver
A
água a correr
Debaixo
da ponte.
Dar-te-ei
a flor
Da
mais linda cor
Que
por lá houver.
E
o sol como em sonho
Vestirá
risonho
A
flor que prefere.
Tu
vais de certeza
Do
solo à cabeça
Respirando
vida
E
no tronco forte
Da
árvore mais alta
Gravado
em corte
“Amor”
exalta.=
Lagos, 15 de Junho de 2013
Sobre Onda de Perdas
O meu computador avariou e alguns dias depois a minha mãe adoeceu!
No sábado, dia 25 de Maio, o INEM levou-a para o hospital. No domingo,
eu, o neto e a sua mulher fomos lá visitá-la. Começámos a pedir-lhe para ela
nos contar dos seus tempos de infância, do que fazia, ...
Então a minha mãe começa a contar-nos dos seus tempos na casa do
Visconde de Miranda. Disse-nos ela ”Foram os tempos mais felizes da minha vida.
Desde os meus quatro anos até aos onze, quando nasceu o meu irmão, passei
praticamente o tempo todo com eles. A minha tia convenceu os meus pais que era
melhor estar com eles do que sozinha em casa e eles também assim estariam mais
descansados e os meus pais concordaram. Naquela casa da praça Luís de Camões,
tive o amor, o carinho, a atenção, a educação do Visconde de Miranda, da sua
irmã mais nova, Joanita, que lá vivia, da minha tia, de todos lá da casa.
Sempre que estava sozinha ia para a biblioteca e o visconde ia lá
encontrar-me a olhar com muita atenção os livros das estantes, os quadros nas
paredes, ... não tocava em nada; não mexia em nada, mas olhava, olhava...
depois, cansada, ia para o balcão que dava para a praça e aí via as pessoas a
passar, escutava as suas conversas ... O tempo passava e não dava por isso.
Então o visconde dizia “Emília,
estás bem? Ninguém dá pela tua presença. Ninguém te ouve!”
“Estou bem, Senhor Visconde.” - respondia-lhe.
“Anda cá. Senta-te aqui ao pé de
mim. Olha, este livro é uma enciclopédia.“ e desfolhava o livro e
explicava-me as gravuras; lia-me algumas passagens e dava-me o contexto e eu
não dizia nada, mas estava embevecida. Outras vezes eram outros livros de
literatura. Outras vezes falava-me dos quadros que tinha nas paredes e contava,
contava, contava... e eu felicíssima escutava e admirava-o ainda mais pelo seu
conhecimento. Entretanto vinha a minha tia que se punha a bordar ou fazer
crochet e eu acompanhava as conversas; que, com ela, já me sentia mais à
vontade para dizer alguma coisa.
Com a irmã do Senhor Visconde aprendi a ler, escrever e os
conhecimentos básicos. Ela tinha uma biblioteca particular na área que lhe
estava reservada. Quando o meu irmão nasceu e eu passei a estar com os meus
pais e a olhar pelo meu irmão, ela emprestou-me muitos livros que eu lia quando
os meus pais estavam fora. Todos os bocadinhos que tinha, usava-os a lê-los.
Conheci os clássicos portugueses e estrangeiros e os livros que ela achava que
me ajudariam na minha educação. Também a ela, lhe devo muito!
Quando havia festa na cidade ou iam a alguma feira, iam sempre à minha
casa pedir aos meus pais que me deixassem ir com eles. Na maior parte das
vezes, os meus pais permitiam e depois ia um criado da casa buscar-me.
Por tudo isto, digo que a minha infância e adolescência foram as
melhores épocas da minha vida.”
Olhámos para ela e acariciámo-la. Ela sorriu. Estava cansada,
notava-se, mas estava feliz!
O Visconde de Miranda, engenheiro agrónomo Joaquim Lopo de Miranda, e o
seu pai, Custódio José, foram as pessoas que ela mais admirou na sua vida.
Nós despedimo-nos dela e saímos. Também tínhamos já ultrapassado o
tempo das visitas.
Não voltou a conversar ou falar; foram aquelas as suas últimas
palavras.
Passou a estar cada vez mais sonolenta; passou a estar a soro... e
faleceu passados cinco dias desde que deu entrada no hospital de AVC cerebral.
Faleceu na manhãzinha de quinta-feira, dia 30 de Maio de 2013, com 84 anos de
idade.
Recebi um telefonema a me informar que ela tinha falecido e dirigi-me
ao hospital. Pelo caminho, encontrei uma vizinha que é voluntária no hospital e
me disse “A sua mãe morreu tranquila e em paz. Teve uma morte linda.”
Consolou-me um pouco. É bom quando assim é. Agradeci-lhe a atenção de me
informar; é algo importante.
O Visconde de Miranda era presidente da Ordem Terceira dos Carmelitas e
ele convidou a minha mãe para membro desta Ordem. Aos 17 anos, em 1945, a minha
mãe foi convidada para ser Secretária pelo Presidente, Visconde de Miranda.
Quando este faleceu, em 1947, o Movimento ficou sem governo por uns tempos.
Quando o Movimento retomou, em 1950, foi presidente a D. Floripes,
cabeleireira, e após o casamento da minha mãe, em 1953, ela aceitou ser
Presidente da Ordem Terceira Carmelita em Lagos e desempenhou estas funções de
1954 a 1959, por um mandato de cinco anos.
Em Lagos, havia principalmente a Ordem Terceira Carmelita ligada ao
Convento das Carmelitas Calçadas situado no Largo actualmente designado Largo
Dr Vasco Gracias e a Ordem Terceira Franciscana ligada ao Convento Nossa
Senhora da Glória, actualmente posto da GNR desde 1910, de que o meu bisavô
paterno, César Marreiros, foi presidente em Lagos por volta de 1930.
Contudo a minha mãe teve outras épocas também muito boas até casar.
Quando o irmão da minha mãe tinha cerca de três anos e ela catorze, ela
passou a frequentar a casa da sua madrinha-tia paterna, Margarida Cristina, que
tinha três filhas pela idade da minha mãe e um filho que era o mais novo dos
quatro. A 08 de Março de 1970, os meus pais foram padrinhos de Baptismo e de
Registo de uma criança, para a qual a minha mãe escolheu os nomes Maria
Cristina, os dois nomes próprios que a minha mãe sempre dizia que gostaria de
ter tido. Realizou-os na sua afilhada.
A minha mãe costumava contar como era divertida e muito bricalhona esta
tia que se assemelhava muito à mãe dela, Cristina da Conceição. Ela animava
toda a casa e esta situava-se na rua Infante de Sagres, ao Hospital Velho, em
Lagos. A minha mãe, com elas e com a sua mãe, começou a frequentar os bailes no
Clube Artístico Lacobrigense, frequentado pela classe média de Lagos. O marido
da tia Margarida Cristina era feitor do Visconde de Miranda de uma propriedade
situada na área de Santo Amaro. Anos mais tarde, quando tinha 20 anos, a minha
mãe conheceu o meu pai num baile neste Clube.
Andava a minha mãe pelos seus vinte anos quando a família mudou de
casa. A nova casa ficava perto do mar – Porto de Mós. A família adorava aquele
lugar. Assim que tinha um tempinho a minha mãe ia à praia com o irmão. Então
logo, logo um casal dirigiu-se à minha mãe enquanto o meu tio brincava à
beira-mar. A mulher falou com a minha mãe “Somos
vizinhas.” disse. A minha mãe ficou meio encabulada “Verdade?” “Sim, moramos mesmo no outro lado da rua. Ele
é o engenheiro Vilarinho e eu chamo-me Inês.” A minha mãe respondeu-lhe
“Chamo-me Emília e aquele é o meu irmão Joaquim.” e o casal sentou-se ali
perto. A D. Inês era muito faladora e falou como gostava de apanhar polvos,
safios, moreias, ouriços-do-mar, ... nas marés vivas quando estava baixa-mar. A
minha mãe ficou encantada. Era algo que ela não conhecia, mas como sempre,
gostaria de aprender; estava sempre pronta para aprender o que não sabia. A D.
Inês esclareceu “Eu não sei nadar. Tenho medo, mas para apanhá-los não preciso
de me aventurar pelo mar.” “Eu também não sei nadar, mas gostaria muito
de aprender consigo.” “Ótimo, vamos ser grandes companheiras. O Vilarinho
não gosta nada de apanhá-los; só comê-los no prato.” “E não é uma boa opção?” Todos se riram.
Sempre que o tempo se proporcionava, a D. Inês ia à casa da minha mãe fazer
o convite “Amanhã está bom tempo para irmos pescar. Precisas de te levantar bem
cedo. Às 8h 30mn espero por ti na minha casa.” “Combinado.” dizia a minha mãe. “Então amanhã há refeição melhorada cá em casa.” - dizia o meu avô e
todos se riam. “Tenho trazido bastante
pesca!” - afirmava a minha mãe.
Mesmo durante a fase de namoro com o meu pai, a minha mãe ia à pesca
com a D. Inês que passou a ser a sua melhor amiga, apesar da diferença de
idades – cerca de vinte anos mais velha. Com o casamento, a minha mãe foi morar
para a sua própria casa e não houve mais pescaria, pois passou a ficar longe
nem passeios com os Miranda, só umas visitas da minha mãe de vez em quando à
sua tia Maria de Miranda “Titi”.
O casamento trouxe uma mudança radical à vida da minha mãe, mesmo de
180º. A minha mãe casou com 24 anos a 04 de Outubro de 1953.
A minha mãe foi membro do Movimento Apostolado da Oração desde 22 de
Agosto de 1993 e membro do Movimento Cruzados de Fátima desde 17 de Outubro de
1993.
A minha mãe foi assinante da
revista “Família Cristã” desde o ano de 1996.
A minha mãe fez-se assinante do jornal “Correio de Lagos” , n.º 324 de
2012, após o falecimento do meu pai. Ela foi a sócia n.o 743
da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lagos.=
Lagos, 12 de Junho de 2013
Os Verdes Anos do Meu
Pai
O avô materno do meu pai era uma pessoa muito instruída, educada, sábia
e gostava muito de crianças. Chamava-se César Marreiros e era católico
assumido. Possuía um grande armazém de tudo em Santo Amaro, junto à Estrada de
Sagres e lá trabalhava coadjuvado pelos seus empregados. Os meus avós paternos
moravam perto do moinho de Santo Amaro e, portanto perto deste grande armazém;
logo o meu pai, quando davam por ele, já estava com o avô César. O meu pai
nasceu a 22 de Janeiro de 1930.
Com o avô, o meu pai aprendeu a ser homem, a portar-se como um homem, a
respeitar o seu semelhante segundo os valores cristãos e ajudava o avô no seu
trabalho. Verificando o interesse do neto pelo negócio, começou a incentivá-lo
e a aconselhá-lo a ter um negócio assim. ‘Ó
avô, como é que eu posso ter um negócio destes? É impossível!’
‘Pois começares logo por um negócio destes é mesmo impossível, mas se
começares devagarinho podes chegar lá. O importante é gostares deste negócio,
teres confiança em ti e fé em Deus e vais conseguir.
Olha, primeiro tens de começar a trabalhar e poupar bastante para
poderes arrendar uma casa, pagares o trespasse do negócio e comprares os
primeiros artigos para a tua loja e ainda ficares com algum dinheiro de lado para
alguma eventualidade que sempre surgem.’
O meu pai, jovenzinho, andava feliz!
‘Já cá estás? Ainda é muito cedo. Olha que a tua mãe ainda se zanga
comigo.’
‘Não, ela sabe que eu estou aqui
e disse-me “Lá está bem. Fico descansada. Mas vê se não vais para lá e me
enganas. Então é que não sais daqui para lado nenhum!’
‘Sabe, avô, é que eu queria
mesmo aprender.’
‘Está bem, está bem.’ e ria-se com muita vontade e o meu pai fazia tudo
o que o seu avô lhe pedia e estava atento a tudo.
Quando tinha dezassete anos, o meu pai foi trabalhar com o mestre de
obras, o Senhor Barroso, um pedido do seu avô César porque o seu pai não queria
que ele continuasse com o avô ‘Assim não
aprendia o que era a vida; o duro da vida.’ O seu avô não levantou mais
problemas para não haver discussões e fez um pedido ao Senhor Barroso.
Sempre obediente, o meu pai aprendeu depressa a fazer o seu trabalho,
mas não esqueceu o seu sonho e foi amealhando quanto pôde e ia aprendendo a
contabilidade com o avô.
Quando tinha vinte e dois anos, sempre com o avô como mentor e
coadjutor, arrendou um armazém, onde actualmente é a sede do Benfica em Lagos,
e montou o seu negócio, do mesmo género do do avô e teve muito sucesso.
Ainda tinha esse negócio quando conheceu a minha mãe num baile,
namoraram e casaram.
Um dia, veio para Lagos a primeira indústria, a fábrica da cortiça. A
cidade de Lagos foi electrificada e esse facto mudou bastante o modo de vida em
Lagos. A cidade modernizou-se...
O carvão, o petróleo e outros bens que o meu pai vendia, deixaram de se
vender e as receitas diminuíram bastante, pois aqueles eram bens essenciais e
de boa venda. O meu pai manifestou as suas preocupações à minha mãe e
concordaram em que o meu pai fosse trabalhar para a fábrica da cortiça porque
era um salário pequeno, mas certo e as despesas eram certas na família.
Mais tarde na sua vida, o meu pai voltou a ser um empresário de sucesso
até ao 25 de Abril de 1974, mas depois continuou sempre empresário durante toda
a sua vida activa.
O meu pai foi sócio n.o 443 do Clube Artístico
Lacobrigense e sócio n.o 745 da Associação dos Bombeiros
Voluntários de Lagos.
O meu pai foi membro do Apostolado da Oração desde 22 de Agosto de 1993
e membro do Movimento Cruzados de Fátima desde 17 de Outubro de 1993.
Desde que começou a receber o jornal “Barlavento” de divulgação com
sede em Portimão, o meu pai fez-se assinante deste jornal até que passou a
receber também o jornal “Correio de Lagos” de divulgação. Então desistiu do
jornal “Barlavento” e fez-se assinante do jornal “Correio de Lagos” e foi-o até
ao seu falecimento.
O meu pai foi assinante do jornal diocesano “A Folha de Domingo”. =
O meu pai guardou na memória muitas coisas que o avô lhe ensinou e que
nos repetia de vez em quando, uma delas é esta:
“Sabes, Francisco, o segredo
de uma vida boa não é ganhar muito, mas sim gastar pouco. Gastar pouco não é comprar barato que depressa se
estraga e lá temos de comprar novamente ou então faz mal à saúde; pelo
contrário, é comprar bom, mas com
conta, peso e medida e ir gastando segundo as necessidades.”
1. “Há dias que encontro
o Dias que me aperta muito a mão.
- Ó Dias, o que dirias
se te pedisse um tostão?
Vou bem, muito obrigado;
mas sempre levo uma pressa.”
2.
Quadra
popular
Salsa verde na parede
Torce o pé e deita a
rama
Assim eu torcesse a
língua
A quem me deita má fama.
3. À Rainha Santa Isabel
Rainha Santa Isabel
rainha sem igual
pede a Deus pelos pobres
que morrem em Portugal.
Se tu fosses viva
com tuas mãos carinhosas
tornavas a dar a vida
aos pobres tal como
fizeste
transformando o pão em
rosas.❐
Lagos, 07 de Junho de 2013
Sobre O Lugar do Descanso Final
Agora ambos, pai e mãe,
me faleceram!
Acredito que este facto
nos provoca um vazio no nosso coração no espaço que lhes pertencia e que agora
está preenchido com a saudade. Contudo é um facto normal na vida de cada um de
nós. É preciso saber aceitar!
Durante a sua vida
pensaram nisso e em 1991, os meus pais compraram uma campa no cemitério velho
de Lagos. Quando viam na televisão algum funeral de alguém cujos familiares
escolheram cremar o corpo, os meus pais comentavam logo:
- Mas que gosto! Nós já comprámos a nossa campa. Os nossos corpos já têm
onde descansar; não é, Francisco? Nunca nas nossas famílias foram cremados os
corpos dos nossos antepassados. Os nossos filhos cuidarão de tudo!
Os corpos dos dois lá
estão na campa que compraram. Gostaria que o meu corpo, quando falecer, também
FOSSE DESCANSAR PARA UMA CAMPA e houvesse quem cuidasse dela. Continuo a não
gostar de cremações. Não critico quem as escolhe, mas não a quero para mim!*
Lagos, 30 de Maio de 2013
Hoje faleceu a minha mãe!
Lagos, 07 de Maio de 2013
Sobre “Portugal e a União Europeia”
A Europa está em
processo de refundação como consequência de profundas transformações a todos os
níveis que têm vindo a ocorrer pelo mundo: há tensões geopolíticas graves;
tensões entre o norte e o sul; tensões entre países vizinhos; ressurgimento de
outras tensões e conflitos; ... A nada disto Portugal é alheio porque é um país
PEQUENO, muito aberto e tem uma economia aberta também o que o fragiliza
bastante, mas é a sua benesse.
A União Europeia tem
sido a solução e o salva-vidas de Portugal e dos outros países europeus que já
entraram para a União Europeia com muitos problemas a vários níveis.
A crise sempre existiu
em Portugal por causa da incompetência e da escolha de políticas erradas talvez
por isso mesmo, mas também porque os governantes dos portugueses, apesar de
gostarem muito de falar da soberania de Portugal, sempre preferiram andar de
mão estendida na pedincha, da esmola do que da posição de contribuir, dar...
Julgam-se por isto mais espertos; esperteza idiota! Na verdade, tanta esperteza
e sempre colocaram Portugal e a maioria dos portugueses cada vez mais na
miséria.
O Governo Sócrates, na
sua ambição de tornar Portugal num país de pedinchas, mas o primeiro na
informatização das escolas, colocando lá ar condicionado, todo um sistema de
informatização com a readaptação das escolas ao novo sistema, computadores
portáteis para todos os alunos do ensino unificado; construir autoestradas e
mais autoestradas pelas empresas dos amigos... endividou bastante o país; mas
também mandou fazer muitas cosméticas nas despesas, muita desorçamentação, ...
e claro “gasta-se e não se paga”, contando muito com o perdão futuro da dívida.
Os outros países que paguem o que cá se gasta! Para alguns é assim, para a
maioria é bem pior. Desde 2008, mais de 2 milhões de empresas foram à falência,
fecharam portas; o que representa cerca de 5 milhões de portugueses com mais de
40 anos no desemprego e com filhos adolescentes num país com cerca de 12
milhões de habitantes. O emprego que estas empresas davam é insubstituível e
insubstituível o rendimento que elas davam ao Estado e ao consumo de Portugal.
Novas empresas não vão empregar estes desempregados nem as já existentes!
Contudo, com a graça de
Deus, Portugal nunca foi arrasado e fez a assimilação dos portugueses que
viviam nas colónias com muito sofrimento para eles, mas realizou-se e todos,
mais cedo ou mais tarde, conseguiram encontrar o seu novo rumo. Pelo contrário,
a Alemanha foi totalmente arrasada na II Guerra Mundial e com o Plano Marshall
americano e muita convicção dos próprios alemães conseguiu criar de novo
economia no país e regularizar as suas polis, tornando-o um país de topo na
União Europeia. A unificação alemã era uma utopia desejada desde que foi feita
a divisão da Alemanha; os alemães não cruzaram os braços pelo peso enorme que
isso teria na economia e a todos os níveis Na RFA. Pelo contrário, puseram mãos
à obra e com fé, esperança e muito trabalho, consciência política atingiram os
seus objectivos, contando principalmente consigo próprios. Pelo que se ouvia
dizer nos media, a Alemanha, por um lado, contribuía para a União Europeia como
país dador devido ao seu rendimento per capita e, por outro, recebia para a
ex-RDA como região com fraco rendimento per capita. Portugal tem sido sempre um
país recebedor, inclusivo da Alemanha. É muito indigno afirmar-se que a
Alemanha deve mostrar gratidão aos países endividados da União Europeia por que
já ajudaram a Alemanha. Desde quando é que estes países contribuíram para a
Alemanha? Não fossem os alemães e as suas convicções, a sua educação para o
trabalho, o seu sentido de pátria e o seu trabalho árduo e onde estariam eles?
Estes são tempos de
mudança de paradigma. A globalização, o surgimento dos países emergentes –
Brasil, Rússia, Índia, China – com a sua mão-de-obra barata e tudo o que lhe é
inerente, os processos de grande mudança e uma nova consciência nos países
árabes, a decadência a todos os níveis dos países de topo mostram isso mesmo.
Os países emergentes têm todos algo em comum, o socialismo e encontrar uma nova
via socialista; os países árabes estão em processo de crescimento de um
proteccionismo feudal para uma democracia real e capacidade de cada cidadão
construir o seu próprio futuro; os países de topo estão à beira do abismo pela
decadência das suas convicções cristãs e adopção do ateísmo, agnosticismo e
muitas formas de misticismo e retrocesso ao paganismo; pelo seu crescente
egoísmo pessoal e materialismo; por não terem ainda encontrado o seu novo lugar
na economia mundial; pela dificuldade que têm de perder qualidade de vida e por
serem também um dos motivos das economias dos países BRIC serem emergentes, com
a sua dependência em massa dos seus estupefacientes (milhões e milhões de
jovens com muitas qualidades que foram escolhidos para suas vítimas e
destruídos por toda essa Europa e EUA) e também consumidores dos seus produtos
em detrimento dos europeus e americanos. E agora?*
Lagos, 29 de Abril de 2013
Sobre a “Estratégia
para o Desenvolvimento e Fomento Industrial 2013-2017”
O Ministro da Economia e
do Emprego, Dr. Álvaro Santos Pereira, considera que terminou a primeira fase
do seu mandato e inicia a sua segunda fase com o memorando "Estratégia para o Emprego e para o Fomento Industrial 2013-2017”.
Este memorando tem principalmente por objectivo resolver a falta de
produtividade das nossas empresas e aumentar a sua competitividade
internacionalmente. Com esse intuito pretende
Plibertar investimento
para as PME,
Pdiminuir o seu nível
fiscal – IRC,
Pfomentar a formação
profissional em método dual, aliando a teoria à prática em ambiente laboral;
Pa criação do banco de
Fomento, utilizando os balcões da CGD e liderando esta este projecto de
financiamento das PME,
Paumentar a maturidade
dos empréstimos cedidos às PME,
Pfazer protocolos com os
bancos para a concretização deste memorando,
P(...).
Parece-me que este
método organizado de trabalho a longo prazo é algo novo a acontecer nos
governos que têm passado por Portugal e só por isso o Dr Santos Pereira já tem
muito mérito e acredito que está mesmo apostado em concretizar este memorando -
Do funcionalismo público para o sector privado - .
Agora há um problema
grave: este memorando é muito importante e urgente para as empresas já
existentes, mas o Dr Santos Pereira é ministro da Economia e do Emprego e este
memorando não resolve o problema do emprego já que as empresas existentes pouca
mais mão-de-obra podem absorver sob pena de perderem os níveis já obtidos de
competitividade e produtividade porque para todos os itens da empresa há um
nível óptimo a partir do qual a empresa perde competitividade e produtividade.
Em Portugal, desde 2008,
data estabelecida para o início desta crise internacional que começou nos EUA
com a crise dos subprime por falta de ética e por gestão dolosa, esta crise
atingiu imediatamente Portugal porque, na verdade, o nosso país tem vivido
sempre em crise e estava muito envolvido com este tipo de negócios; até à data
já fecharam mais de dois milhões de empresas, o que tem por consequência uns
milhões de desempregados com mais de 40 anos e um aumento exorbitante das
despesas do Estado através da Segurança Social. Logo as empresas existentes não
conseguem, de maneira nenhuma, absorver este nível de desemprego.
Tudo isto provém da
escolha de uma estratégia errada para o desenvolvimento de Portugal: promover
uma política de destruição das PME existentes também através do “gasta-se e não
se paga” que corrói qualquer economia
para as substituir por grandes empresas e empresas de alta tecnologia a criar hipoteticamente.
Não se pode fazer a destruição do tecido empresarial, pois as consequências são
desastrosas porque impossíveis de controlar como está à vista de todos. Se a
estratégia era a implementação de grandes empresas e empresas de alta
tecnologia, pois a única coisa a fazer era as promover com medidas adequadas,
mas não destruir as PME existentes (tradicionais); o mercado se encarregaria de
desequilibrar e voltar a equilibrar a economia. Assim nem uma coisa nem outra!
Concluindo, a enorme
percentagem de desempregados só tem condições de diminuir substancialmente com
a criação de bastantes novas empresas também PME tradicionais e assim aumentar
o consumo interno, pois as empresas nacionais não se podem dedicar todas à
exportação; não têm condições para isso. Cá dentro existe gente e sem elas não
se precisa nem de Estado nem de Governo e o país não existirá. O objectivo, na
realidade, era importar das economias emergentes que vendem mais barato e
exportar bens de qualidade a preços elevados. Tudo retórica! À qual podemos
acrescentar vontade de voltar a colocar Portugal nos níveis do terceiro mundo.
Tal objectivo é muito
pouco digno para quem os partidos escolheram para nos governar. Aliás a causa
de Portugal demorar sempre mais tempo do que os outros países a sair (mais ou
menos) das crises está nos salários de nível muito baixo que sempre concederam
aos trabalhadores e manter Portugal sempre num nível terceiro-mundista para a
esmola, a pedincha, o “receber e não pagar” a nível internacional. Não se vêem
os países com mais desenvolvimento utilizarem políticas de baixos salários; só
países de PIB baixo e sempre em crise. Afinal isto está tudo relacionado! O
baixo nível salarial está relacionado com baixo consumo interno, baixo nível de
escolaridade, pouca ou nenhuma resiliência para sair das crises, baixo nível
cultural, elevada corrupção, muita burocracia ... Tem sido esta a mentalidade
dos poderosos (dos que verdadeiramente detêm o poder) neste país enquanto que
eles próprios são dos mais ricos do mundo, mas com o seu dinheirinho fora do
país e investido fora do país; para cá dentro não destoarem, claro está. Assim
tem sido! As outras economias conseguem recuperar mais depressa exatamente
porque os seus trabalhadores têm salários mais dignos e por isso a economia tem
uma resiliência maior e consequentemente o consumo interno fica pouco afectado
e menos empresas vão à falência com todas as consequências que daí advêm para
as receitas fiscais do Estado, para o consumo interno e para as famílias.
Depressa se leva as empresas à falência; muito mais lento é o processo de
criação de empresas e a sua sobrevivência e vários anos são precisos até estas
conseguirem começar a ter lucros e contribuir para as receitas fiscais do
Estado.
Devido ao enorme peso da
dívida portuguesa face ao PIB (Produto Interno Bruto, isto é, o que é produzido
em Portugal seja de capital estrangeiro ou português) os nossos credores –
principalmente a Troika – exigiram que a despesa do Estado fosse reduzida, o
que é normal como toda a gente que tem dívidas à banca sabe. Então uma das
medidas tomadas foi reduzir os funcionários públicos já que os seus salários
pesam bastante na despesa do Estado. Acontece que o Governo Português tinha de
pensar em criar condições para os funcionários públicos encontrarem saída em
Portugal para a sua nova situação de desempregados, não por um sentido
paternalista do Governo, mas para que as receitas do Estado não diminuíssem,
pois desempregados sem receitas significa menos IRS, menos IVA, menos consumo
interno, menos IRC das empresas que não lhes foi dada a possibilidade de
criarem, mais adolescentes que deixam o sistema escolar mais cedo, ficando
acessíveis para engrossarem a marginalidade e a aversão ao país, muito menos
jovens frequentam a universidade por dificuldades económicas, diminui bastante
o acesso à cultura, ...
A quem estamos entregues
e somos obrigados a escolher pela escolha partidária porque não temos outra
escolha? Na minha opinião, investimentos do sector público para além do
estritamente necessário é um erro crasso quando há défices estatais que iriam
exponenciar a crise que estamos a viver e que tem como causa exatamente esse
investimento público muito para além de qualquer bom-senso e por incompetência.
Os investimentos de monta do sector público só se devem fazer quando há saldo
positivo e, portanto folga para gastar. Criar despesa a ser paga por
empréstimos com juros, acho de uma grande irresponsabilidade e penhora das
gerações futuras.
São muitas as áreas que
é preciso ter em atenção neste momento. Uma delas é evitar a instabilidade
social, política e parlamentar, promovendo consensos e alianças.
Outra é promover a
desmotivação do “gasta-se e não se paga”, dando os organismos do Estado o
exemplo. Não há empresa que resista muito tempo nem economia com esta moda.
Aliás esta moda foi criada não à toa; de certeza tinha objectivos precisos. Tem
de haver uma acção psicológica, legal, processualmente rápida e eficaz no que a
isto diz respeito.*
Lagos, 16 de Abril de 2013
sobre Sim ou não ao Euro: eis a
Questão
Os países do topo – Estados
Unidos da América e países da União Europeia (principalmente) – estão em crise
a vários níveis exactamente por causa desta posição cimeira e necessitam de
encontrar as condições adequadas para continuarem a sua evolução que é sempre
em espiral.
Os EUA já têm uma história de
dois séculos, já passaram por várias crises de vários níveis e conseguiram
sempre ultrapassá-las, ganhando assim experiência, conhecimento, método que vão
ajudando a encontrar novas soluções para as quais é de grande importância a Commonwealth .
A União Europeia tem uma história
muito mais curta, uma trintena de anos; está a viver as suas primeiras
experiências de crise e ainda não ganhou experiência, conhecimento, método de
como ultrapassá-las, ainda não tem resiliência e por isso está muito mais
frágil aos problemas internos, aos adversários e inimigos. Conseguiu passar da
primeira fase – da sua constituição e linhas programáticas – para a segunda
fase, a da sua consolidação, e aqui está muito mais difícil aguentar-se
principalmente porque a pressão externa para o seu interior é muito forte,
muito astuciosa, utilizando vários métodos de invasão a vários níveis. São
lobos a atacar um cordeiro e a coisa está difícil. A solução consiste em
acreditar neste projecto e fazer tudo para que ele viva com pessoas
competentes; não há outra possibilidade.
Nos tempos mais recentes os bodes
expiatórios são o Euro e a Alemanha. Lembro-me de quando a chanceler Angela
Merkel sucedeu a Helmut Kohl, esta não estava com vontade de liderar a UE, mas
foi muito pressionada para isso. Lembro-me de que, em Portugal, até
comentadores salientavam a necessidade da Alemanha assumir a liderança porque a
União Europeia estava sem rumo e sem líder. Depois começaram a criticá-la
porque, chanceler de um país, lidera todos na UE. Afinal apenas procuravam um
bode expiatório a quem desancar. Ultimamente até inventaram uma dívida da
Alemanha nazi à Grécia para que lhes seja paga agora, entregando todo o
dinheiro que lá tem sido investido como se as pessoas/empresas que têm feito
poupanças e colocado nos bancos que têm investido na Grécia, tivessem alguma
coisa a ver com a incompetência e dolo que têm vindo a ocorrer nesta. Porquê
isto? Porque sabem como a Alemanha é sensível ao seu período nazi, nazismo que
está agora em grande força na Grécia, levando-a a perder a cabeça e abandonar o
projecto União Europeia e com isso arrastando a UE para o seu fim. É a sua
vingança pela queda do sistema dos Estados socialistas que não compreendem que
caiu de podre; foi por dentro que ele ruiu por falta de apoio das suas bases
militar e política que não aguentavam mais.
Portugal, país-membro da União
Europeia desde 1987, tem um grupo que pretende abandonar a barca União
Europeia, agora que o mar está revolto e depois de receber bastante a vários
níveis, incluindo conhecimento e partilha de toda uma experiência impossível de
obter como país isolado ou Ibéria. É interessante que este projecto Ibéria
remonta aos princípios da I República quando se formou o Partido Republicano
Federalista que tinha como um dos principais objectivos do seu programa a
criação da Ibéria, cujo nome remonta ao Império Romano por estas paragens.
Todos os meios lhes servem para atingir os seus fins! Olhem que nem todos são
éticos ou aceitáveis; um país é muito mais do que um grupo.
Argumentam que, „na UE, Portugal
só se afunda e para recuperar, Portugal tem de sair do Euro e ter moeda própria“;
de Portugal ou da Ibéria? Nisto há tantos subterfúgios, tantos corredores
subterrâneos … Afinal quando foi que a moeda própria de Portugal – réis,
escudos – salvou Portugal fosse do que fosse? São bodes expiatórios atrás de
bodes expiatórios. A verdade é que o problema não está na moeda, nos políticos,
na função pública, … mas sim quem os utiliza como marionetas seja incompetente,
ignorante, use de dolo, queira fazer bem ou mal …
É impossível que se tenham
esquecido do que se vivia em Portugal antes do Euro! Tínhamos moeda própria – o
Escudo – que, por acaso ou não, ninguém aceitava fora de Portugal e mesmo
dentro de Portugal só os mais desfavorecidos a nível de bens e de conhecimentos
usavam o escudo. Os outros tinham duas moedas no mínimo – o escudo para uso
interno e das coisas do dia-a-dia e o dólar/libra e libras de ouro para as
coisas mais importantes dentro e fora do país. As exportações/importações eram
pagas com dólares e estavam sujeitas às suas oscilações cambiais e ouvia-se na rádio/televisão
que agora paga-se mais caro porque o valor do dólar subiu, … ninguém nem nenhum
país estava interessado na nossa moeda – o Escudo.
Há livros de História de Portugal
que narram o que cá acontecia nos fins da monarquia e na I República (1910-1926)
e que nos podem servir de comparação. No essencial, as Finanças Públicas
mantêm-se estáveis durante todo o período do liberalismo monárquico e
republicano. Estrutura, ideologia, instituições e políticas financeiras
caracterizam-se por
» persistência da problemática
essencial do défice e do endividamento;
» relativa impotência
reformadora;
» estrutura arcaizante das
despesas (principalmente serviço da dívida, forças armadas e administração
geral) e das receitas (principalmente impostos indirectos, fraco nível da
pressão fiscal, insuficiente cobertura das formas de riqueza, predomínio da
proporcionalidade fiscal e consequente falta de justiça fiscal). Tudo num
esforço de estabilização financeira para a redução do défice. Também tudo numa
continuidade, não havendo renovação apesar da mudança de regime. A renovação
verificou-se a nível da política cultural, educativa e religiosa
principalmente, mudança de bandeira e hino e mudança da moeda de réis para
escudos por José Relvas em que se estabeleceu que um escudo equivalia a 1$000
réis com o mesmo peso em ouro – 1,8065 g.
Neste esforço para a redução do
défice, Afonso Costa (no seu Governo de 1911-1914) toma medidas logo a partir
de 1911 e pela primeira vez desde o século XIX, o PIB de Portugal apresenta
saldo positivo em 1912-1913 e 1913-1914 e foi previsto também saldo positivo
para 1914-1915 que não foi alcançado devido ao aumento das despesas militares
com o início da I Guerra Mundial e da instabilidade política no país. Foram
aprovados:
« a Lei de Reforma da
Contribuição Predial
« o Código da Contribuição
Predial
« o Código das Execuções Fiscais
« a Reforma dos Orçamentos
Coloniais.
Foi principalmente a diminuição
da despesa pública que assegurou um saldo positivo de um bom milhão de libras
em 1912-1913.
À queda do Governo de Afonso
Costa seguiu-se a instabilidade e a deterioração das suas políticas numa fase
de dois anos - 1914-1916; situação que foi agravada pelo fim do padrão-ouro
clássico.
No período de 1916-1929,
destaca-se:
→ o agravamento do défice governamental;
→ o endividamento público;
→ a manutenção da carga fiscal e da estrutura
de despesas;
→ a desvalorização da moeda e consequente
desequilíbrio financeiro;
→ aumento do volume da dívida flutuante (Obrigações
do Tesouro);
→ a especulação com divisas;
→ o acentuado montante da dívida externa de
guerra com a Inglaterra;
→ défices orçamentais crescentes que eram
cobertos com a emissão de moeda escudos (que só agravou ainda mais a situação
do país);
→ desconfiança dos contribuintes mais ricos e
consequente evasão fiscal;
→ diminuição da receita fiscal desde 1912-1913
até 1917-1918.
→ agravamento até à rotura de tensões sociais;
→ reduzido progresso económico.
A partir de 1919-1920, o défice
governamental começa a diminuir de 7 milhões de libras, passando para 8 milhões
de libras. Em 1925-1926, o défice governamental já era de 2 milhões de libras.
No final da I República, a
instabilidade e a degradação política voltam a ser a causa principal do défice
governamental. A desvalorização da moeda com consequente inflação interna e
descida cambial provocou enormes quebras de receitas. Verificou-se uma inflação
lenta de 1914 a 1919, passando a inflação rápida de 1919 a 1924.
A circulação do escudo aumentou
cerca de 1500% e os meios de pagamento cerca de
1000% para a depreciação cambial de 1919 a 1924 exceder 2200%. Foi
bastante superior a deterioração do poder de compra interno. De 1914 a 1924, o
poder de compra externo do escudo diminuiu quarenta vezes (4000%) e o poder de
compra interno do escudo diminuiu trinta vezes (3000%). Afinal a emissão de
moeda não foi solução do problema, só o agravou. A população não se aquietou
por andar com os bolsos cheios de notas que não davam para comprar nada, mas a
instabilidade social foi sempre em crescendo e, portanto a emissão de moeda não
foi solução, mas mais um problema.
A partir de 1916-1917, o Estado,
nas suas contas, elabora dois orçamentos separados – o orçamento normal e o
orçamento-militar (da guerra). Proponho para os tempos que vivemos actualmente
algo que já tenho mencionado desde há dois anos: um orçamento ordinário e um
orçamento do serviço da dívida que podem ser considerados suborçamentos do
Orçamento Geral do Estado. As receitas da época eram os empréstimos e impostos
extraordinários apesar da dificuldade crescente de recorrer ao crédito externo,
a retracção dos mercados financeiros internos, o recurso à dívida flutuante
não-reembolsada a curto prazo.
Em 1921, acontece a crise
financeira no Brasil e as remessas dos emigrantes diminuem bastante, começando
a sair de Portugal famílias inteiras. Em 1918, uma libra custava 7$90, mas em
1921 já custa 39$38 e em 1924, uma libra já custa 155$54; o escudo cai na
vertical. As consequências são as importações, pagas em libras, ficarem
reduzidas ao consumo de luxo de uma crescente, mas insignificante classe de
novos-ricos que resultam do novo sistema político; os agentes económicos passam a comprar libras
no mercado negro para as depositarem em bancos no estrangeiro ou na gaveta
sendo um dos melhores investimentos em Portugal. Aos que não tinham capitais
nem reservas em moedas estrangeiras viram-se inteiramente incapazes de
responder aos compromissos contraídos. Os outros investem as fortunas
acumuladas durante a guerra em quase todos os sectores onde surgem dezenas e
mesmo centenas de novas unidades económicas na indústria e no comércio,
pensando no mercado colonial. Actualmente é devido ao facto de estarmos no euro
que o Governo se tem mantido longe destas preocupações e a população longe
desta miséria, apesar de tudo.
Depois de 1922, o Governo de
Álvaro de Castro procurou lutar contra esta situação com uma política de
estabilização dos câmbios e de aumento do poder de compra interno:
» impedir a exportação de
capitais;
» restringir e fiscalizar o
exercício do comércio de câmbios;
» criar um fundo de regularização
dos câmbios;
» normalizar as emissões de moeda
dentro do limite imposto pelas necessidades da sua circulação, provando estar
errada a política de emissão de moeda para cobrir défices do Estado; em
1923-1924, estabeleceu-se uma política activa de redução enérgica de notas de
escudos em circulação;
» reduzir as despesas públicas;
» (…....)
Em 1926, a cotação média anual da
libra já era de 94$77. A entrada de juros e de capitais repatriados
possibilitou a reabilitação da situação cambial. O défice da Balança Comercial
agravou-se de 1924 a 1927, decrescendo nos anos seguintes. Em 1924, as
exportações representam apenas 32% das importações. A indisciplina parlamentar
e a instabilidade política mantiveram-se ou pioraram apesar da melhoria da
situação geral. Na segunda metade de 1924, o Governo de Álvaro de Castro tenta
inverter a queda do escudo para parar a fuga de capitais e atrair os capitais
que estão no estrangeiro. Consegue inverter a tendência inflacionista e a queda
do escudo, o custo de vida estabiliza e o défice público passa para 122 mil
contos em 1925, mas os detentores portugueses do capital continuam a não
confiar nos governantes e preferem manter as suas libras em segurança no
estrangeiro; os mercados em Portugal e nas colónias estão em contracção devido
às gigantescas obras públicas empreendidas por Norton de Matos com amplo
recurso ao crédito interno e externo. Por outro lado, a valorização do
escudo fez com que as empresas portuguesas, que se tinham adaptado à
economia de inflação e trabalhavam com o mínimo de liquidez, recurso ao
crédito, amplos stocks, imobilização do máximo de fundos em moeda estrangeira e
investimentos frequentes vissem os seus stocks e investimentos fixos serem
fortemente depreciados, ficaram sem reservas, com dificuldade em pagar os juros altos do tempo
da alta inflação e o seu dinheiro no estrangeiro desvalorizado. Tudo isto
levou, em princípios de 1925, ao encerramento ou forte redução da laboração de
muitas indústrias, paralisação de todas as actividades com sérias consequências
na ordem social, à perda do poder de compra e ao aumento exponencial do
desemprego.
A solução encontrada foi o Estado
impedir a criação de novas fábricas, estabelecer quotas de produção, criar uma organização
corporativa forçada, mercados divididos, preços tabelados. A emenda encontrada
é muito pior do que o soneto porque a solução está sempre no apoio à
sociedade civil para a obtenção dos resultados desejados. Todo aquele
processo conduz à crise económica de 1925 e ao golpe militar de Maio de 1926 a
que se seguiram 49 anos de ditadura.
No período de 1910-1920, a dívida
pública aumentou em média 135 768 contos por ano para 14 256 contos anuais de
1855-1910. Em 1910, o total da dívida era de 878 590 contos e em 1920 era de 2
236 272 contos. Relativamente à dívida flutuante (Obrigações do Tesouro), em
1910, era de 81 418 contos, mas em 1920 já era de 596 818 contos. Os encargos
da dívida do Estado era o item com mais peso nas despesas públicas. A dívida de
guerra à Inglaterra agravou-se devido à desvalorização do escudo relativamente
à libra.
Desde 1890 que as medidas
unilaterais tomadas pelos governos quanto ao pagamento da dívida externa, a
inconvertibilidade do escudo e a crise política provocam falta de confiança nos
detentores do capital. O resultado é um aumento da fuga de capitais que a
desvalorização dos réis acentua durante 1890-1903. Com a república, este
movimento acelera-se. Procuram-se divisas no mercado paralelo que se vão
depositar no estrangeiro. No pós-guerra, este fenómeno alarga-se à classe
média. Em 1929, avalia-se em 60-70 milhões de libras os depósitos de
portugueses no estrangeiro, o que representa cerca de ⅓ da riqueza do país,
mais do dobro dos depósitos em todos os bancos, o triplo de toda a dívida de
guerra à Inglaterra (20 milhões de libras). Em 1924, o cônsul inglês Stanley
Irving avalia o capital português no estrangeiro em cerca de 75 milhões de
libras, das quais mais de metade pertence a “um punhado de ricos industriais e
financeiros”. Para termo de comparação, em 1923, as remessas dos emigrantes
rondavam os dois milhões de libras anuais e a circulação do escudo era de 12
milhões de libras. Assim, em 1924, Portugal era uma república que tinha, por um
lado, graves dificuldades na Balança de Pagamentos e se bate para obter um
crédito de 4 ou 5 milhões de libras na Inglaterra que nunca chegaria a obter e,
por outro lado, o capital português acumulado no estrangeiro é de, pelo menos,
1500% esse valor. Nesse mesmo ano, o ministro das Finanças obrigou os
proprietários dos títulos da dívida externa portuguesa a identificarem-se sob
pena de perderem o direito de receberem os juros. Verificou que cerca de 90%
deles eram portugueses. Esta fuga de capitais para o estrangeiro é compensada
pelas remessas dos emigrantes. Em 1912, saem de Portugal 88 000 indivíduos, 80%
para o Brasil, 17% para os EUA e Canadá. Durante a I Guerra Mundial, diminui
bastante a saída para a emigração, mas nos anos 1920 já era da ordem dos 40 000
emigrantes. Em 1927, calcula-se que há no Brasil cerca de 1 000 000 de
portugueses que enviam anualmente para Portugal entre 20 a 24 000 contos-ouro.
Já em 1911, o primeiro-ministro Afonso Costa salienta a importância da
emigração para a economia portuguesa e chega a estabelecer que se dificulte a
saída das famílias para obrigar os homens a remeterem as suas poupanças para
Portugal.
Assim, no final da I República,
em 1926, Portugal é um país que vive muito acima do que produz, alimentado
sistematicamente pelo trabalho dos emigrantes, pelo império colonial e pelos
rendimentos de uma soma muito substancial de capitais que sai ilegalmente do
país. É um país onde a parte mais activa
e imaginosa do capital foge por falta de confiança nos governantes e a parte mais dinâmica da força de trabalho
sai por falta de oportunidades que garantam um nível de vida minimamente
decente. É um país rural governado pelas cidades; um país católico controlado
pela maçonaria; um país conservador tomado de assalto por uma minoria radical,
activa e organizada; um país pobre com uma fortuna imensa no estrangeiro; um
país pequeno com um dos maiores impérios; um país passivo que se dá ao luxo de
exportar anualmente a sua juventude. Um curioso conjunto de contradições que
desafia a compreensão da maioria dos observadores nacionais e lança na confusão
quase todos os estrangeiros. 1)
1) in parte V - “A Economia e as Finanças ou a República
Falida”; História de Portugal de João Medina et al.; editora EDICLUBE;
Amadora; 1994; pp. 210-243.
Outro argumento que é
levianamente utilizado: „a União Europeia tem países com economias muito
diferentes e PIB muito diferentes e por esse motivo não podem ter a mesma
moeda.“ Que tese mais falaciosa! Portugal que é um país muito pequeno,
comparando-o com a União Europeia, também sempre teve regiões com economias
muito diferentes e com valores do que lá se produzia muito variados e não ouvi
ninguém falar da necessidade de as regiões com valores mais baixos produzidos
precisarem de outra moeda a circular.
Os EUA é um conjunto de Estados
federados com PIB bem díspares e nunca ouvi ninguém defender a tese de que
precisavam de outra moeda para os Estados de economia mais baixa. Os EUA fazem
parte da Commonwealth ('Bem Comum' – organização internacional que engloba
todos os países que foram colónias da Inglaterra ou pediram a sua entrada e que
aceitaram pertencer a esta organização também transaccionam entre si em dólares
e alguns desses países têm moeda própria, mais por uma questão de afirmação da
sua independência, outros o dólar e ninguém afirma que quer sair. Primeiro, a
Inglaterra queria que a moeda aceite por todos fosse a libra. Esta proposta não
foi bem aceite e a proposta do dólar venceu.) Outros pequenos países
independentes que não fazem parte da Commonwealth, escolheram ter como moeda a
circular no seu país o dólar e muitos já se propunham aceitar o Euro
como moeda a circular no seu país. Acho que entretanto já devem ter mudado de
ideia. A ninguém lhes faz isso confusão ou problema. Sabem que só podem gastar
de acordo com o que produzem! Os países com moeda própria e a fazer
desvalorizações da moeda para equilibrar a Balança de Pagamentos vejam em que
situação estão/estavam: Portugal, Guiné-Bissau, Roménia, … tantos outros todos
com o mesmo padrão de causa e consequência.
Acredito que o Euro torna os
países-membros ganhadores porque assim não caem na armadilha da emissão
descontrolada da moeda e todos os consequentes problemas que daí advêm.
Acredito que o Eurogrupo vai conseguir sair do impasse em que está e a própria
União Europeia e a Europa assim vai conseguir sair da crise e continuar o seu
desenvolvimento; não contra ninguém, mas em cooperação com todos, dentro e fora
da Europa.
A verdade é que a crise europeia
não é principalmente da União Europeia, mas de alguns países-membros da União
Europeia que já a tinham bastante desenvolvida e que agora a lançaram na União Europeia ao se
agarrarem a essa bóia. Não é correcto nem decente fazer países-membros que sempre
viveram com controlo e com regras para manterem as suas economias saudáveis
verem-se agora a pagar o desregramento, a incompetência e o dolo que se tem
vivido noutros países-membros. Há pais que não aceitam fazer isso pelos seus
filhos e têm todo o meu apoio e compreensão. Não se pode tolerar a
prodigalidade e até incentivá-la. ❐
Lagos, 26 de Março de 2013
sobre A História do VATICANO
Fala-se e escreve-se sobre o Vaticano como se fosse o que
tem vindo a acontecer com as outras Igrejas: os responsáveis pela Igreja pedem
aos órgãos municipais do país onde querem construir a sede um terreno de uma
determinada superfície, que seja gratuito para a dita Igreja e mais uma série
de concessões, as que for possível obter e depois faz-se a construção do edifício
e espaços com donativos e outras fontes de receitas que chegam de toda a parte,
cedidos pelos membros dessa Igreja. A partir deste conhecimento, falam e
comentam sobre o Vaticano e a Igreja Católica que têm uma origem completamente
diferente.
Acontece que a história do Vaticano começa no século IV, com
as Cruzadas e a doação de territórios por parte de Imperadores e reis como
recompensa pela coragem e bravura destes religiosos militares na defesa dos
Lugares Santos como aconteceu com tantos e tantos nobres e está na origem de
tantos países, incluindo Portugal.
Durante mais de mil anos, desde o Imperador Carlos Magno
(século IX) o Vaticano, na altura chamado Estados Pontifícios ou Estados da
Igreja, tem um território que abrangia a maioria dos Estados do centro da
Península Itálica, incluindo a cidade de Roma e partes do sul da França. Era um
Estado formado por um conglomerado de territórios que permaneceu como Estado
independente de 752 a 1870, cuja capital era Roma e era governado por um Papa.
Durante o processo de unificação da Península Itálica, foi o
Estado - Vaticano – que foi cedendo territórios para que a Itália existisse
como país. É a Itália que recebeu do Vaticano e não o Vaticano que recebeu da
Itália como querem fazer crer.
A 13 de Março de 1871, o rei Vítor Emanuel II, da Itália e o
Papa Pio IX concordaram com a criação da cidade do Vaticano actual, (as leis de
garantia), no território de Roma que passou a capital da Itália e o compromisso
de o Papa permanecer como Chefe de Estado do Vaticano como compensação pelos
territórios cedidos para a unificação da Itália,
Contudo esta situação, denominada Questão Romana, não foi
bem aceite pelos católicos de todo o mundo e só terminou em Fevereiro de 1929,
quando o presidente da Itália, Benito Mussolini e o Papa Pio XI assinaram o
Tratado de Latrão, pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre a
cidade do Vaticano, sede da Igreja Católica, declarado Estado soberano, neutro
e inviolável, como temos Luxemburgo, Mónaco, Liechenstein, ... Este tratado
também concede uma indemnização financeira ao Vaticano pela sua perda de
territórios devido à unificação da Itália e a Itália aceita a religião católica
como sua religião oficial. Em 1947, a República Italiana ratifica novamente
este tratado com uma Concordata.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Estado do Vaticano
seguiu uma política de neutralidade como Portugal, Suíça, Suécia, … durante o
pontificado do Papa Pio XII. Apesar de Roma ter sido ocupada pelas tropas nazis
alemãs a partir de 1943 e pelos Aliados em 1944, o Estado do Vaticano nunca foi
ocupado por ter exactamente escolhido uma posição de neutralidade.
Em 1978, a Concordata entre o Vaticano e a Itália foi
reformulada para que o catolicismo deixasse de ser a religião oficial da
Itália, para que o Estado de Itália não tivesse religião oficial, fosse
leigo.
Actualmente o Estado do Vaticano é a sede da Igreja Católica
romana e situa-se na margem ocidental do rio Tibre, no centro ocidental de
Roma. Em 2006, contava com cerca de 932 habitantes. A cidade é rodeada por
muralhas medievais e renascentistas, com excepção da parte sudeste, onde se
localiza a Praça de S. Pedro. Das seis entradas, só três, a Praça do Arco dos
Sinos, a fachada da Basílica de S. Pedro e a entrada para os museus do Vaticano,
estão abertas ao público. Por detrás das muralhas, existe a nação-miniatura que
tem uma área de 0, 44 km2. O edifício mais imponente é a Basílica de
S. Pedro, construída durante o século IV e reconstruída no século XVI,
considerada a Sé dos 700 milhões de católicos de todo o mundo.
A vida cultural declinou muito desde a Renascença, altura em
que os Papas eram os patronos das artes italianas. Os museus do Vaticano contêm
os frescos de Michelangelo Buonarroti na Capela Sistina, uma das maiores
atracções turísticas da cidade. A Biblioteca inclui uma colecção valiosíssima
de manuscritos das eras pré-cristã e cristã. O Palácio do Vaticano é um dos
maiores do mundo e contém valiosas colecções de obras de arte.❐
BIBLIOGRAFIA
Lagos, 25 de Março de 2013
sobre A Crise em Portugal
Estamos num tempo de mudança de paradigma. Os EUA, a Europa e
consequentemente Portugal têm vindo a situar-se numa posição de liderança e com
as melhores condições de vida relativamente ao resto do mundo e isto já há
vários séculos. Actualmente têm vindo a surgir economias, ditas emergentes,
onde começam a liderar a China, a Rússia (com a Comunidade dos Estados
Independentes CEI), o Brasil, por esta ordem. Estes países têm uma ideologia
próxima, objectivos a alcançar, espaço e condições para prosperar e expandir-se.
Os Estados Unidos, a Europa e consequentemente Portugal, por estarem no
topo, têm muitas restrições comparativamente aos países emergentes e, por isso
ficam sem capacidade de manobra, resiliência e com necessidade de retroceder e
retroceder significa perder privilégios.
Uma crise financeira e na construção civil nos EUA desencadearam crises
por toda a Europa porque era usada a mesma política dos EUA e grandes perdas no
consumo por falta/diminuição nas suas fontes de receita e que obrigaram/obrigam
a uma mudança brusca de paradigma. Em Portugal, esta mudança brusca de
paradigma tem vindo a ser utilizada para transformar a sociedade portuguesa
social-democrata com três níveis sociais onde a classe média é o nível mais
alargado numa sociedade portuguesa ultraliberal, dualista com uma classe alta
restrita, muito rica, de empresários e quadros superiores do sistema que compra
principalmente bens importados, de marca, de luxo e uma classe muito alargada
de pobres e muito pobres com um poder de compra muito limitado; actualmente já
nos situamos nos últimos lugares, exactamente no terceiro lugar a contar do
fim, só acima da Roménia e da Bulgária e também uma sociedade de castas, isto
é, sem permeabilidade entre estas classes.
Acresce a isto, sermos governados para diminuir o défice
drasticamente sem qualquer atenção ao que se passa na sociedade e termos uma
sociedade civil que finalmente tem vindo a ficar cada vez mais organizada, mas
que se sente refém dos compromissos assumidos pelo crédito que obteve e vai
obtendo e sem o qual já no tempo do Governo Sócrates teria ido à bancarrota e
continua a necessitar desse crédito ou via empréstimos bancários ou via
obrigações do Tesouro na Bolsa de Valores Internacional para o seu dia-a-dia do
Estado e do funcionamento da economia.
Têm sido feitas algumas asneiras devido à cegueira do governo
relativamente à sociedade portuguesa que têm tido como consequência até mesmo a
dificuldade e não-obtenção dos níveis desejados do défice nas Contas Públicas.
Este governo já alcançou muitos dos seus objectivos na diminuição dos
privilégios dos trabalhadores também na Segurança Social, mas destruiu a coesão
da população portuguesa, destruiu a população portuguesa e expulsou os melhores
quadros de jovens portugueses para fora do país.
Os portugueses ainda aguentam? Há uns, escolhidos, quadros superiores
na vida activa a quem nada disto afecta; há outros que têm vindo a sofrer cada
vez mais restrições e já têm dificuldade em aguentar e há os desempregados com
mais de 35 anos de idade que já não têm nada de nada, não têm nada a perder e
já não aguentam mais.
Por outro lado, há sabotagem aos países da União Europeia e ao seu status quo, onde está incluído Portugal,
que os põe ainda mais à deriva e sem perceber muito bem o que se passa enquanto
tentam encontrar o novo paradigma que se lhes adeqúe. Pode-se destacar a greve
nos portos portugueses, sendo as exportações a nossa tábua de salvação; a
questão energética tão essencial para a Europa e da qual somos dependentes, as
crises bancárias, a agitação social violenta, o enorme afluxo de imigrantes
principalmente a Itália ... Aliás a Grécia, a Itália, Chipre por enquanto são
os exemplos mais paradigmáticos de desgaste corrosivo... E a barca segue!❐
Lagos, 20 de Março de 2013
sobre A Igreja Católica
Qualquer Igreja/organização tem três vertentes, apesar de se falar
apenas numa: tem a vertente espiritual, tem o património religioso
que alimenta o espírito e a alma e tem a vertente temporal e nenhuma
delas pode ser descurada. A vertente espiritual é a sua missão apoiada
no património religioso; a vertente temporal é o sustento e a segurança dos que
trabalham na Igreja e a ajuda a quem necessita.
Também a Igreja Católica tem estas três vertentes e dois milénios de
vida.
A vertente espiritual, apoiada no património religioso, é a sua missão
cujo mandato recebeu de Jesus Cristo antes da Sua Ascensão aos céus "Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide
e fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho
transmitido. Sabei que Eu estarei sempre comvosco!" (S. Mateus
28, 18-20).
A vertente temporal tem a ver com as necessidades de alimento,
vestuário, abrigo, educação, ... que todos nós que cá vivemos temos independentemente
de sermos crentes, ateus ou agnósticos; os católicos não são diferentes "O trabalhador merece o seu salário."(S.
Lucas 10, 7). Além desta perspectiva,
ainda há a perspectiva da ajuda e apoio aos pobres, necessitados "Judas Iscariotes tinha a bolsa" (S.
João 13, 29), isto é, Judas foi escolhido para administrador dos bens da
comunidade. Acredito que os bens que iam sendo doados à comunidade não eram
todos vendidos imediatamente e que, a partir de certo momento, era mais
razoável conservar os bens e ir vendendo as colheitas e assim fazendo face às
despesas que iam surgindo, pois havia muita gente para alimentar, vestir, ...
Após a Ascensão de Jesus Cristo aos céus, a Igreja passou a reger-se de outra
forma, não entregando todos os seus bens à comunidade, mas sim dando à
comunidade segundo as necessidades e as suas posses "Os discípulos, cada qual segundo as suas
posses, resolveram então enviar socorros aos irmãos da Judeia
(...)." (Actos dos Apóstolos 12, 29) Contudo havia uma outra perspectiva
"desse alguma coisa aos pobres"
(S. João 13, 29). A perspectiva da caridade, isto é, da esmola, do apoio, do auxílio a quem
precisa e do que precisa seja indivíduo, família, novos, velhos, comunidades,
... Actualmente temos a ONG 'Ajuda à
Igreja que Sofre' e muitos mais movimentos caritativos e missionários.
Queremos sempre que os gestores sejam bons gestores e que no fim de cada
mandato o património seja superior ao património que havia no início do
mandato. Nos tempos de crise é sempre mais difícil. Passados dois milénios,
temos confiança que o património da Igreja Católica já tenha a segurança e a
firmeza de um carvalho, apesar de as despesas fixas serem enormes e enormes
serem as despesas extraordinárias. Acredito que é um património gerido com
ética, transparência, benevolência, ... segundo os valores cristãos.
A vertente Património Religioso
é a vertente da arte, da beleza da arte também muito bela na transmissão do
louvor a Deus e na transmissão da glória de Deus a cada um de nós que se sente
deslumbrado e maravilhado perante tanta beleza que nos transmite Deus e a Sua
Família. É uma outra perspectiva da evangelização que tanto nos apoia e que
expressa muito mais do que as palavras. Estas ficam sempre aquém. O património
religioso da Igreja Católica é um bem desta, mas é também património da
humanidade, pois seja quem for que o queira, pode dele aproximar-se e encher-se
da sua espiritualidade que tão imensamente nos enriquece. A Igreja primitiva já
usava os frescos nas paredes para assim fazer compreender melhor o que as
palavras não conseguiam exprimir. Claro que escolhiam os que tinham mais
qualidades para desenhar e pintar. Trata-se de um bem tão valioso que não tem
preço, mas que se gasta muito para a sua manutenção, conservação e
restauro.
Acredito que em todas estas vertentes é preciso preservar a dignidade: a dignidade de Deus e
toda a Sua Família, a dignidade do ser humano, a dignidade da Eucaristia.
Dignidade não tem nada a ver com soberba. Jesus Cristo foi sempre muito digno!©
Lagos, 25 de Fevereiro de 2013
sobre Cortes nas Forças Armadas
Na minha condição de leiga nestes assuntos de Defesa e Segurança,
gostaria de afirmar que, na minha opinião, a defesa e a segurança de um país,
neste caso - Portugal, não podem estar sujeitas a linhas políticas e
estratégias políticas dos diferentes governos que passam pelo país e muito
menos podem estar sujeitas às suas dificuldades económicas e/ou financeiras.
Mais do que os bancos, as Forças Armadas têm direito a esse tratamento
de excepção porque estas precisam de estabilidade constante para se
concentrarem nas sua funções que são essenciais para a independência/
legitimação/soberania de Portugal.
Acho que a Estratégia das Forças Armadas Portuguesas deve ter
três vertentes: o próprio país, a União Europeia e a NATO.
O orçamento do próprio país deve manter-se sempre proporcional ao que se
exige às Forças Armadas de acordo com as dimensões do país, as suas condições
geográficas e climáticas e há que aproveitar o que for possível dos fundos e
orçamentos da União Europeia porque existem serviços e funções
coincidentes e não se deve utilizar os orçamentos de Portugal para as
questões europeias (já damos a nossa quota-parte como país-membro), mas
utilizar esses orçamentos e fundos para melhorar as Forças Armadas Portuguesas
(isso é aceitável em qualquer parte), pois há um mínimo necessário obrigatório que
se precisa manter para salvaguardar o país também como país fronteiriço da
União Europeia que é. É importante não esquecer a atlanticidade de Portugal e a
sua centralidade face ao mundo que o torna muito especial e desejado.
A Defesa e a Segurança de Portugal é um assunto das Forças Armadas Portuguesas; a Defesa e a
Segurança da União Europeia é um assunto da cooperação entre os países-membros
da União Europeia, da qual Portugal faz parte.
Esta é uma problemática das
Forças Armadas Portuguesas, outra problemática das Forças Armadas é a racionalização dos
seus meios pessoais e operacionais que está relacionada
ü com a quantidade de indivíduos nos vários sectores e
níveis hierárquicos das Forças Armadas;
ü com a quantidade de equipamentos e tipos de equipamentos
necessários para o território de Portugal;
ü com a renovação dos equipamentos nos prazos adequados a cada tipo para
não ficarem obsoletos;
ü com a procura de sinergias em todas as áreas onde seja possível.
As Forças Armadas são a coluna
vertebral de qualquer país e não podem ser negligenciadas se realmente houver patriotismo
por parte de quem nos governa. É muito importante estar atentos ao que se passa
próximo das nossas fronteiras e a nossa defesa passa por aí, mas não só. O
World Trade Center foi totalmente destruído sem quaisquer movimentos estranhos
nas fronteiras; os ataques no metropolitano de Madrid aconteceram sem quaisquer
movimentos estranhos nas fronteiras de Espanha;
grande parte do território do Mali foi tomado e formou governo sem que
as Forças Armadas do Mali se manifestassem, depois é que pediram ajuda; o
Egipto está a ficar um Estado antidemocrático sem que as fronteiras tenham sido
atacadas, ...
Por outro lado, qualquer país precisa de um serviço militar obrigatório
onde os mais aptos são instruídos nas técnicas e estratégias militares
básicas dentro do número adequado às nossas condições e território,
ficando depois em situação de reserva e contactáveis para o caso de qualquer
eventualidade porque o fim da paz acontece quando menos se espera. ❐
Lagos, 21 de Fevereiro de 2013
sobre A Quaresma e o Exame de Consciência
Escutei recentemente uma homilia da qual gostei muito e da mesma
destaco:
"Ultimamente repete-se muito 'Não digas a Deus quão grandes são
os teus problemas, mas diz aos teus grandes problemas quão omnipotente é Deus.'
Também destaco 'Recentemente um avião de passageiros teve um grave problema
ao aterrar e foi graças ao controlo e perícia do seu piloto que o avião
conseguiu aterrar sem perdas de vidas. Quando o avião estava já na pista e as
portas se abriram para os passageiros saírem; estes levantaram-se dos seus
lugares e ovacionaram longamente em agradecimento o piloto que lhes tinha
salvado as suas vidas.
Poucos dias depois, veio a
saber-se que aquele piloto tinha problemas de alcoolismo e outras dependências
e sozinho não estava a conseguir põr-lhes um fim. Então alguns desses
passageiros contactaram amigos e uma instituição especializada que organizou um
programa adequado a este homem e à sua vida profissional e atualmente já está
qase completamente recuperado.'
Recordo estes factos apenas para mencionar que todos precisamos uns
dos outros, sejam eles do nosso grupo ou não; muitas vezes não são.
Ninguém é autossuficiente. Aquele homem conseguiu salvar tantas vidas, mas
sozinho não estava a conseguir salvar a sua."
Lagos, 18 de Fevereiro de 2013
sobre
O Adeus do Papa Bento XVI
Vivemos o III milénio, o século XXI e a Igreja tem já dois mil anos de
existência e todos temos já a noção de que se opera uma mudança de paradigma e
a Igreja precisa também de operar esta mudança e estar cada vez mais em união
específicamente entre ordenados e leigos católicos.
João Paulo II e Bento XVI são os
primeiros Papas deste III milénio. (Já agora PAPA é ABBA em
aramaico, papá ou paizinho em português. É importante termos
consciência desta noção.) João Paulo II e Bento XVI são pessoas muito
diferentes fisicamente, em relação à idade, mas são dois Papas inovadores.
João Paulo II já tinha abordado a questão da resignação, mas não se atreveu e
muitos de nós gostaríamos que ele o tivesse feito. Digo 'nós' como leiga
católica e praticante que sou e que sofri muito, vendo-o naquele sofrimento sem
um queixume e fazendo um esforço sobrehumano para levar a cabo as obrigações
inerentes a este cargo.
Acredito que foi o exemplo do Papa João Paulo II, já no fim da sua
vida, que levou o Papa Bento XVI a não querer chegar a tal extremo, exercendo o
seu cargo. É apenas a minha opinião. Bento XVI é uma pessoa de grande coragem, embora reservado.
Acredito que são os mais corajosos. Demonstrou-o no Concílio Vaticano II, também
ao aceitar o cargo de Papa para suceder a João Paulo II, pouco ter-se-iam atrevido
e agora ao declarar a sua resignação. Os leigos católicos têm uma grande
resiliência e, até ao facto acontecer, eles mantêm-se conservadores, mas
perante o facto consumado aderem imediatamente com alegria e ainda bem.
Acredito que Deus vai operando na Igreja e também acredito que Deus,
Jesus Cristo, o Espírito Santo estão com Bento XVI nesta decisão e acredito que
este é o caminho certo porque a actividade de Papa mudou com o III milénio e
com João Paulo II; não está mais
restrita só ao Vaticano: quando o Papa já não se sente em condições físicas e
psicológicas para exercer o seu pontificado põe o seu cargo à disposição para a
eleição de novo Papa e acredito que isto é que está certo porque na
Igreja não há o culto da personalidade, mas um cargo – o mais
elevado, o de Papa – a ser desempenhado pelo cardeal mais competente para os
objectivos da Igreja no momento e que é escolhido pelo Colégio Cardinalício por
inspiração de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo. A tradição é tradição
até haver algo suficientemente forte para ser elemento de viragem para o
início de uma nova tradição. Estamos todos, tudo está em constante evolução:
nem os tempos nem o modo são da nossa conta, apenas as decisões e suas
consequências, boas ou más. Assim é! ©
Lagos, 04 de Fevereiro de 2013
O Estado Português
O Estado Português tem vindo a passar por uma grande reforma.
Primeiro, é importante recordar que o Estado foi criado e continua a
existir para servir a população do seu país nas suas várias vertentes,
incluindo a segurança do país e o seu bom funcionamento e para
isso toda a população contribui com os impostos que paga. Contudo a população
não é estática, ela está em constante migração dentro do país e também sai do
país, emigra, deixando o país com menos população. Então se os centros
administrativos, de segurança, ... continuam sempre nos mesmos edifícios e com
o mesmo número de pessoas; a administração pública, que num dado momento era
eficiente e eficaz, deixou de o ser porque passou a servir mais pessoas ou passou
a servir menos pessoas, se estas se deslocaram para outros centros
administrativos e assim aumentaram os seus custos administrativos per capita,
diminuiu a sua produtividade, aumentaram a desmotivação por falta de trabalho
no posto de trabalho, a insegurança por sentirem o seu posto de trabalho em
perigo, ...
Por tudo isto, há necessidade de, de tempos a tempos, promover grandes
reformas onde se faz uma actualização do aparelho do Estado nas suas várias áreas
e níveis. Para a reestruturação do aparelho do Estado há que
saber estudar a densidade populacional de centros geográficos
escolhidos, devido à relação proporcionalmente directa entre a quantidade de
pessoas que os habitam e os centros da Administração, para determinar onde
colocar estes centros, qual a sua dimensão física adequada, qual o número
adequado de funcionários de modo a que cada centro da Administração seja eficaz
e eficiente, não só no momento da reforma, mas ainda por uns bons anos.
Qualquer Grande Reforma não se faz num mandato ou dois, mas a longo
prazo e não é possível fazê-la de uma só vez. Após tomada a decisão de iniciar
a Reforma do Estado, há que estabelecer objectivos, elaborar estratégias,
programar cada estratégia aprovada, controlar os prazos e os
gastos e promover ajustamentos que se julgam necessários para que o resultado
final seja sempre igual ou melhor do que o planeado. Só assim vale a pena
um gasto tão elevado do erário público e tanto empenho. Tudo isto deve passar
de Governo para Governo, mesmo que de partidos políticos diferentes.
Actualmente temos cerca de 600 mil funcionários públicos, isto é, 13%
da população portuguesa trabalha na Administração Pública, a sua média de
idades é 44 anos e 47,4% dos quais tem formação universitária. Como em qualquer
organização, na Administração Pública também se devem
➢ criar as condições para avaliar o desempenho de cada um dos seus
funcionários;
➢ ampliar a transparência;
➢ aumentar a motivação do pessoal;
➢ melhorar a sua liderança;
➢ aumentar a sua confiança no Governo, já que é a ele que reporta.
A Administração Pública reporta ao Governo, tendo como patrão a
população que, com os impostos que paga, lhes paga os seus salários (ao Estado)
como, numa empresa, os empregados reportam ao gerente/administrador/gestor, mas
o seu patrão é o proprietário da empresa ou os accionistas da empresa.
O Estado existe em Portugal desde que este existe, desde 1143, conforme
o atestam documentos da Santa Sé, em Roma. São muitos anos e séculos e o Estado
Português sempre se foi reestruturando com a sabedoria, o bom-senso e o amor a
esta terra por parte das gentes que tiveram o privilégio de se encontrarem em
posições de poder para a (Reforma do Estado) poder executar. Então manda o
bom-senso não considerar o que existe zero e de o Governo Central, em Lisboa,
decidir e mandar executar tudo de início.
Como em qualquer reforma, há necessidade de saber o que existe, avaliar
o que se pode aproveitar, adequar isso ao que se pretende e "restaurar"
como se fosse um imóvel ou móvel do qual gostamos muito e queremos preservar,
saber que cortes é possível concretizar, onde, que orçamentos serão os mais
adequados para cada caso ... Só assim faz sentido a Reforma do Estado.
Então, na minha opinião, o Governo Central tem de, primeiro, saber o
que se passa pelas Administrações Públicas deste país em diálogo aberto com os centros
locais da mesma. Parece-me que as Comissões de Acompanhamento têm
aqui um papel fundamental como intermediárias. Depois, tomam-se as diversas
decisões a nível governamental, tomando em atenção a densidade populacional e
desenhando círculos abrangendo, sempre que necessário, áreas de pequena
e média densidades populacionais; isto porquê? Porque é necessário que cada
centro administrativo seja eficaz e eficiente e que cada centro se pague, o
mais possível, a si mesmo. Então cada centro administrativo tem de servir um
número de pessoas suficiente para os funcionários do centro e este centro que
fica no centro do círculo, equidistante para toda a população que serve, tem de
ter um raio que, na circunferência, não abranja pessoas que morem muito longe
do centro administrativo. Há que tomar atenção à possibilidade de existência de
transportes públicos e vias de acesso a estes centros.
Se há lugar onde existe burocracia, isso é principalmente na
Administração Pública e ela serve objectivos concretos da Administração Central
e isso é positivo, mas também serve objectivos concretos de alguns funcionários
que se servem dela (burocracia) e isso é negativo e há que extrair esses
problemas.
Mas o Estado não é apenas a Administração Pública; é também a Educação,
a Saúde, a Defesa, a Segurança, o Parlamento, a Justiça, ... Em todos estes
sectores, faz sentido o que eu escrevi para a Administração Pública, em geral. ❐
Lagos, 28 de Janeiro de 2013
Emigrantes Portugueses
A emigração é infelizmente uma das características da sociedade
portuguesa; só que a actual está a atingir contornos nunca dantes alcançados
porque, pela primeira vez, a sociedade portuguesa estava com um bom nível de
jovens na universidade e com uma boa percentagem de formação superior
universitária e afinal agora estes jovens, necessários na sociedade portuguesa
para a tornar mais próspera no novo paradigma que se está a formar, estão quase
todos a ir para a emigração devido à falta de emprego para cá ficarem e
ao ridículo dos salários que os poucos que cá ficam auferem e estes exemplos
são mais um motivo para ironizarem e se rirem com os seus colegas estrangeiros
do que deixaram para trás. Aproximadamente 200 mil jovens saíram de Portugal
nos últimos 2/3 anos. Em Portugal, temos actualmente 70% do emprego em pequenas
e médias empresas, 40 mil jovens no desemprego, meio milhão de pessoas a
trabalharem a recibos verdes. [De 2005 a 2011, Portugal registou 238 mil
desempregados entre a sua população.]
A emigração tem causas e consequências; estas tornam-se causas que nos
levam a outras consequências e por aí adiante ... A falta de emprego é
uma das causas da emigração e gostaria de me debruçar sobre esta sua vertente.
Gostaria de recordar que durante o primeiro mandato de Sócrates começou a haver
preferência por certas empresas de amigos, colegas de quem nos governava na
altura em detrimento de outras empresas; começou a haver emprego apenas para
alguns; instalou-se a moda de "gastar e não pagar" ... alguns
empresários vieram à praça pública apresentar as suas queixas, mas de nada lhes
serviu. Foi-nos informado através da televisão que o que se pretendia era uma ditadura;
a democracia era apenas um meio para chegar à ditadura. Com a ajuda da crise
financeira nos Estados Unidos, começaram a ir à falência muitas pequenas e
médias empresas sem que tivessem qualquer apoio, muitas pessoas passaram a
ficar sobreendividadas e foram declaradas insolventes, muitos fornecedores
ficaram sem receber, muitas empresas faliram por falta de liquidez, ... tudo
isto se foi desenrolando em crescendo ... No segundo mandato de Sócrates, já
havia muita gente a se vestir sempre de negro, jovens e não jovens,
parece um passaporte para estar in e tudo continuou em crescendo ...
O segundo governo de Sócrates caiu e o principal partido na oposição, o
PSD, ganhou as eleições e formou governo. Para além das famílias
sobreendividadas, das empresas privadas sobreendividadas, o Estado Português
também estava sobreendividado e as empresas públicas também e havia necessidade
de diminuir bastante as despesas do Estado para o tirar da bancarrota onde
estava porque já o primeiro-ministro Sócrates não conseguia pagar as despesas
correntes do Estado sem o recurso a obrigações do Estado vendidas no
mercado internacional de capitais a juros de dois algarismos e depois, aos empréstimos
da Troika. Muitos funcionários públicos foram para o desemprego, muitos cortes
nos rendimentos da população portuguesa que lhes baixou bastante o poder de
compra, muita falta de clientes no comércio, não surgem novas empresas,
os bancos muito renitentes em conceder crédito a empresas e indivíduos, muitos
e muitos jovens e menos jovens a saírem do país, muitas crianças a ficarem por
nascer em Portugal. Em 2011, foram 32 mil empresas que faliram; em 2012, foram
27 mil empresas que faliram ... Durante esta crise, cerca de 73 mil empresas
foram à falência, representando 24% do tecido empresarial.
Se se tivesse cuidado das pequenas e médias empresas com apoio de vária
ordem para que não fossem à falência, a sociedade sempre conseguiria absorver e
aguentar a diminuição dos funcionários públicos e o corte nos rendimentos desde
que houvesse as condições para os desempregados que iam surgindo conseguirem
criar o seu próprio negócio e dar trabalho a alguns. Quando se pretende cortar
num lado, temos de primeiro preparar as condições para melhorar noutro lado e
assim canalizá-los e minimizar as consequências do corte porque, se não as consequências
são sempre desastrosas e o Estado é o primeiro a sofrer consequências com a
diminuição das receitas e o descontentamento geral da população. O único
escoamento para os cortes e a diminuição do emprego que surgiu foi a emigração
que pode trazer aumento das divisas ao Banco de Portugal, mas muitas
consequências negativas como envelhecimento da população portuguesa, quebra
drástica na natalidade, população portuguesa apenas obediente, sem criatividade
nem inovação, marasmo na economia, diminuição das receitas do Estado, corpo
científico diminuto, uma regressão completa no país a níveis muito difíceis de
quebrar de novo. ❐
Lagos, 21 de Janeiro de 2013
A Reforma do Estado
Pretende-se uma Reforma do Estado ou pequenas reformas do Estado para o
ir adaptando e actualizando a pouco e pouco sem fazer uma grande Reforma do
Estado?
Acontece que temos tido e estamos a ter ambas.
Em ambas há ideologia política. Só se fazem pequenas reformas ou uma
grande Reforma do Estado quando há algo a alterar; algo que não corresponde à
ideologia política do Governo em funções. As pequenas reformas podem levar a
uma grande reforma do Estado e esta pode levar até a uma nova Constituição.
Com a Revolução do 25 de Abril, o processo foi oposto: fez-se uma
revolução, criou-se uma nova constituição, fez-se uma grande Reforma do Estado
e, após, pequenas reformas do Estado para ir adaptando a grande Reforma à
realidade da sociedade portuguesa numa via socializante. Depois, pela via
democrática das eleições em que a grande maioria do eleitorado tem votado ao centro
do espectro político, foram-se fazendo pequenas reformas na Constituição e no
Estado aproximando o país e o Estado da social-democracia, governando o país em
alternância o PSD (partido social-democrata) e
o PS (partido socialista) afirmando sempre ser um partido
social-democrata, apesar de não alterar o seu programa nem a sua cor-base.
Agora temos a ala liberal, popular do PSD e o PP (partido popular) que englobam a direita liberal, conservadora
no Governo de Portugal.
Então aqui está o cerne da questão: a grande Reforma do Estado que tem
vindo a acontecer com este Governo de coligação. Pretende-se um Estado liberal,
popular, conservador.
Acredito que, para a Troika, tanto faz termos um Estado
social-democrata ou um Estado liberal, conservador desde que o dinheiro que nos
têm vindo a emprestar para pagar as dívidas do Estado (português) e este
país conseguir sobreviver como um Estado minimamente aceitável, lhes
seja pago com os juros inerentes e se mantenha a democracia em Portugal.
Só que a Democracia também tem vários níveis e eleições livres é o seu
nível mais elementar. Para alcançarmos os outros níveis da Democracia, temos de
ter uma sociedade civil à altura e isso depende de todos e de cada um de
nós, portugueses.
Eu sou a favor de um Estado com preocupações sociais e autenticamente
democrático. Por isso gostaria que Portugal se mantivesse num país de três
níveis sociais: classe alta, classe média, sendo esta a mais alargada e classe
baixa e com o coeficiente entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres por
volta dos 5 ou 6 como é característica e um dos objectivos dos países-membros
da União Europeia e cujo coeficiente, para nós, sempre foi muito superior.
Porém está a ser construída uma sociedade dualista com uma classe alta muito
rica e restrita e uma classe baixa muito alargada, pobre e muito pobre como já
tivemos antes do 25 de Abril para falar apenas nos tempos históricos mais
recentes.
A exigência de cortar 4 mil milhões de euros nas despesas do Estado,
como várias outras medidas, foram o "cavalo de Tróia" para a criação
da sociedade dualista. Continuo a considerar a União Europeia a nossa tábua de
salvação para que Portugal se mantenha uma democracia.
O Estado social de Portugal, se se mantiver numa social-democracia após
a crise, depende das receitas que o Estado português conseguir angariar,
mantendo sob controlo as despesas. Nesta fase de crise, com a dívida enorme que
o Estado está a pagar, pouco sobra para o Estado social. Contudo acredita-se,
temos esperança de que as receitas do Estado subam e subam bastante, após a
diminuição do peso da dívida no PIB e com toda a sociedade a contribuir
equitativamente para um Estado eficaz e eficiente, com empresas portuguesas em
abundância tanto em Portugal como por todo o mundo e todas a contribuirem para
as receitas do Estado, com uma fiscalidade equitativa, com as empresas públicas
a darem dividendos aos cofres do Estado e sem elefantes brancos.
Parece que há uma ala na sociedade portuguesa que acha que temos a sina
ou estigma de sermos eternamente miseráveis ou pobres porque não temos recursos
naturais. A África é o continente mais rico em recursos naturais e é o
continente mais pobre porque a riqueza de qualquer país está nas suas gentes
e na capacidade ou não daqueles grupos que dominam a sociedade de aproveitarem
as capacidades intelectuais das gentes deste país. Quando a ordem dominante é a
obediência cega a tudo e todos; isto só leva unicamente e apenas à
destruição de toda a criatividade e empreendedorismo incluindo os
que dominam a ordem dominante e expulsão encaputada e tácita de toda a
criatividade e empreendedorismo cá existentes e também o futuro do país porque
são eles que produzem bebés com as mesmas características inerentes a este
país, incluindo amor a esta terra e a esta gente. ❐
Lagos, 08 de Janeiro de 2013
Crescimento Económico 2
Uma economia, mesmo em crise, não se pode basear apenas no investimento
público porque o Estado está com falta de recursos financeiros, mas sim
utilizar o investimento público que lhe é possível de uma forma muito racional
e contida, na fase de transição por que a economia está a passar, até que o
novo modelo macroeconómico esteja equilibrado.
Nesta fase, o Governo tem de ser o sustentáculo de toda a sociedade,
tentando conhecer bastante bem o que se passa nela e tomando todas as medidas
para que os estragos da crise sistémica sejam mínimos. Contudo o Governo
português tem estado muito limitado devido ao peso da dívida pública e
ao esforço para reduzir a despesa pública e conseguir suster o país sem que
este caia na bancarrota; mas isto não o impede de tomar medidas legislativas
adequadas para o novo modelo económico a implantar após a ruptura do que
tínhamos que fez crescer a despesa pública a um nível muito superior ao nível
das receitas de Portugal. Assim são necessárias medidas legislativas do
parlamento e do governo para a remodelação da sociedade principalmente na
economia pública e privada, investimento público, privado, estrangeiro, na área
social, da educação, saúde, justiça, defesa mais relacionadas com o Estado, mas
a remodelação da sociedade faz-se a todas as áreas.
Pretende-se o crescimento económico de Portugal, só que o crescimento
económico é um item que não existe de per se, mas é um item resultante
de muitos outros itens e por isso o crescimento económico só acontece quando
toda a sociedade contribuir para isso, quando toda a sociedade se reestruturar.
Há vários elementos na sociedade que dificultam este crescimento económico
devido a várias circunstâncias: comodismo, aversão à inovação, corrupção,
burocracia, perda de benefícios, ... e por isso são muito importantes
organizações como o Conselho Económico e Social, o programa "Prós e
Contras", o programa "Portugal sou Eu", o Conselho do Estado, a
Plataforma para o Crescimento Sustentável, a UGT e CGTP, a CIP e tantas outras
para que cada sector compreenda os problemas dos outros sectores e exponha
os seus próprios problemas; para que se exponham estratégias a adoptar
e se decida que estratégias adoptar a
curto, médio e longo prazos e depois cada sector leve mesmo
essas estratégias à prática, programando e concretizando. Agora
decidir apenas para o curto prazo não é trabalho sério porque não se
perspectiva as consequências de cada uma das estratégias e isso significa perda
de tempo, de dinheiro, de esforço que poderiam ter sido bem utilizados nas
estratégias bem pensadas e decididas. Isto diz respeito ao governo também
porque ele não pode programar sem o conhecimento e o respeito pela sociedade
civil já que foi ela que lhe deu o mandato para governar. Claro que o
governo tem o seu programa, mas esse programa tem de ser constantemente ajustado,
actualizado às realidades que vão surgindo na sociedade civil. Toda a sociedade tem de trabalhar no mesmo sentido e resolver
a parte que lhe cabe para que se chegue ao crescimento económco sempre em
sintonia com o que se passa na Europa e no mundo porque tudo está ligado.
Culpa-se os bancos porque não disponibilizam o crédito aos empresários,
mas isso nunca foi problema porque, quando os empresários portugueses não
conseguem crédito em Portugal procuram-no extraPortugal e sempre o conseguem
algures. Agora a questão está mesmo em que não há muita vontade de
investir em Portugal porque as facilidades são muito superiores nos países
emergentes e os ganhos também, mas essa é outra história.❐
Os meus filmes
1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
Os meus blogues
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