sábado, 7 de novembro de 2015

Minhas Crónicas e Afins (2013)

Lagos, 24 de Setembro de 2013
Sobre Coincidências…
Após ter visto várias vezes a série “Retratos” da RTP2; na repetição de hoje dedicada ao escritor José Saramago; só hoje me reconheci naquela única mulher que não ficou cega numa sociedade de cegos por causa do cão que veio ter com ela e a acariciou e acompanhou. Nunca imaginei que iria haver algo semelhante ao que me aconteceu numa obra de José Saramago “O Ensaio da Cegueira”. Os sonhos são sonhos ou pesadelos; só isso...
Também há coincidências... Certamente gente que passou por uma situação semelhante...
Acabei a universidade, o meu mestrado em Planeamento da Economia com um esgotamento muito forte do meu cérebro em que a memória estava completamente bloqueada pelo esforço do estudo, mas acredito que principalmente por bruxaria e muitas outras formas de maldades de muita gente que, alegando os mais diferentes motivos para não permitirem que eu acabasse os meus estudos e não trouxesse o diploma, o fizeram. Graças a uma vida sempre saudável e regrada, e medicação que levava de Portugal, consegui aguentar-me, concluir os meus estudos e trazer o meu diploma e currículo, mas a memória presente estava muito fraca e já cá em Portugal deixou mesmo de funcionar. Não conseguia registar nada. Assustei-me, pensando o que vai ser de mim com vinte e poucos anos e sem conseguir memorizar nada do mais trivial como se tinha algo no lume, o que tinha para dizer, conversar, ... porque ficava completamente bloqueada sem conseguir continuar. Apenas tinha noção do que via, falava no momento, mas desviando o olhar nem que fosse por um segundo já tudo deixava de existir.
A memória sempre tinha sido um dos meus ex-libris. Por ela tinha sempre sido uma das melhores alunas, bastava-me estar atenta nas aulas e após, ajudar os meus colegas. Era natural em mim e às vezes não compreendia porque alguns(as) colegas não conseguiam compreender, perceber, saber ... a matéria dada.     
Lutei, batalhei muito para recuperar a memória, apesar da incompreensão de todos; sempre com o apoio de medicação e alimentos biológicos para a recuperação da memória. Lia livros, fazia rascunhos do que lia; lia uma, duas, três páginas; fechava o livro e tentava contar-me o que tinha lido; algumas vezes lembrava-me de bem pouco...
Então decidi voltar a estudar porque me tinha apercebido de que a memória só regressava pelo esforço que fizesse de memorização. O que estava a fazer não era suficiente para ter de volta a memória por inteiro. Inscrevi-me num curso nocturno do ensino escolar que não tinha ainda frequentado: o curso complementar de Letras com acesso. A universidade, só existia em Faro; muito longe para a minha condição e possibilidades económicas. Expliquei a minha situação aos meus colegas e tudo ia bem até começarem os testes e trabalhos. Eu trabalhava com avinco, utilizando os métodos de trabalho e alimentares que tinha vindo a adquirir para recuperar a memória e os resultados apareciam com muito boas classificações que afinal ofendiam os meus colegas. Diziam-me que “Eu não trabalhava, não devia frequentar o curso nocturno”, eu respondia “A minha idade não me permite frequentar de dia. É apenas para recuperar a memória.” Eles diziam “Tens problemas de memória com essas classificações?” Afinal eles não queriam saber de mim e dos meus problemas; mas tirar-me de lá para fora; apesar de a minha presença e as minhas classificações não os prejudicarem em nada. Depois começou uma guerra psicológica contra mim que me foi arrasando completamente. Uma noite, como de costume, regressava a casa, após as aulas na Escola Gil Eanes, as lágrimas já me corriam pela face. Ao caminhar sozinha pelas ruas desertas no meu caminho para casa, elas soltaram-se completamente e sem um som, gemido corriam pela minha face à solta. Numa das ruas, estava deitado na soleira da porta um cão de porte médio, olhei para ele só por prevenção e continuei.
Qual não foi o meu espanto quando vejo o cão levantar-se e, soltando gemidos quase silenciosos de compaixão por mim, começou a caminhar ao meu lado acompanhando o meu passo, do meu lado esquerdo (a sua casa ficava no meu lado esquerdo). De vez em quando, olhava para mim com uns olhos muito ternos, soltava alguns gemidos de compaixão caminhando sempre ao meu lado. Eu sentia que ele me dizia “Deixa; não estás só no mundo. Eu vou contigo, aqui teu lado.” Eu não sei explicar, mas a companhia daquele cão naquela noite, para mim foi essencial.
A pouco e pouco, a torrente de lágrimas foi abrandando e já perto do cemitério acho que as lágrimas pararam e a minha cara foi ficando enxuta. Pouco depois do portão do cemitério, o cão (do qual não sei o nome) parou, olhou para mim e, em silêncio, voltou para trás. Eu estava recuperada. Cheguei a casa sem lágrimas no rosto. A minha mãe perguntou-me “Correu tudo bem ?” “Sim, tudo bem.” respondi-lhe. Ela pressentiu o meu sofrimento. Na noite seguinte, regressei às aulas.
Possivelmente, com certeza, este episódio não tem nada a ver com o “Ensaio da Cegueira”, mas a sua visualização fez-me recordá-lo e escrever este texto que o concluí banhada em lágrimas que correm pelas minhas faces. Por este texto, bem-haja!      

Lagos, 15 de Setembro de 2013
Sobre A Ascendência do Meu Avô Materno
O meu avô materno chamava-se Custódio José, José porque era o nome próprio do seu pai, meu bisavô, José António. Este homem, muito honrado e digno, filho de príncipe, descendia de uma família notável – os Gonzalez - de Espanha, exactamente de Saragoça, onde tinham as suas propriedades e bens e também casa em Madrid como capital do país.
Aconteceu um facto a esta família que a fez esconder o seu nome de família e a não usá-lo mais. Na altura da Independência do Brasil, em 1822, as grandes fontes de receitas dos Gonzalez vinham do Brasil exactamente do Rio Grande do Sul, Manaus, da indústria da borracha. Com a independência do Brasil, todos os bens das grandes famílias que desenvolviam a economia brasileira foram confiscados de um dia para o outro e o mesmo aconteceu com as propriedades, negócios e bens que a família Gonzalez tinha no Rio Grande do Sul e que pagavam também as despesas que a família tinha em Espanha.
Com os seus bens confiscados, a família Gonzalez regressa a Saragoça sem absolutamente nada. Os negócios das indústrias que tinham em Espanha dependiam da borracha que enviavam do Brasil; como as suas exportações para Espanha pararam, os negócios de produção e venda em Espanha pararam também, mas as despesas essas conseguiram-nas diminuir, mas não parar, esperando que pudessem importar a borracha a comprar ao Governo, mas isso não aconteceu. O negócio da borracha não era primordial para o novo Governo brasileiro.
Aconteceu o inevitável, começaram a ficar endividados e em poucos anos a família foi à bancarrota e todos os seus bens penhorados que foram insuficientes para pagar a todos os credores. Os Gonzalez ficaram proibidos de fazer mais negócios e todas as receitas que tivessem, seriam imediatamente confiscadas pelo Estado para pagar os seus credores. Os filhos emigraram todos, só os pais ficaram porque já estavam velhotes. Uma das filhas foi para um convento em Saragoça e ela comunicou secretamente o falecimento dos pais aos irmãos. Uns foram para o Texas nos EUA e para Portugal, França, ...
Assim o meu trisavô materno emigrou para o sudoeste algarvio, Sagres. Aí comprou alguns barcos de pesca de médio porte e constituiu uma boa empresa, única, que dava trabalho às gentes do lugar, Beliche, que até então cada qual tinha apenas o seu botezinho e viviam do que conseguiam pescar. O seu filho, José António, meu bisavô, nascido no Beliche, Sagres, casou com Justina da Conceição, filha de um rico comerciante estabelecido em Lagos, mas natural da Vila do Bispo, António Baltazar. Teve os seus filhos entre os quais o meu avô Custódio José. Familiares do meu trisavô que também tinham ficado na falência, culpavam o meu trisavô da situação de bancarrota de toda a família alargada ligada ao grupo empresarial. Descobriram onde ele vivia e lançaram fogo à sua frota de pesca e casas. De novo, os meus ascendentes ficaram na maior miséria. Proíbiram-no de usar o nome de família. O meu bisavô, seu filho, José António, foi convidado para feitor de uma propriedade do Visconde de Miranda perto da Bordeira. Acho que ninguém da família sabia o nome de família do pai, só depois de adultos. Os seus filhos herdaram do pai apenas o seu nome próprio – José. Todo o passado ficou para trás e nunca recordado para que os fiscais de Espanha ou familiares não viessem buscar o pouco que iam ganhando.
Durante o tempo da guerra civil em Portugal entre miguelistas e cartistas, tanto militares portugueses como guerrilhas – o grupo do Remexido – passaram pela propriedade, pregando grandes  sustos  a toda a família, mas eles, contentando todos e não tomando partido foram conseguindo sobreviver a este período sem perda de vidas.
Durante toda a sua vida, a minha mãe contava episódios do grupo do Remexido quando abordava a propriedade e os seus trabalhadores, mas só no fim da sua vida, a minha mãe me contou o nome de família do meu avô e a história de  vida da sua família, mas avisando-me para não o divulgar para que não viessem confiscar nada. Já passaram muitos anos, muitas gerações...

Lagos, 18 de Junho de 2013
Sobre Nomes…
Há tempos ouvi dizer que “os nossos nomes são a nossa identificação e carregamos com eles toda a nossa vida. Contudo não fomos nós que os escolhemos e com poucos dias de vida não contribuímos em nada (e não temos essa capacidade) para a escolha dos nomes que nos identificam.”
Mesmo assim, eu acho que em alguma altura da vida de cada um de nós, nos devia ser facultada a possibilidade para reformular o nosso nome. Se me fosse dada essa possibilidade, eu reformularia o meu nome. Passaria a ser Maria Carmelita Pia Fortunata (porque a linha materna feminina transmitiu este nome sempre de geração em geração) de Portugal (porque é o meu país de origem; o meu país natal. Bom ou mau é o que é.) Custódio (porque peço a protecção do Anjo Custódio como a pediram para o meu avô materno, Custódio José; para o meu tio, Joaquim Custódio, irmão da minha mãe e para o meu irmão Olegário Custódio) Duarte (porque é o apelido de família paterna da minha bisavó materna, Maria Pia de Borgonha Inácia Duarte) Figueiras Inácio (apelido da linha materna e paterna) Duarte (apelido da linha paterna do meu avô paterno). Portanto não modificaria muito; apenas um pouco. Os meus progenitores quase que acertaram!
Maria Carmelita Pia Fortunata de Portugal Custódio Duarte Figueiras Inácio Duarte
Actualmente podemos dar seis nomes para o cartão do cidadão. Se eu nascesse actualmente e pudesse dar os nomes para o meu cartão de cidadã, daria os seguintes:
Maria Carmelita Fortunata Custódio Figueiras Inácio Duarte.
Se casasse acrescentaria o apelido do marido e ficaria com os oito permitidos.

Lagos, 17 de Junho de 2013
Sobre Afectos…
Tenho andado a remodelar a minha casa. O meu pai esteve mais gravemente doente durante 3 a 4 anos, mas durante sete anos foi tendo AVC cada vez mais frequentes. Depois seguiu-se a minha mãe devido à saudade do meu pai, pensava muito nele e na sua vida de casal e pela própria degradação do corpo humano na velhice, apesar do grande apoio dos medicamentos que tomava. A minha mãe apenas sobreviveu ao meu pai um ano e meio não-completo. A casa ia sendo descurada. Após o falecimento de ambos, foi uma terapia para mim ir fazendo uma limpeza profunda e a remodelação de toda a casa. O trabalho tem sido imenso, mas a terapia vai resultando.
Entre as minhas cartas encontrei uma que enviei aos meus pais de 04 de Outubro de 1975, dia em que faziam 22 anos de casados, com um curto poema para a minha mãe escrito e pensado na altura em que lhes escrevi a carta como prenda pelo seu aniversário no dia 20 de Outubro. Consta assim:

FELIZ ANIVERSÁRIO!
As folhas amarelecem e caem
E o vento as leva no ar
Aproxima-se o frio
Apesar do sol nos querer
Ainda aquecer.
Enfim é o Outono a chegar!

É o Outono a chegar
E a me anunciar
O seu aniversário!
Mais um ano que passa
Mais um ano sem a sua presença!
E mais ano em que lhe desejo
As maiores felicidades,
Apesar da minha ausência!

Seja alegre e feliz!
A vida são dois dias
E eles tão mal vividos!=

Não é grande coisa, mas é o que escrevi naquela altura, com vinte anos de idade. O tempo passa mesmo!


Lagos, 16 de Junho de 2013
Sobre “À Memória do Meu Pai”
O meu pai gostava muito de cantar, mas não o fazia frequentemente. Cantava apenas se estivéssemos nalgum convívio e lho fosse pedido.
Nos últimos tempos de convívios, lembrava-se só de três fados que cantava: Maria José dos SantosNovo Fado da SeveraMarco do Correio. “Maria José dos Santos” era o fado de que mais gostava e que mais gostava de cantar. Em casa nunca cantava por cantar, mas ouvia muita rádio e discos de vinil e tinha uma voz bonita. A minha mãe nunca cantava, mas contava que, quando era solteira e ficava sozinha em casa, cantava com muito gosto a acompanhar os cantores da rádio enquanto fazia as suas tarefas. Uma ou outra vez a apanhei a cantar, acompanhando a rádio e dirigi-me para a divisão da casa onde estava, dizendo-lhe “canta muito bem; tem uma voz bonita.” Ela imediatamente parava de cantar e não voltava a fazê-lo. Não me dizia absolutamente nada.
Não sei o que se passava; talvez algum compromisso que tenham ambos assumido. Sei que o meu pai, quando era solteiro, passava muitos sábados e domingos sem se deitar por causa dos bailes. Após o casamento, isso não aconteceu nem uma única noite. Assumiu sempre plenamente o seu estatuto de pai de família. 
Nos últimos tempos, a memória do meu pai começava a fraquejar-lhe. Ajudava-os (pai e mãe)  psicologicamente as canções e fados da época da sua juventude que iam escutando na rádio SIM.
Nós pedimos ao meu pai que fosse escrevendo o que gostasse. Ele assim o fez. Escreveu letras de canções e fados de que gostava e se ia lembrando. Depois chegou uma altura em que deixou de o fazer. Dizia que o cansava muito. Nós respeitámos e não insistimos mais. Contudo ainda se estava a dois anos do período dos AVC e seu falecimento.
Desses apontamentos transcrevo:

MARIA JOSÉ DOS SANTOS


Maria José dos Santos
Formosa, cheia de encantos
Há três anos que namorava
Com um moço bem comportado
Rapaz pobre, mas honrado
Que cegamente a amava.

Ela aos seus pais deu a entender
O que tencionava fazer
Era com ele casar
Mas seu pai assim falou
Agora dizer-te vou
O que andamos a tratar.

Esse rapaz de quem gostas
Deves virar-lhe as costas
Não lhe queiras ter amor.
Tens o teu primo que é rico
E eu muito contente fico
Ver-te casar com um doutor.

Que me importa o ser doutor
Se eu não lhe tenho amor
A filha assim respondeu
Tu tens de me obedecer
Ao que eu te vou dizer
Se pai me queres chamar.

Eu lhe obedecerei
Mas nunca esquecerei
Do homem que p’ra mim nasceu.
Bem contra a sua vontade
Aos pais mostrou lealdade
E com seu primo casou.

No dia do casamento  
Com grande acompanhamento
Ela à igreja chegou ....
(não há mais escrito ou porque acabou assim ou porque o meu pai se esqueceu do resto.)
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Amor não me engana


Que amor não me engana
Com a sua bravura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura.

Numa mancha negra
Numa pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia.

Às vezes se abraçam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apertam
Mais se ouve o seu grito.

Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem p’ra minha beira
Em novas cantadas.

Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela primavera.

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer se me esperas
Ao nascer do dia.=
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O fado da Mouraria.

Zanguei-me com meu amor
Não o vi em todo o dia
À noite cantei melhor
O fado da Mouraria.

O sopro de uma saudade
Vinha beijar-me hora a hora
P’ra ficar mais à vontade
Mandei a saudade embora.

Quando regressou ao ninho
Ele que nem assobia
Vinha a assobiar baixinho
O fado da Mouraria.=
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LÁGRIMA

Cheia de penas, cheia de penas me deito
E com mais penas com mais penas me levanto
No meu peito já me ficou no meu peito
Este meu jeito de te querer assim tanto.

Eu desespero tenho por meu desespero
Dentro de mim dentro de mim o castigo
Eu não te quero eu digo que não te quero
E à noite de noite sonho contigo.

Se considero que um dia hei-de morrer
No desespero que  tenho de  te não ver
Estendo o meu xaile estendo o meu xaile no chão
Estendo o meu xaile e deixo-me adormecer.

Se eu soubesse se eu soubesse que morrendo
Tu me havias tu me havias de chorar
Por uma lágrima tua por uma lágrima tua
Que alegria me deixaria matar.=
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Marco do correio

Minha rua é sossegada
Tem à beira do passeio
A coisa mais engraçada
Que é o marco do correio.

Marco do correio
De totinho ao centro
Não sabes eu creio
O que tens lá dentro.

Quantas raivas e desejos
Mil respostas e perguntas
Quantas saudades e beijos
E muitas lágrimas juntas.

Marco do correio
Deixa-me espreitar
Deixa que eu não leio
Nem vou divulgar.

Vá lá não fiques zangado
Deixa-me ler por favor
A carta que tens ao lado
A carta do meu amor.=
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AI MOURARIA

Ai Mouraria
Da velha rua da Palma
Onde eu um dia
Deixei presa a minha alma.

Por  ter passado
Mesmo ao meu lado
Certo fadista
De cor morena
Boca pequena
E olhar trocista.

Ai Mouraria
Da mulher do meu encanto
Que me mentia
Mas que eu adorava tanto.

Amor que o vento
Como um lamento
Levou consigo
Mas que ainda agora
A toda a hora
Mora comigo.

Ai Mouraria
Da velha rua da Palma
Onde eu um dia
Deixei presa
A minha alma.

Por  ter passado
Mesmo ao meu lado
Certo fadista
De cor morena
Boca pequena
E olhar trocista.

Ai Mouraria
Da mulher do meu encanto
Que me mentia
Mas que eu adorava tanto.

Amor que o vento
Como um lamento
Levou consigo
Mas que ainda agora
A toda a hora
Mora comigo.=
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Vielas de Alfama

Vielas de Alfama
Horas mortas noite escura
Uma guitarra a trinar
Uma mulher a cantar
O seu fado de amargura.

Através da vidraça
Enegrecida e quebrada
Aquela voz magoada
Que entristece quem lá passa.

Vielas de Alfama
Ruas da Lisboa antiga
Não há fado que não diga
Guisas do vosso passado.

Vielas de Alfama
Beijadas pelo luar
Quem me dera lá morar
Para viver junto do fado.

Às vezes a lua desperta
E apanha desprotegidas
Duas bocas muito unidas
Numa porta entreaberta.

Então a lua curvada
Pressente a sua culpa
E como quem pede desculpa
Esconde-se envergonhada.=
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Novo Fado da Severa

Ó rua do Capelão
Juncada de rosmaninho
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho.

Tenho o destino marcado
Desde a hora em que te vi
Ó meu amor adorado
Viver abraçado ao fado
Morrer abraçado a ti.=
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Fado das Mãos Sujas

Ter as mãos
sujas do trabalho
É ser alguém
O que só pode acontecer
Aos homens sãos.

Tenho as mãos
sujas do trabalho
Não me importa
Ainda bem
Mas ai de quem
Não tem coragem
De sujar um dia as mãos.

Mãos sujas do suor
Mãos negras do trabalho
Penhor de gente humilde
E do melhor brasão.
São quem desbrava a terra
Quem semeia o pão.

Mãos que um dia
Em França
Olhando a Pátria-Mãe
Pegaram no cornetim
Tocando unir fileiras.

Andar arranhado
Nas terras de ninguém
Ao alto das fileiras
Levantaram austeros
As suas mãos.

Ter as mãos
sujas do trabalho
É ser alguém o que só
Pode acontecer
aos homens sãos.=
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A Canção do Mar

Fui bailar
No meu batel
Além no mar cruel
E o mar bramindo
Diz que eu fui roubar
A luz sem par
do teu olhar tão lindo.

Vem saber
se o mar terá razão
Vem cá ver
bailar meu coração.
Se eu bailar
no meu batel
Não vou ao mar cruel.

E nem lhe digo
aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar,
 Viver, sonhar contigo.=
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CARTAS DE AMOR

Cartas de amor
Quem as não tem?
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentida de alguém.

Cartas banais
São andorinhas
Num vaivém.
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentida de alguém.=
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onde estão teus olhos negros?

Onde estão teus olhos negros?
Onde estão teus olhos negros?
Que de noite quando me deito estão juntos.
Que de noite quando me deito estão juntos.

Quando me levanto estão longe.
Quando me levanto estão longe.
Quando me levanto estão longe.
Onde estão teus olhos negros?=
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Povo que lavas no rio

Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do teu caixão
Há-de haver quem te defenda
Quem compre  o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Beber em malga que esconda
O beijo de mão em mão
Era o ninho que me deste
Água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso
Mas a tua vida não.=
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Entre as letras das canções/fados que o meu pai ia escrevendo, encontrei estes poemas que não me parece tenham sido cantados. Parecem-me mais poemas escritos pelo meu pai para a minha mãe celebrando o seu amor. Era uma relação muito bonita e com muito amor. Contudo parece-me recordar-me que o meu pai tenha passado à minha mãe o bloco de apontamentos quando o escreveu para que a minha mãe o lesse, mas tudo se passou sem alarido, sem uma palavra. No silêncio e com muita cumplicidade que sempre existiu entre os dois. Acredito que estes poemas vêm dos seus tempos de namoro.

No teu vidro da janela
Eu escrevi “quero-te bem”
Tu para mim és uma estrela
Não sonho com mais ninguém.

És uma estrela diferente
daquelas que há no céu
O sol nascente e o poente
do que somos tu e eu.

Temos o mesmo olhar
as mesmas mãos inquietas
Acertamos sem falar
 pensamentos como setas.

Há tanto na nossa alma
que o corpo não descobriu
Há tanto nada se há calma
 e  não me cessa o brio.=
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Vamos acordar cedinho.
Amor, anda beber devagar
Nas fontes do ar
Como fora vinho.

Os dois pela estrada fora
Como sendo um  só
sem espaço nem hora
E sem temor
Qual réstia de pó.

Amor, anda ver
O sol a nascer
Sobre o horizonte.
Amor, anda ver
A água a correr
Debaixo da ponte.

Dar-te-ei a flor
Da mais linda cor
Que por lá houver.
E o sol como em sonho
Vestirá risonho
A flor que prefere.

Tu vais de certeza
Do solo à cabeça
Respirando vida
E no tronco forte
Da árvore mais alta
Gravado em corte
“Amor” exalta.=

Lagos, 15 de Junho de 2013
Sobre Onda de Perdas
O meu computador avariou e alguns dias depois a minha mãe adoeceu!
No sábado, dia 25 de Maio, o INEM levou-a para o hospital. No domingo, eu, o neto e a sua mulher fomos lá visitá-la. Começámos a pedir-lhe para ela nos contar dos seus tempos de infância, do que fazia, ...
Então a minha mãe começa a contar-nos dos seus tempos na casa do Visconde de Miranda. Disse-nos ela ”Foram os tempos mais felizes da minha vida. Desde os meus quatro anos até aos onze, quando nasceu o meu irmão, passei praticamente o tempo todo com eles. A minha tia convenceu os meus pais que era melhor estar com eles do que sozinha em casa e eles também assim estariam mais descansados e os meus pais concordaram. Naquela casa da praça Luís de Camões, tive o amor, o carinho, a atenção, a educação do Visconde de Miranda, da sua irmã mais nova, Joanita, que lá vivia, da minha tia, de todos lá da casa.
Sempre que estava sozinha ia para a biblioteca e o visconde ia lá encontrar-me a olhar com muita atenção os livros das estantes, os quadros nas paredes, ... não tocava em nada; não mexia em nada, mas olhava, olhava... depois, cansada, ia para o balcão que dava para a praça e aí via as pessoas a passar, escutava as suas conversas ... O tempo passava e não dava por isso.
Então o visconde dizia “Emília, estás bem? Ninguém dá pela tua presença. Ninguém te ouve!
“Estou bem, Senhor Visconde.” - respondia-lhe.  
Anda cá. Senta-te aqui ao pé de mim. Olha, este livro é uma enciclopédia.“ e desfolhava o livro e explicava-me as gravuras; lia-me algumas passagens e dava-me o contexto e eu não dizia nada, mas estava embevecida. Outras vezes eram outros livros de literatura. Outras vezes falava-me dos quadros que tinha nas paredes e contava, contava, contava... e eu felicíssima escutava e admirava-o ainda mais pelo seu conhecimento. Entretanto vinha a minha tia que se punha a bordar ou fazer crochet e eu acompanhava as conversas; que, com ela, já me sentia mais à vontade para dizer alguma coisa.
Com a irmã do Senhor Visconde aprendi a ler, escrever e os conhecimentos básicos. Ela tinha uma biblioteca particular na área que lhe estava reservada. Quando o meu irmão nasceu e eu passei a estar com os meus pais e a olhar pelo meu irmão, ela emprestou-me muitos livros que eu lia quando os meus pais estavam fora. Todos os bocadinhos que tinha, usava-os a lê-los. Conheci os clássicos portugueses e estrangeiros e os livros que ela achava que me ajudariam na minha educação. Também a ela, lhe devo muito!
Quando havia festa na cidade ou iam a alguma feira, iam sempre à minha casa pedir aos meus pais que me deixassem ir com eles. Na maior parte das vezes, os meus pais permitiam e depois ia um criado da casa buscar-me.
Por tudo isto, digo que a minha infância e adolescência foram as melhores épocas da minha vida.”
Olhámos para ela e acariciámo-la. Ela sorriu. Estava cansada, notava-se, mas estava feliz!
O Visconde de Miranda, engenheiro agrónomo Joaquim Lopo de Miranda, e o seu pai, Custódio José, foram as pessoas que ela mais admirou na sua vida.
Nós despedimo-nos dela e saímos. Também tínhamos já ultrapassado o tempo das visitas.
Não voltou a conversar ou falar; foram aquelas as suas últimas palavras.
Passou a estar cada vez mais sonolenta; passou a estar a soro... e faleceu passados cinco dias desde que deu entrada no hospital de AVC cerebral. Faleceu na manhãzinha de quinta-feira, dia 30 de Maio de 2013, com 84 anos de idade.
Recebi um telefonema a me informar que ela tinha falecido e dirigi-me ao hospital. Pelo caminho, encontrei uma vizinha que é voluntária no hospital e me disse “A sua mãe morreu tranquila e em paz. Teve uma morte linda.” Consolou-me um pouco. É bom quando assim é. Agradeci-lhe a atenção de me informar; é algo importante.
O Visconde de Miranda era presidente da Ordem Terceira dos Carmelitas e ele convidou a minha mãe para membro desta Ordem. Aos 17 anos, em 1945, a minha mãe foi convidada para ser Secretária pelo Presidente, Visconde de Miranda. Quando este faleceu, em 1947, o Movimento ficou sem governo por uns tempos.
Quando o Movimento retomou, em 1950, foi presidente a D. Floripes, cabeleireira, e após o casamento da minha mãe, em 1953, ela aceitou ser Presidente da Ordem Terceira Carmelita em Lagos e desempenhou estas funções de 1954 a 1959, por um mandato de cinco anos.
Em Lagos, havia principalmente a Ordem Terceira Carmelita ligada ao Convento das Carmelitas Calçadas situado no Largo actualmente designado Largo Dr Vasco Gracias e a Ordem Terceira Franciscana ligada ao Convento Nossa Senhora da Glória, actualmente posto da GNR desde 1910, de que o meu bisavô paterno, César Marreiros, foi presidente em Lagos por volta de 1930.
Contudo a minha mãe teve outras épocas também muito boas até casar.
Quando o irmão da minha mãe tinha cerca de três anos e ela catorze, ela passou a frequentar a casa da sua madrinha-tia paterna, Margarida Cristina, que tinha três filhas pela idade da minha mãe e um filho que era o mais novo dos quatro. A 08 de Março de 1970, os meus pais foram padrinhos de Baptismo e de Registo de uma criança, para a qual a minha mãe escolheu os nomes Maria Cristina, os dois nomes próprios que a minha mãe sempre dizia que gostaria de ter tido. Realizou-os na sua afilhada.
A minha mãe costumava contar como era divertida e muito bricalhona esta tia que se assemelhava muito à mãe dela, Cristina da Conceição. Ela animava toda a casa e esta situava-se na rua Infante de Sagres, ao Hospital Velho, em Lagos. A minha mãe, com elas e com a sua mãe, começou a frequentar os bailes no Clube Artístico Lacobrigense, frequentado pela classe média de Lagos. O marido da tia Margarida Cristina era feitor do Visconde de Miranda de uma propriedade situada na área de Santo Amaro. Anos mais tarde, quando tinha 20 anos, a minha mãe conheceu o meu pai num baile neste Clube.
Andava a minha mãe pelos seus vinte anos quando a família mudou de casa. A nova casa ficava perto do mar – Porto de Mós. A família adorava aquele lugar. Assim que tinha um tempinho a minha mãe ia à praia com o irmão. Então logo, logo um casal dirigiu-se à minha mãe enquanto o meu tio brincava à beira-mar. A mulher falou com a minha mãe “Somos vizinhas.” disse. A minha mãe ficou meio encabulada “Verdade?” “Sim, moramos mesmo no outro lado da rua. Ele é o engenheiro Vilarinho e eu chamo-me Inês.” A minha mãe respondeu-lhe “Chamo-me Emília e aquele é o meu irmão Joaquim.” e o casal sentou-se ali perto. A D. Inês era muito faladora e falou como gostava de apanhar polvos, safios, moreias, ouriços-do-mar, ... nas marés vivas quando estava baixa-mar. A minha mãe ficou encantada. Era algo que ela não conhecia, mas como sempre, gostaria de aprender; estava sempre pronta para aprender o que não sabia. A D. Inês esclareceu “Eu não sei nadar. Tenho medo, mas para apanhá-los não preciso de me aventurar pelo mar.”  “Eu também não sei nadar, mas gostaria muito de aprender consigo.” “Ótimo, vamos ser grandes companheiras. O Vilarinho não gosta nada de apanhá-los; só comê-los no prato.” “E não é uma boa opção?” Todos se riram.
Sempre que o tempo se proporcionava, a D. Inês ia à casa da minha mãe fazer o convite “Amanhã está bom tempo para irmos pescar. Precisas de te levantar bem cedo. Às 8h 30mn espero por ti na minha casa.” “Combinado.” dizia a minha mãe. “Então amanhã há refeição melhorada cá em casa.” - dizia o meu avô e todos se riam. “Tenho trazido bastante pesca!” - afirmava a minha mãe.
Mesmo durante a fase de namoro com o meu pai, a minha mãe ia à pesca com a D. Inês que passou a ser a sua melhor amiga, apesar da diferença de idades – cerca de vinte anos mais velha. Com o casamento, a minha mãe foi morar para a sua própria casa e não houve mais pescaria, pois passou a ficar longe nem passeios com os Miranda, só umas visitas da minha mãe de vez em quando à sua tia Maria de Miranda “Titi”.
O casamento trouxe uma mudança radical à vida da minha mãe, mesmo de 180º. A minha mãe casou com 24 anos a 04 de Outubro de 1953. 
A minha mãe foi membro do Movimento Apostolado da Oração desde 22 de Agosto de 1993 e membro do Movimento Cruzados de Fátima desde 17 de Outubro de 1993.
 A minha mãe foi assinante da revista “Família Cristã” desde o ano de 1996.
A minha mãe fez-se assinante do jornal “Correio de Lagos” , n.º 324 de 2012, após o falecimento do meu pai. Ela foi a sócia n.o 743 da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lagos.=
  
Lagos, 12 de Junho de 2013
Os Verdes Anos do Meu Pai
O avô materno do meu pai era uma pessoa muito instruída, educada, sábia e gostava muito de crianças. Chamava-se César Marreiros e era católico assumido. Possuía um grande armazém de tudo em Santo Amaro, junto à Estrada de Sagres e lá trabalhava coadjuvado pelos seus empregados. Os meus avós paternos moravam perto do moinho de Santo Amaro e, portanto perto deste grande armazém; logo o meu pai, quando davam por ele, já estava com o avô César. O meu pai nasceu a 22 de Janeiro de 1930. 
Com o avô, o meu pai aprendeu a ser homem, a portar-se como um homem, a respeitar o seu semelhante segundo os valores cristãos e ajudava o avô no seu trabalho. Verificando o interesse do neto pelo negócio, começou a incentivá-lo e a aconselhá-lo a ter um negócio assim. ‘Ó avô, como é que eu posso ter um negócio destes? É impossível!
‘Pois começares logo por um negócio destes é mesmo impossível, mas se começares devagarinho podes chegar lá. O importante é gostares deste negócio, teres confiança em ti e fé em Deus e vais conseguir.
Olha, primeiro tens de começar a trabalhar e poupar bastante para poderes arrendar uma casa, pagares o trespasse do negócio e comprares os primeiros artigos para a tua loja e ainda ficares com algum dinheiro de lado para alguma eventualidade que sempre surgem.’
O meu pai, jovenzinho, andava feliz!
‘Já cá estás? Ainda é muito cedo. Olha que a tua mãe ainda se zanga comigo.’
Não, ela sabe que eu estou aqui e disse-me “Lá está bem. Fico descansada. Mas vê se não vais para lá e me enganas. Então é que não sais daqui para lado nenhum!’
Sabe, avô, é que eu queria mesmo aprender.’
‘Está bem, está bem.’ e ria-se com muita vontade e o meu pai fazia tudo o que o seu avô lhe pedia e estava atento a tudo.
Quando tinha dezassete anos, o meu pai foi trabalhar com o mestre de obras, o Senhor Barroso, um pedido do seu avô César porque o seu pai não queria que ele continuasse com o avô ‘Assim não aprendia o que era a vida; o duro da vida.’ O seu avô não levantou mais problemas para não haver discussões e fez um pedido ao Senhor Barroso.
Sempre obediente, o meu pai aprendeu depressa a fazer o seu trabalho, mas não esqueceu o seu sonho e foi amealhando quanto pôde e ia aprendendo a contabilidade com o avô.
Quando tinha vinte e dois anos, sempre com o avô como mentor e coadjutor, arrendou um armazém, onde actualmente é a sede do Benfica em Lagos, e montou o seu negócio, do mesmo género do do avô e teve muito sucesso.
Ainda tinha esse negócio quando conheceu a minha mãe num baile, namoraram e casaram.
Um dia, veio para Lagos a primeira indústria, a fábrica da cortiça. A cidade de Lagos foi electrificada e esse facto mudou bastante o modo de vida em Lagos. A cidade modernizou-se...
O carvão, o petróleo e outros bens que o meu pai vendia, deixaram de se vender e as receitas diminuíram bastante, pois aqueles eram bens essenciais e de boa venda. O meu pai manifestou as suas preocupações à minha mãe e concordaram em que o meu pai fosse trabalhar para a fábrica da cortiça porque era um salário pequeno, mas certo e as despesas eram certas na família.
Mais tarde na sua vida, o meu pai voltou a ser um empresário de sucesso até ao 25 de Abril de 1974, mas depois continuou sempre empresário durante toda a sua vida activa.
O meu pai foi sócio n.o 443 do Clube Artístico Lacobrigense e sócio n.o 745 da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lagos.
O meu pai foi membro do Apostolado da Oração desde 22 de Agosto de 1993 e membro do Movimento Cruzados de Fátima desde 17 de Outubro de 1993.
Desde que começou a receber o jornal “Barlavento” de divulgação com sede em Portimão, o meu pai fez-se assinante deste jornal até que passou a receber também o jornal “Correio de Lagos” de divulgação. Então desistiu do jornal “Barlavento” e fez-se assinante do jornal “Correio de Lagos” e foi-o até ao seu falecimento.
O meu pai foi assinante do jornal diocesano “A Folha de Domingo”. =

O meu pai guardou na memória muitas coisas que o avô lhe ensinou e que nos repetia de vez em quando, uma delas é esta:

“Sabes, Francisco, o segredo de uma vida boa não é ganhar muito, mas sim gastar pouco. Gastar pouco não é comprar barato que depressa se estraga e lá temos de comprar novamente ou então faz mal à saúde; pelo contrário, é comprar bom, mas com conta, peso e medida e ir gastando segundo as necessidades.”

1. “Há dias que encontro o Dias que me aperta muito a mão.
- Ó Dias, o que dirias se te pedisse um tostão?
Vou bem, muito obrigado; mas sempre levo uma pressa.”

2. Quadra popular

Salsa verde na parede
Torce o pé e deita a rama
Assim eu torcesse a língua
A quem me deita má fama.

3. À Rainha Santa Isabel
Rainha Santa Isabel
rainha sem igual
pede a Deus pelos pobres
que morrem em Portugal.

Se tu fosses viva
com tuas mãos carinhosas
tornavas a dar a vida
aos pobres tal como fizeste
transformando o pão em rosas.

Lagos, 07 de Junho de 2013
Sobre O Lugar do Descanso Final 

Agora ambos, pai e mãe, me faleceram!
Acredito que este facto nos provoca um vazio no nosso coração no espaço que lhes pertencia e que agora está preenchido com a saudade. Contudo é um facto normal na vida de cada um de nós. É preciso saber aceitar!
Durante a sua vida pensaram nisso e em 1991, os meus pais compraram uma campa no cemitério velho de Lagos. Quando viam na televisão algum funeral de alguém cujos familiares escolheram cremar o corpo, os meus pais comentavam logo:
- Mas que gosto! Nós já comprámos a nossa campa. Os nossos corpos já têm onde descansar; não é, Francisco? Nunca nas nossas famílias foram cremados os corpos dos nossos antepassados. Os nossos filhos cuidarão de tudo!
Os corpos dos dois lá estão na campa que compraram. Gostaria que o meu corpo, quando falecer, também FOSSE DESCANSAR PARA UMA CAMPA e houvesse quem cuidasse dela. Continuo a não gostar de cremações. Não critico quem as escolhe, mas não a quero para mim!*

Lagos, 30 de Maio de 2013
Hoje faleceu a minha mãe!

Lagos, 07 de Maio de 2013
Sobre “Portugal e a União Europeia”
A Europa está em processo de refundação como consequência de profundas transformações a todos os níveis que têm vindo a ocorrer pelo mundo: há tensões geopolíticas graves; tensões entre o norte e o sul; tensões entre países vizinhos; ressurgimento de outras tensões e conflitos; ... A nada disto Portugal é alheio porque é um país PEQUENO, muito aberto e tem uma economia aberta também o que o fragiliza bastante, mas é a sua benesse.
A União Europeia tem sido a solução e o salva-vidas de Portugal e dos outros países europeus que já entraram para a União Europeia com muitos problemas a vários níveis.
A crise sempre existiu em Portugal por causa da incompetência e da escolha de políticas erradas talvez por isso mesmo, mas também porque os governantes dos portugueses, apesar de gostarem muito de falar da soberania de Portugal, sempre preferiram andar de mão estendida na pedincha, da esmola do que da posição de contribuir, dar... Julgam-se por isto mais espertos; esperteza idiota! Na verdade, tanta esperteza e sempre colocaram Portugal e a maioria dos portugueses cada vez mais na miséria.
O Governo Sócrates, na sua ambição de tornar Portugal num país de pedinchas, mas o primeiro na informatização das escolas, colocando lá ar condicionado, todo um sistema de informatização com a readaptação das escolas ao novo sistema, computadores portáteis para todos os alunos do ensino unificado; construir autoestradas e mais autoestradas pelas empresas dos amigos... endividou bastante o país; mas também mandou fazer muitas cosméticas nas despesas, muita desorçamentação, ... e claro “gasta-se e não se paga”, contando muito com o perdão futuro da dívida. Os outros países que paguem o que cá se gasta! Para alguns é assim, para a maioria é bem pior. Desde 2008, mais de 2 milhões de empresas foram à falência, fecharam portas; o que representa cerca de 5 milhões de portugueses com mais de 40 anos no desemprego e com filhos adolescentes num país com cerca de 12 milhões de habitantes. O emprego que estas empresas davam é insubstituível e insubstituível o rendimento que elas davam ao Estado e ao consumo de Portugal. Novas empresas não vão empregar estes desempregados nem as já existentes!
Contudo, com a graça de Deus, Portugal nunca foi arrasado e fez a assimilação dos portugueses que viviam nas colónias com muito sofrimento para eles, mas realizou-se e todos, mais cedo ou mais tarde, conseguiram encontrar o seu novo rumo. Pelo contrário, a Alemanha foi totalmente arrasada na II Guerra Mundial e com o Plano Marshall americano e muita convicção dos próprios alemães conseguiu criar de novo economia no país e regularizar as suas polis, tornando-o um país de topo na União Europeia. A unificação alemã era uma utopia desejada desde que foi feita a divisão da Alemanha; os alemães não cruzaram os braços pelo peso enorme que isso teria na economia e a todos os níveis Na RFA. Pelo contrário, puseram mãos à obra e com fé, esperança e muito trabalho, consciência política atingiram os seus objectivos, contando principalmente consigo próprios. Pelo que se ouvia dizer nos media, a Alemanha, por um lado, contribuía para a União Europeia como país dador devido ao seu rendimento per capita e, por outro, recebia para a ex-RDA como região com fraco rendimento per capita. Portugal tem sido sempre um país recebedor, inclusivo da Alemanha. É muito indigno afirmar-se que a Alemanha deve mostrar gratidão aos países endividados da União Europeia por que já ajudaram a Alemanha. Desde quando é que estes países contribuíram para a Alemanha? Não fossem os alemães e as suas convicções, a sua educação para o trabalho, o seu sentido de pátria e o seu trabalho árduo e onde estariam eles?
Estes são tempos de mudança de paradigma. A globalização, o surgimento dos países emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China – com a sua mão-de-obra barata e tudo o que lhe é inerente, os processos de grande mudança e uma nova consciência nos países árabes, a decadência a todos os níveis dos países de topo mostram isso mesmo. Os países emergentes têm todos algo em comum, o socialismo e encontrar uma nova via socialista; os países árabes estão em processo de crescimento de um proteccionismo feudal para uma democracia real e capacidade de cada cidadão construir o seu próprio futuro; os países de topo estão à beira do abismo pela decadência das suas convicções cristãs e adopção do ateísmo, agnosticismo e muitas formas de misticismo e retrocesso ao paganismo; pelo seu crescente egoísmo pessoal e materialismo; por não terem ainda encontrado o seu novo lugar na economia mundial; pela dificuldade que têm de perder qualidade de vida e por serem também um dos motivos das economias dos países BRIC serem emergentes, com a sua dependência em massa dos seus estupefacientes (milhões e milhões de jovens com muitas qualidades que foram escolhidos para suas vítimas e destruídos por toda essa Europa e EUA) e também consumidores dos seus produtos em detrimento dos europeus e americanos. E agora?* 

Lagos, 29 de Abril de 2013
Sobre a “Estratégia para o Desenvolvimento e Fomento Industrial 2013-2017”
O Ministro da Economia e do Emprego, Dr. Álvaro Santos Pereira, considera que terminou a primeira fase do seu mandato e inicia a sua segunda fase com o memorando "Estratégia para o Emprego e para o Fomento Industrial 2013-2017”. Este memorando tem principalmente por objectivo resolver a falta de produtividade das nossas empresas e aumentar a sua competitividade internacionalmente. Com esse intuito pretende
Plibertar investimento para as PME,
Pdiminuir o seu nível fiscal – IRC,
Pfomentar a formação profissional em método dual, aliando a teoria à prática em ambiente laboral;
Pa criação do banco de Fomento, utilizando os balcões da CGD e liderando esta este projecto de financiamento das PME,
Paumentar a maturidade dos empréstimos cedidos às PME,
Pfazer protocolos com os bancos para a concretização deste memorando,
P(...).
Parece-me que este método organizado de trabalho a longo prazo é algo novo a acontecer nos governos que têm passado por Portugal e só por isso o Dr Santos Pereira já tem muito mérito e acredito que está mesmo apostado em concretizar este memorando - Do funcionalismo público para o sector privado - .
Agora há um problema grave: este memorando é muito importante e urgente para as empresas já existentes, mas o Dr Santos Pereira é ministro da Economia e do Emprego e este memorando não resolve o problema do emprego já que as empresas existentes pouca mais mão-de-obra podem absorver sob pena de perderem os níveis já obtidos de competitividade e produtividade porque para todos os itens da empresa há um nível óptimo a partir do qual a empresa perde competitividade e produtividade.
Em Portugal, desde 2008, data estabelecida para o início desta crise internacional que começou nos EUA com a crise dos subprime por falta de ética e por gestão dolosa, esta crise atingiu imediatamente Portugal porque, na verdade, o nosso país tem vivido sempre em crise e estava muito envolvido com este tipo de negócios; até à data já fecharam mais de dois milhões de empresas, o que tem por consequência uns milhões de desempregados com mais de 40 anos e um aumento exorbitante das despesas do Estado através da Segurança Social. Logo as empresas existentes não conseguem, de maneira nenhuma, absorver este nível de desemprego.
Tudo isto provém da escolha de uma estratégia errada para o desenvolvimento de Portugal: promover uma política de destruição das PME existentes também através do “gasta-se e não se paga” que  corrói qualquer economia para as substituir por grandes empresas e empresas de alta tecnologia a criar hipoteticamente. Não se pode fazer a destruição do tecido empresarial, pois as consequências são desastrosas porque impossíveis de controlar como está à vista de todos. Se a estratégia era a implementação de grandes empresas e empresas de alta tecnologia, pois a única coisa a fazer era as promover com medidas adequadas, mas não destruir as PME existentes (tradicionais); o mercado se encarregaria de desequilibrar e voltar a equilibrar a economia. Assim nem uma coisa nem outra!
Concluindo, a enorme percentagem de desempregados só tem condições de diminuir substancialmente com a criação de bastantes novas empresas também PME tradicionais e assim aumentar o consumo interno, pois as empresas nacionais não se podem dedicar todas à exportação; não têm condições para isso. Cá dentro existe gente e sem elas não se precisa nem de Estado nem de Governo e o país não existirá. O objectivo, na realidade, era importar das economias emergentes que vendem mais barato e exportar bens de qualidade a preços elevados. Tudo retórica! À qual podemos acrescentar vontade de voltar a colocar Portugal nos níveis do terceiro mundo.
Tal objectivo é muito pouco digno para quem os partidos escolheram para nos governar. Aliás a causa de Portugal demorar sempre mais tempo do que os outros países a sair (mais ou menos) das crises está nos salários de nível muito baixo que sempre concederam aos trabalhadores e manter Portugal sempre num nível terceiro-mundista para a esmola, a pedincha, o “receber e não pagar” a nível internacional. Não se vêem os países com mais desenvolvimento utilizarem políticas de baixos salários; só países de PIB baixo e sempre em crise. Afinal isto está tudo relacionado! O baixo nível salarial está relacionado com baixo consumo interno, baixo nível de escolaridade, pouca ou nenhuma resiliência para sair das crises, baixo nível cultural, elevada corrupção, muita burocracia ... Tem sido esta a mentalidade dos poderosos (dos que verdadeiramente detêm o poder) neste país enquanto que eles próprios são dos mais ricos do mundo, mas com o seu dinheirinho fora do país e investido fora do país; para cá dentro não destoarem, claro está. Assim tem sido! As outras economias conseguem recuperar mais depressa exatamente porque os seus trabalhadores têm salários mais dignos e por isso a economia tem uma resiliência maior e consequentemente o consumo interno fica pouco afectado e menos empresas vão à falência com todas as consequências que daí advêm para as receitas fiscais do Estado, para o consumo interno e para as famílias. Depressa se leva as empresas à falência; muito mais lento é o processo de criação de empresas e a sua sobrevivência e vários anos são precisos até estas conseguirem começar a ter lucros e contribuir para as receitas fiscais do Estado.  
Devido ao enorme peso da dívida portuguesa face ao PIB (Produto Interno Bruto, isto é, o que é produzido em Portugal seja de capital estrangeiro ou português) os nossos credores – principalmente a Troika – exigiram que a despesa do Estado fosse reduzida, o que é normal como toda a gente que tem dívidas à banca sabe. Então uma das medidas tomadas foi reduzir os funcionários públicos já que os seus salários pesam bastante na despesa do Estado. Acontece que o Governo Português tinha de pensar em criar condições para os funcionários públicos encontrarem saída em Portugal para a sua nova situação de desempregados, não por um sentido paternalista do Governo, mas para que as receitas do Estado não diminuíssem, pois desempregados sem receitas significa menos IRS, menos IVA, menos consumo interno, menos IRC das empresas que não lhes foi dada a possibilidade de criarem, mais adolescentes que deixam o sistema escolar mais cedo, ficando acessíveis para engrossarem a marginalidade e a aversão ao país, muito menos jovens frequentam a universidade por dificuldades económicas, diminui bastante o acesso à cultura, ...  
A quem estamos entregues e somos obrigados a escolher pela escolha partidária porque não temos outra escolha? Na minha opinião, investimentos do sector público para além do estritamente necessário é um erro crasso quando há défices estatais que iriam exponenciar a crise que estamos a viver e que tem como causa exatamente esse investimento público muito para além de qualquer bom-senso e por incompetência. Os investimentos de monta do sector público só se devem fazer quando há saldo positivo e, portanto folga para gastar. Criar despesa a ser paga por empréstimos com juros, acho de uma grande irresponsabilidade e penhora das gerações futuras.
São muitas as áreas que é preciso ter em atenção neste momento. Uma delas é evitar a instabilidade social, política e parlamentar, promovendo consensos e alianças.   
Outra é promover a desmotivação do “gasta-se e não se paga”, dando os organismos do Estado o exemplo. Não há empresa que resista muito tempo nem economia com esta moda. Aliás esta moda foi criada não à toa; de certeza tinha objectivos precisos. Tem de haver uma acção psicológica, legal, processualmente rápida e eficaz no que a isto diz respeito.*

Lagos, 16 de Abril de 2013
sobre  Sim ou não ao Euro: eis a Questão
Os países do topo – Estados Unidos da América e países da União Europeia (principalmente) – estão em crise a vários níveis exactamente por causa desta posição cimeira e necessitam de encontrar as condições adequadas para continuarem a sua evolução que é sempre em espiral.
Os EUA já têm uma história de dois séculos, já passaram por várias crises de vários níveis e conseguiram sempre ultrapassá-las, ganhando assim experiência, conhecimento, método que vão ajudando a encontrar novas soluções para as quais é de grande importância a Commonwealth .
A União Europeia tem uma história muito mais curta, uma trintena de anos; está a viver as suas primeiras experiências de crise e ainda não ganhou experiência, conhecimento, método de como ultrapassá-las, ainda não tem resiliência e por isso está muito mais frágil aos problemas internos, aos adversários e inimigos. Conseguiu passar da primeira fase – da sua constituição e linhas programáticas – para a segunda fase, a da sua consolidação, e aqui está muito mais difícil aguentar-se principalmente porque a pressão externa para o seu interior é muito forte, muito astuciosa, utilizando vários métodos de invasão a vários níveis. São lobos a atacar um cordeiro e a coisa está difícil. A solução consiste em acreditar neste projecto e fazer tudo para que ele viva com pessoas competentes; não há outra possibilidade. 
Nos tempos mais recentes os bodes expiatórios são o Euro e a Alemanha. Lembro-me de quando a chanceler Angela Merkel sucedeu a Helmut Kohl, esta não estava com vontade de liderar a UE, mas foi muito pressionada para isso. Lembro-me de que, em Portugal, até comentadores salientavam a necessidade da Alemanha assumir a liderança porque a União Europeia estava sem rumo e sem líder. Depois começaram a criticá-la porque, chanceler de um país, lidera todos na UE. Afinal apenas procuravam um bode expiatório a quem desancar. Ultimamente até inventaram uma dívida da Alemanha nazi à Grécia para que lhes seja paga agora, entregando todo o dinheiro que lá tem sido investido como se as pessoas/empresas que têm feito poupanças e colocado nos bancos que têm investido na Grécia, tivessem alguma coisa a ver com a incompetência e dolo que têm vindo a ocorrer nesta. Porquê isto? Porque sabem como a Alemanha é sensível ao seu período nazi, nazismo que está agora em grande força na Grécia, levando-a a perder a cabeça e abandonar o projecto União Europeia e com isso arrastando a UE para o seu fim. É a sua vingança pela queda do sistema dos Estados socialistas que não compreendem que caiu de podre; foi por dentro que ele ruiu por falta de apoio das suas bases militar e política que não aguentavam mais.
Portugal, país-membro da União Europeia desde 1987, tem um grupo que pretende abandonar a barca União Europeia, agora que o mar está revolto e depois de receber bastante a vários níveis, incluindo conhecimento e partilha de toda uma experiência impossível de obter como país isolado ou Ibéria. É interessante que este projecto Ibéria remonta aos princípios da I República quando se formou o Partido Republicano Federalista que tinha como um dos principais objectivos do seu programa a criação da Ibéria, cujo nome remonta ao Império Romano por estas paragens. Todos os meios lhes servem para atingir os seus fins! Olhem que nem todos são éticos ou aceitáveis; um país é muito mais do que um grupo.
Argumentam que, „na UE, Portugal só se afunda e para recuperar, Portugal tem de sair do Euro e ter moeda própria“; de Portugal ou da Ibéria? Nisto há tantos subterfúgios, tantos corredores subterrâneos … Afinal quando foi que a moeda própria de Portugal – réis, escudos – salvou Portugal fosse do que fosse? São bodes expiatórios atrás de bodes expiatórios. A verdade é que o problema não está na moeda, nos políticos, na função pública, … mas sim quem os utiliza como marionetas seja incompetente, ignorante, use de dolo, queira fazer bem ou mal …
É impossível que se tenham esquecido do que se vivia em Portugal antes do Euro! Tínhamos moeda própria – o Escudo – que, por acaso ou não, ninguém aceitava fora de Portugal e mesmo dentro de Portugal só os mais desfavorecidos a nível de bens e de conhecimentos usavam o escudo. Os outros tinham duas moedas no mínimo – o escudo para uso interno e das coisas do dia-a-dia e o dólar/libra e libras de ouro para as coisas mais importantes dentro e fora do país. As exportações/importações eram pagas com dólares e estavam sujeitas às suas oscilações cambiais e ouvia-se na rádio/televisão que agora paga-se mais caro porque o valor do dólar subiu, … ninguém nem nenhum país estava interessado na nossa moeda – o Escudo.
Há livros de História de Portugal que narram o que cá acontecia nos fins da monarquia e na I República (1910-1926) e que nos podem servir de comparação. No essencial, as Finanças Públicas mantêm-se estáveis durante todo o período do liberalismo monárquico e republicano. Estrutura, ideologia, instituições e políticas financeiras caracterizam-se por
» persistência da problemática essencial do défice e do endividamento;
» relativa impotência reformadora;
» estrutura arcaizante das despesas (principalmente serviço da dívida, forças armadas e administração geral) e das receitas (principalmente impostos indirectos, fraco nível da pressão fiscal, insuficiente cobertura das formas de riqueza, predomínio da proporcionalidade fiscal e consequente falta de justiça fiscal). Tudo num esforço de estabilização financeira para a redução do défice. Também tudo numa continuidade, não havendo renovação apesar da mudança de regime. A renovação verificou-se a nível da política cultural, educativa e religiosa principalmente, mudança de bandeira e hino e mudança da moeda de réis para escudos por José Relvas em que se estabeleceu que um escudo equivalia a 1$000 réis com o mesmo peso em ouro – 1,8065 g.
Neste esforço para a redução do défice, Afonso Costa (no seu Governo de 1911-1914) toma medidas logo a partir de 1911 e pela primeira vez desde o século XIX, o PIB de Portugal apresenta saldo positivo em 1912-1913 e 1913-1914 e foi previsto também saldo positivo para 1914-1915 que não foi alcançado devido ao aumento das despesas militares com o início da I Guerra Mundial e da instabilidade política no país. Foram aprovados:
« a Lei de Reforma da Contribuição Predial
« o Código da Contribuição Predial
« o Código das Execuções Fiscais
« a Reforma dos Orçamentos Coloniais.
Foi principalmente a diminuição da despesa pública que assegurou um saldo positivo de um bom milhão de libras em 1912-1913.
À queda do Governo de Afonso Costa seguiu-se a instabilidade e a deterioração das suas políticas numa fase de dois anos - 1914-1916; situação que foi agravada pelo fim do padrão-ouro clássico.
No período de 1916-1929, destaca-se:
→     o agravamento do défice governamental;
→     o endividamento público;
→     a manutenção da carga fiscal e da estrutura de despesas;
→    a desvalorização da moeda e consequente desequilíbrio financeiro; 
→    aumento do volume da dívida flutuante (Obrigações do Tesouro);
→    a especulação com divisas;
→    o acentuado montante da dívida externa de guerra com a Inglaterra;
→    défices orçamentais crescentes que eram cobertos com a emissão de moeda escudos (que só agravou ainda mais a situação do país);
→    desconfiança dos contribuintes mais ricos e consequente evasão fiscal;
→    diminuição da receita fiscal desde 1912-1913 até 1917-1918.
→    agravamento até à rotura de tensões sociais;
→    reduzido progresso económico.
A partir de 1919-1920, o défice governamental começa a diminuir de 7 milhões de libras, passando para 8 milhões de libras. Em 1925-1926, o défice governamental já era de 2 milhões de libras.
No final da I República, a instabilidade e a degradação política voltam a ser a causa principal do défice governamental. A desvalorização da moeda com consequente inflação interna e descida cambial provocou enormes quebras de receitas. Verificou-se uma inflação lenta de 1914 a 1919, passando a inflação rápida de 1919 a 1924.
A circulação do escudo aumentou cerca de 1500% e os meios de pagamento cerca de  1000% para a depreciação cambial de 1919 a 1924 exceder 2200%. Foi bastante superior a deterioração do poder de compra interno. De 1914 a 1924, o poder de compra externo do escudo diminuiu quarenta vezes (4000%) e o poder de compra interno do escudo diminuiu trinta vezes (3000%). Afinal a emissão de moeda não foi solução do problema, só o agravou. A população não se aquietou por andar com os bolsos cheios de notas que não davam para comprar nada, mas a instabilidade social foi sempre em crescendo e, portanto a emissão de moeda não foi solução, mas mais um problema.
A partir de 1916-1917, o Estado, nas suas contas, elabora dois orçamentos separados – o orçamento normal e o orçamento-militar (da guerra). Proponho para os tempos que vivemos actualmente algo que já tenho mencionado desde há dois anos: um orçamento ordinário e um orçamento do serviço da dívida que podem ser considerados suborçamentos do Orçamento Geral do Estado. As receitas da época eram os empréstimos e impostos extraordinários apesar da dificuldade crescente de recorrer ao crédito externo, a retracção dos mercados financeiros internos, o recurso à dívida flutuante não-reembolsada a curto prazo.
Em 1921, acontece a crise financeira no Brasil e as remessas dos emigrantes diminuem bastante, começando a sair de Portugal famílias inteiras. Em 1918, uma libra custava 7$90, mas em 1921 já custa 39$38 e em 1924, uma libra já custa 155$54; o escudo cai na vertical. As consequências são as importações, pagas em libras, ficarem reduzidas ao consumo de luxo de uma crescente, mas insignificante classe de novos-ricos que resultam do novo sistema político;  os agentes económicos passam a comprar libras no mercado negro para as depositarem em bancos no estrangeiro ou na gaveta sendo um dos melhores investimentos em Portugal. Aos que não tinham capitais nem reservas em moedas estrangeiras viram-se inteiramente incapazes de responder aos compromissos contraídos. Os outros investem as fortunas acumuladas durante a guerra em quase todos os sectores onde surgem dezenas e mesmo centenas de novas unidades económicas na indústria e no comércio, pensando no mercado colonial. Actualmente é devido ao facto de estarmos no euro que o Governo se tem mantido longe destas preocupações e a população longe desta miséria, apesar de tudo. 
Depois de 1922, o Governo de Álvaro de Castro procurou lutar contra esta situação com uma política de estabilização dos câmbios e de aumento do poder de compra interno:
» impedir a exportação de capitais;
» restringir e fiscalizar o exercício do comércio de câmbios;
» criar um fundo de regularização dos câmbios;
» normalizar as emissões de moeda dentro do limite imposto pelas necessidades da sua circulação, provando estar errada a política de emissão de moeda para cobrir défices do Estado; em 1923-1924, estabeleceu-se uma política activa de redução enérgica de notas de escudos em circulação;
» reduzir as despesas públicas;
  » (…....)
Em 1926, a cotação média anual da libra já era de 94$77. A entrada de juros e de capitais repatriados possibilitou a reabilitação da situação cambial. O défice da Balança Comercial agravou-se de 1924 a 1927, decrescendo nos anos seguintes. Em 1924, as exportações representam apenas 32% das importações. A indisciplina parlamentar e a instabilidade política mantiveram-se ou pioraram apesar da melhoria da situação geral. Na segunda metade de 1924, o Governo de Álvaro de Castro tenta inverter a queda do escudo para parar a fuga de capitais e atrair os capitais que estão no estrangeiro. Consegue inverter a tendência inflacionista e a queda do escudo, o custo de vida estabiliza e o défice público passa para 122 mil contos em 1925, mas os detentores portugueses do capital continuam a não confiar nos governantes e preferem manter as suas libras em segurança no estrangeiro; os mercados em Portugal e nas colónias estão em contracção devido às gigantescas obras públicas empreendidas por Norton de Matos com amplo recurso ao crédito interno e externo. Por outro lado, a valorização do escudo fez com que as empresas portuguesas, que se tinham adaptado à economia de inflação e trabalhavam com o mínimo de liquidez, recurso ao crédito, amplos stocks, imobilização do máximo de fundos em moeda estrangeira e investimentos frequentes vissem os seus stocks e investimentos fixos serem fortemente depreciados, ficaram sem reservas, com  dificuldade em pagar os juros altos do tempo da alta inflação e o seu dinheiro no estrangeiro desvalorizado. Tudo isto levou, em princípios de 1925, ao encerramento ou forte redução da laboração de muitas indústrias, paralisação de todas as actividades com sérias consequências na ordem social, à perda do poder de compra e ao aumento exponencial do desemprego.
A solução encontrada foi o Estado impedir a criação de novas fábricas, estabelecer quotas de produção, criar uma organização corporativa forçada, mercados divididos, preços tabelados. A emenda encontrada é muito pior do que o soneto porque a solução está sempre no apoio à sociedade civil para a obtenção dos resultados desejados. Todo aquele processo conduz à crise económica de 1925 e ao golpe militar de Maio de 1926 a que se seguiram 49 anos de ditadura. 
No período de 1910-1920, a dívida pública aumentou em média 135 768 contos por ano para 14 256 contos anuais de 1855-1910. Em 1910, o total da dívida era de 878 590 contos e em 1920 era de 2 236 272 contos. Relativamente à dívida flutuante (Obrigações do Tesouro), em 1910, era de 81 418 contos, mas em 1920 já era de 596 818 contos. Os encargos da dívida do Estado era o item com mais peso nas despesas públicas. A dívida de guerra à Inglaterra agravou-se devido à desvalorização do escudo relativamente à libra.
Desde 1890 que as medidas unilaterais tomadas pelos governos quanto ao pagamento da dívida externa, a inconvertibilidade do escudo e a crise política provocam falta de confiança nos detentores do capital. O resultado é um aumento da fuga de capitais que a desvalorização dos réis acentua durante 1890-1903. Com a república, este movimento acelera-se. Procuram-se divisas no mercado paralelo que se vão depositar no estrangeiro. No pós-guerra, este fenómeno alarga-se à classe média. Em 1929, avalia-se em 60-70 milhões de libras os depósitos de portugueses no estrangeiro, o que representa cerca de ⅓ da riqueza do país, mais do dobro dos depósitos em todos os bancos, o triplo de toda a dívida de guerra à Inglaterra (20 milhões de libras). Em 1924, o cônsul inglês Stanley Irving avalia o capital português no estrangeiro em cerca de 75 milhões de libras, das quais mais de metade pertence a “um punhado de ricos industriais e financeiros”. Para termo de comparação, em 1923, as remessas dos emigrantes rondavam os dois milhões de libras anuais e a circulação do escudo era de 12 milhões de libras. Assim, em 1924, Portugal era uma república que tinha, por um lado, graves dificuldades na Balança de Pagamentos e se bate para obter um crédito de 4 ou 5 milhões de libras na Inglaterra que nunca chegaria a obter e, por outro lado, o capital português acumulado no estrangeiro é de, pelo menos, 1500% esse valor. Nesse mesmo ano, o ministro das Finanças obrigou os proprietários dos títulos da dívida externa portuguesa a identificarem-se sob pena de perderem o direito de receberem os juros. Verificou que cerca de 90% deles eram portugueses. Esta fuga de capitais para o estrangeiro é compensada pelas remessas dos emigrantes. Em 1912, saem de Portugal 88 000 indivíduos, 80% para o Brasil, 17% para os EUA e Canadá. Durante a I Guerra Mundial, diminui bastante a saída para a emigração, mas nos anos 1920 já era da ordem dos 40 000 emigrantes. Em 1927, calcula-se que há no Brasil cerca de 1 000 000 de portugueses que enviam anualmente para Portugal entre 20 a 24 000 contos-ouro. Já em 1911, o primeiro-ministro Afonso Costa salienta a importância da emigração para a economia portuguesa e chega a estabelecer que se dificulte a saída das famílias para obrigar os homens a remeterem as suas poupanças para Portugal.
Assim, no final da I República, em 1926, Portugal é um país que vive muito acima do que produz, alimentado sistematicamente pelo trabalho dos emigrantes, pelo império colonial e pelos rendimentos de uma soma muito substancial de capitais que sai ilegalmente do país. É um país onde a parte mais activa e imaginosa do capital foge por falta de confiança nos governantes e a parte mais dinâmica da força de trabalho sai por falta de oportunidades que garantam um nível de vida minimamente decente. É um país rural governado pelas cidades; um país católico controlado pela maçonaria; um país conservador tomado de assalto por uma minoria radical, activa e organizada; um país pobre com uma fortuna imensa no estrangeiro; um país pequeno com um dos maiores impérios; um país passivo que se dá ao luxo de exportar anualmente a sua juventude. Um curioso conjunto de contradições que desafia a compreensão da maioria dos observadores nacionais e lança na confusão quase todos os estrangeiros. 1)     
1) in parte V - “A Economia e as Finanças ou a República Falida”; História de Portugal de João Medina et al.; editora EDICLUBE; Amadora; 1994; pp. 210-243.
Outro argumento que é levianamente utilizado: „a União Europeia tem países com economias muito diferentes e PIB muito diferentes e por esse motivo não podem ter a mesma moeda.“ Que tese mais falaciosa! Portugal que é um país muito pequeno, comparando-o com a União Europeia, também sempre teve regiões com economias muito diferentes e com valores do que lá se produzia muito variados e não ouvi ninguém falar da necessidade de as regiões com valores mais baixos produzidos precisarem de outra moeda a circular.
Os EUA é um conjunto de Estados federados com PIB bem díspares e nunca ouvi ninguém defender a tese de que precisavam de outra moeda para os Estados de economia mais baixa. Os EUA fazem parte da Commonwealth ('Bem Comum' – organização internacional que engloba todos os países que foram colónias da Inglaterra ou pediram a sua entrada e que aceitaram pertencer a esta organização também transaccionam entre si em dólares e alguns desses países têm moeda própria, mais por uma questão de afirmação da sua independência, outros o dólar e ninguém afirma que quer sair. Primeiro, a Inglaterra queria que a moeda aceite por todos fosse a libra. Esta proposta não foi bem aceite e a proposta do dólar venceu.) Outros pequenos países independentes que não fazem parte da Commonwealth, escolheram ter como moeda a circular no seu país o dólar e muitos já se propunham aceitar o Euro como moeda a circular no seu país. Acho que entretanto já devem ter mudado de ideia. A ninguém lhes faz isso confusão ou problema. Sabem que só podem gastar de acordo com o que produzem! Os países com moeda própria e a fazer desvalorizações da moeda para equilibrar a Balança de Pagamentos vejam em que situação estão/estavam: Portugal, Guiné-Bissau, Roménia, … tantos outros todos com o mesmo padrão de causa e consequência.
Acredito que o Euro torna os países-membros ganhadores porque assim não caem na armadilha da emissão descontrolada da moeda e todos os consequentes problemas que daí advêm. Acredito que o Eurogrupo vai conseguir sair do impasse em que está e a própria União Europeia e a Europa assim vai conseguir sair da crise e continuar o seu desenvolvimento; não contra ninguém, mas em cooperação com todos, dentro e fora da Europa.
A verdade é que a crise europeia não é principalmente da União Europeia, mas de alguns países-membros da União Europeia que já a tinham bastante desenvolvida e que  agora a lançaram na União Europeia ao se agarrarem a essa bóia. Não é correcto nem decente fazer países-membros que sempre viveram com controlo e com regras para manterem as suas economias saudáveis verem-se agora a pagar o desregramento, a incompetência e o dolo que se tem vivido noutros países-membros. Há pais que não aceitam fazer isso pelos seus filhos e têm todo o meu apoio e compreensão. Não se pode tolerar a prodigalidade e até incentivá-la.     

Lagos, 26 de Março de 2013
sobre  A História do VATICANO
Fala-se e escreve-se sobre o Vaticano como se fosse o que tem vindo a acontecer com as outras Igrejas: os responsáveis pela Igreja pedem aos órgãos municipais do país onde querem construir a sede um terreno de uma determinada superfície, que seja gratuito para a dita Igreja e mais uma série de concessões, as que for possível obter e depois faz-se a construção do edifício e espaços com donativos e outras fontes de receitas que chegam de toda a parte, cedidos pelos membros dessa Igreja. A partir deste conhecimento, falam e comentam sobre o Vaticano e a Igreja Católica que têm uma origem completamente diferente.
Acontece que a história do Vaticano começa no século IV, com as Cruzadas e a doação de territórios por parte de Imperadores e reis como recompensa pela coragem e bravura destes religiosos militares na defesa dos Lugares Santos como aconteceu com tantos e tantos nobres e está na origem de tantos países, incluindo Portugal.
Durante mais de mil anos, desde o Imperador Carlos Magno (século IX) o Vaticano, na altura chamado Estados Pontifícios ou Estados da Igreja, tem um território que abrangia a maioria dos Estados do centro da Península Itálica, incluindo a cidade de Roma e partes do sul da França. Era um Estado formado por um conglomerado de territórios que permaneceu como Estado independente de 752 a 1870, cuja capital era Roma e era governado por um Papa.
Durante o processo de unificação da Península Itálica, foi o Estado - Vaticano – que foi cedendo territórios para que a Itália existisse como país. É a Itália que recebeu do Vaticano e não o Vaticano que recebeu da Itália como querem fazer crer.
A 13 de Março de 1871, o rei Vítor Emanuel II, da Itália e o Papa Pio IX concordaram com a criação da cidade do Vaticano actual, (as leis de garantia), no território de Roma que passou a capital da Itália e o compromisso de o Papa permanecer como Chefe de Estado do Vaticano como compensação pelos territórios cedidos para a unificação da Itália,
Contudo esta situação, denominada Questão Romana, não foi bem aceite pelos católicos de todo o mundo e só terminou em Fevereiro de 1929, quando o presidente da Itália, Benito Mussolini e o Papa Pio XI assinaram o Tratado de Latrão, pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre a cidade do Vaticano, sede da Igreja Católica, declarado Estado soberano, neutro e inviolável, como temos Luxemburgo, Mónaco, Liechenstein, ... Este tratado também concede uma indemnização financeira ao Vaticano pela sua perda de territórios devido à unificação da Itália e a Itália aceita a religião católica como sua religião oficial. Em 1947, a República Italiana ratifica novamente este tratado com uma Concordata.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Estado do Vaticano seguiu uma política de neutralidade como Portugal, Suíça, Suécia, … durante o pontificado do Papa Pio XII. Apesar de Roma ter sido ocupada pelas tropas nazis alemãs a partir de 1943 e pelos Aliados em 1944, o Estado do Vaticano nunca foi ocupado por ter exactamente escolhido uma posição de neutralidade.
Em 1978, a Concordata entre o Vaticano e a Itália foi reformulada para que o catolicismo deixasse de ser a religião oficial da Itália, para que o Estado de Itália não tivesse religião oficial, fosse leigo. 
Actualmente o Estado do Vaticano é a sede da Igreja Católica romana e situa-se na margem ocidental do rio Tibre, no centro ocidental de Roma. Em 2006, contava com cerca de 932 habitantes. A cidade é rodeada por muralhas medievais e renascentistas, com excepção da parte sudeste, onde se localiza a Praça de S. Pedro. Das seis entradas, só três, a Praça do Arco dos Sinos, a fachada da Basílica de S. Pedro e a entrada para os museus do Vaticano, estão abertas ao público. Por detrás das muralhas, existe a nação-miniatura que tem uma área de 0, 44 km2. O edifício mais imponente é a Basílica de S. Pedro, construída durante o século IV e reconstruída no século XVI, considerada a Sé dos 700 milhões de católicos de todo o mundo.
A vida cultural declinou muito desde a Renascença, altura em que os Papas eram os patronos das artes italianas. Os museus do Vaticano contêm os frescos de Michelangelo Buonarroti na Capela Sistina, uma das maiores atracções turísticas da cidade. A Biblioteca inclui uma colecção valiosíssima de manuscritos das eras pré-cristã e cristã. O Palácio do Vaticano é um dos maiores do mundo e contém valiosas colecções de obras de arte.❐
BIBLIOGRAFIA



Lagos, 25 de Março de 2013
sobre  A Crise em Portugal  
Estamos num tempo de mudança de paradigma. Os EUA, a Europa e consequentemente Portugal têm vindo a situar-se numa posição de liderança e com as melhores condições de vida relativamente ao resto do mundo e isto já há vários séculos. Actualmente têm vindo a surgir economias, ditas emergentes, onde começam a liderar a China, a Rússia (com a Comunidade dos Estados Independentes CEI), o Brasil, por esta ordem. Estes países têm uma ideologia próxima, objectivos a alcançar, espaço e condições para prosperar e expandir-se.
Os Estados Unidos, a Europa e consequentemente Portugal, por estarem no topo, têm muitas restrições comparativamente aos países emergentes e, por isso ficam sem capacidade de manobra, resiliência e com necessidade de retroceder e retroceder significa perder privilégios.
Uma crise financeira e na construção civil nos EUA desencadearam crises por toda a Europa porque era usada a mesma política dos EUA e grandes perdas no consumo por falta/diminuição nas suas fontes de receita e que obrigaram/obrigam a uma mudança brusca de paradigma. Em Portugal, esta mudança brusca de paradigma tem vindo a ser utilizada para transformar a sociedade portuguesa social-democrata com três níveis sociais onde a classe média é o nível mais alargado numa sociedade portuguesa ultraliberal, dualista com uma classe alta restrita, muito rica, de empresários e quadros superiores do sistema que compra principalmente bens importados, de marca, de luxo e uma classe muito alargada de pobres e muito pobres com um poder de compra muito limitado; actualmente já nos situamos nos últimos lugares, exactamente no terceiro lugar a contar do fim, só acima da Roménia e da Bulgária e também uma sociedade de castas, isto é, sem permeabilidade entre estas classes.
Acresce a isto, sermos governados para diminuir o défice drasticamente sem qualquer atenção ao que se passa na sociedade e termos uma sociedade civil que finalmente tem vindo a ficar cada vez mais organizada, mas que se sente refém dos compromissos assumidos pelo crédito que obteve e vai obtendo e sem o qual já no tempo do Governo Sócrates teria ido à bancarrota e continua a necessitar desse crédito ou via empréstimos bancários ou via obrigações do Tesouro na Bolsa de Valores Internacional para o seu dia-a-dia do Estado e do funcionamento da economia.
Têm sido feitas algumas asneiras devido à cegueira do governo relativamente à sociedade portuguesa que têm tido como consequência até mesmo a dificuldade e não-obtenção dos níveis desejados do défice nas Contas Públicas. Este governo já alcançou muitos dos seus objectivos na diminuição dos privilégios dos trabalhadores também na Segurança Social, mas destruiu a coesão da população portuguesa, destruiu a população portuguesa e expulsou os melhores quadros de jovens portugueses para fora do país.
Os portugueses ainda aguentam? Há uns, escolhidos, quadros superiores na vida activa a quem nada disto afecta; há outros que têm vindo a sofrer cada vez mais restrições e já têm dificuldade em aguentar e há os desempregados com mais de 35 anos de idade que já não têm nada de nada, não têm nada a perder e já não aguentam mais.
Por outro lado, há sabotagem aos países da União Europeia e ao seu status quo, onde está incluído Portugal, que os põe ainda mais à deriva e sem perceber muito bem o que se passa enquanto tentam encontrar o novo paradigma que se lhes adeqúe. Pode-se destacar a greve nos portos portugueses, sendo as exportações a nossa tábua de salvação; a questão energética tão essencial para a Europa e da qual somos dependentes, as crises bancárias, a agitação social violenta, o enorme afluxo de imigrantes principalmente a Itália ... Aliás a Grécia, a Itália, Chipre por enquanto são os exemplos mais paradigmáticos de desgaste corrosivo... E a barca segue!❐    

Lagos, 20 de Março de 2013
sobre  A Igreja Católica
Qualquer Igreja/organização tem três vertentes, apesar de se falar apenas numa: tem a vertente espiritual, tem o património religioso que alimenta o espírito e a alma e tem a vertente temporal e nenhuma delas pode ser descurada. A vertente espiritual é a sua missão apoiada no património religioso; a vertente temporal é o sustento e a segurança dos que trabalham na Igreja e a ajuda a quem necessita.
Também a Igreja Católica tem estas três vertentes e dois milénios de vida.
A vertente espiritual, apoiada no património religioso, é a sua missão cujo mandato recebeu de Jesus Cristo antes da Sua Ascensão aos céus "Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide e fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho transmitido. Sabei que Eu estarei sempre comvosco!" (S. Mateus 28, 18-20).
A vertente temporal tem a ver com as necessidades de alimento, vestuário, abrigo, educação, ... que todos nós que cá vivemos temos independentemente de sermos crentes, ateus ou agnósticos; os católicos não são diferentes "O trabalhador merece o seu salário."(S. Lucas 10, 7).  Além desta perspectiva, ainda há a perspectiva da ajuda e apoio aos pobres, necessitados "Judas Iscariotes tinha a bolsa" (S. João 13, 29), isto é, Judas foi escolhido para administrador dos bens da comunidade. Acredito que os bens que iam sendo doados à comunidade não eram todos vendidos imediatamente e que, a partir de certo momento, era mais razoável conservar os bens e ir vendendo as colheitas e assim fazendo face às despesas que iam surgindo, pois havia muita gente para alimentar, vestir, ... Após a Ascensão de Jesus Cristo aos céus, a Igreja passou a reger-se de outra forma, não entregando todos os seus bens à comunidade, mas sim dando à comunidade segundo as necessidades e as suas posses "Os discípulos, cada qual segundo as suas posses, resolveram então enviar socorros aos irmãos da Judeia (...)." (Actos dos Apóstolos 12, 29) Contudo havia uma outra perspectiva "desse alguma coisa aos pobres" (S. João 13, 29). A perspectiva da caridade, isto é, da esmola, do apoio, do auxílio a quem precisa e do que precisa seja indivíduo, família, novos, velhos, comunidades, ... Actualmente temos a ONG 'Ajuda à Igreja que Sofre' e muitos mais movimentos caritativos e missionários. Queremos sempre que os gestores sejam bons gestores e que no fim de cada mandato o património seja superior ao património que havia no início do mandato. Nos tempos de crise é sempre mais difícil. Passados dois milénios, temos confiança que o património da Igreja Católica já tenha a segurança e a firmeza de um carvalho, apesar de as despesas fixas serem enormes e enormes serem as despesas extraordinárias. Acredito que é um património gerido com ética, transparência, benevolência, ... segundo os valores cristãos.
A vertente Património Religioso é a vertente da arte, da beleza da arte também muito bela na transmissão do louvor a Deus e na transmissão da glória de Deus a cada um de nós que se sente deslumbrado e maravilhado perante tanta beleza que nos transmite Deus e a Sua Família. É uma outra perspectiva da evangelização que tanto nos apoia e que expressa muito mais do que as palavras. Estas ficam sempre aquém. O património religioso da Igreja Católica é um bem desta, mas é também património da humanidade, pois seja quem for que o queira, pode dele aproximar-se e encher-se da sua espiritualidade que tão imensamente nos enriquece. A Igreja primitiva já usava os frescos nas paredes para assim fazer compreender melhor o que as palavras não conseguiam exprimir. Claro que escolhiam os que tinham mais qualidades para desenhar e pintar. Trata-se de um bem tão valioso que não tem preço, mas que se gasta muito para a sua manutenção, conservação e restauro.
Acredito que em todas estas vertentes é preciso preservar a dignidade: a dignidade de Deus e toda a Sua Família, a dignidade do ser humano, a dignidade da Eucaristia. Dignidade não tem nada a ver com soberba. Jesus Cristo foi sempre muito digno!©

Lagos, 25 de Fevereiro de 2013
sobre  Cortes nas Forças Armadas
Na minha condição de leiga nestes assuntos de Defesa e Segurança, gostaria de afirmar que, na minha opinião, a defesa e a segurança de um país, neste caso - Portugal, não podem estar sujeitas a linhas políticas e estratégias políticas dos diferentes governos que passam pelo país e muito menos podem estar sujeitas às suas dificuldades económicas e/ou financeiras. Mais do que os bancos, as Forças Armadas têm direito a esse tratamento de excepção porque estas precisam de estabilidade constante para se concentrarem nas sua funções que são essenciais para a independência/ legitimação/soberania de Portugal.
Acho que a Estratégia das Forças Armadas Portuguesas deve ter três vertentes: o próprio país, a União Europeia e a NATO. O orçamento do próprio país deve manter-se sempre proporcional ao que se exige às Forças Armadas de acordo com as dimensões do país, as suas condições geográficas e climáticas e há que aproveitar o que for possível dos fundos e orçamentos da União Europeia porque existem serviços e funções coincidentes e não se deve utilizar os orçamentos de Portugal para as questões europeias (já damos a nossa quota-parte como país-membro), mas utilizar esses orçamentos e fundos para melhorar as Forças Armadas Portuguesas (isso é aceitável em qualquer parte), pois há um mínimo necessário obrigatório que se precisa manter para salvaguardar o país também como país fronteiriço da União Europeia que é. É importante não esquecer a atlanticidade de Portugal e a sua centralidade face ao mundo que o torna muito especial e desejado.  
A Defesa e a Segurança de Portugal é um assunto das  Forças Armadas Portuguesas; a Defesa e a Segurança da União Europeia é um assunto da cooperação entre os países-membros da União Europeia, da qual Portugal faz parte.
Esta é uma problemática das  Forças Armadas Portuguesas, outra problemática das  Forças Armadas é a racionalização dos seus meios pessoais e operacionais que está relacionada
ü  com a quantidade de indivíduos nos vários sectores e níveis hierárquicos das Forças Armadas;
ü  com a quantidade de equipamentos e tipos de equipamentos necessários para o território de Portugal;
ü  com a renovação dos equipamentos nos prazos adequados a cada tipo para não ficarem obsoletos;
ü  com a procura de sinergias em todas as áreas onde seja possível.
As  Forças Armadas são a coluna vertebral de qualquer país e não podem ser negligenciadas se realmente houver patriotismo por parte de quem nos governa. É muito importante estar atentos ao que se passa próximo das nossas fronteiras e a nossa defesa passa por aí, mas não só. O World Trade Center foi totalmente destruído sem quaisquer movimentos estranhos nas fronteiras; os ataques no metropolitano de Madrid aconteceram sem quaisquer movimentos estranhos nas fronteiras de Espanha;  grande parte do território do Mali foi tomado e formou governo sem que as Forças Armadas do Mali se manifestassem, depois é que pediram ajuda; o Egipto está a ficar um Estado antidemocrático sem que as fronteiras tenham sido atacadas, ...
Por outro lado, qualquer país precisa de um serviço militar obrigatório onde os mais aptos são instruídos nas técnicas e estratégias militares básicas dentro do número adequado às nossas condições e território, ficando depois em situação de reserva e contactáveis para o caso de qualquer eventualidade porque o fim da paz acontece quando menos se espera.

Lagos, 21 de Fevereiro de 2013
sobre  A Quaresma e o Exame de Consciência
Escutei recentemente uma homilia da qual gostei muito e da mesma destaco:
"Ultimamente repete-se muito 'Não digas a Deus quão grandes são os teus problemas, mas diz aos teus grandes problemas quão omnipotente é Deus.'   
Também destaco 'Recentemente um avião de passageiros teve um grave problema ao aterrar e foi graças ao controlo e perícia do seu piloto que o avião conseguiu aterrar sem perdas de vidas. Quando o avião estava já na pista e as portas se abriram para os passageiros saírem; estes levantaram-se dos seus lugares e ovacionaram longamente em agradecimento o piloto que lhes tinha salvado as suas vidas.
Poucos dias depois, veio a saber-se que aquele piloto tinha problemas de alcoolismo e outras dependências e sozinho não estava a conseguir põr-lhes um fim. Então alguns desses passageiros contactaram amigos e uma instituição especializada que organizou um programa adequado a este homem e à sua vida profissional e atualmente já está qase completamente recuperado.'
Recordo estes factos apenas para mencionar que todos precisamos uns dos outros, sejam eles do nosso grupo ou não; muitas vezes não são. Ninguém é autossuficiente. Aquele homem conseguiu salvar tantas vidas, mas sozinho não estava a conseguir salvar a sua."

Lagos, 18 de Fevereiro de 2013
sobre O Adeus do Papa Bento XVI
Vivemos o III milénio, o século XXI e a Igreja tem já dois mil anos de existência e todos temos já a noção de que se opera uma mudança de paradigma e a Igreja precisa também de operar esta mudança e estar cada vez mais em união específicamente entre ordenados e leigos católicos.
João Paulo II  e Bento XVI são os primeiros Papas deste III milénio. (Já agora PAPA é ABBA em aramaico, papá ou paizinho em português. É importante termos consciência desta noção.) João Paulo II e Bento XVI são pessoas muito diferentes fisicamente, em relação à idade, mas são dois Papas inovadores. João Paulo II já tinha abordado a questão da resignação, mas não se atreveu e muitos de nós gostaríamos que ele o tivesse feito. Digo 'nós' como leiga católica e praticante que sou e que sofri muito, vendo-o naquele sofrimento sem um queixume e fazendo um esforço sobrehumano para levar a cabo as obrigações inerentes a este cargo.
Acredito que foi o exemplo do Papa João Paulo II, já no fim da sua vida, que levou o Papa Bento XVI a não querer chegar a tal extremo, exercendo o seu cargo. É apenas a minha opinião. Bento XVI é uma pessoa de grande coragem, embora reservado. Acredito que são os mais corajosos. Demonstrou-o no Concílio Vaticano II, também ao aceitar o cargo de Papa para suceder a João Paulo II, pouco ter-se-iam atrevido e agora ao declarar a sua resignação. Os leigos católicos têm uma grande resiliência e, até ao facto acontecer, eles mantêm-se conservadores, mas perante o facto consumado aderem imediatamente com alegria e ainda bem.
Acredito que Deus vai operando na Igreja e também acredito que Deus, Jesus Cristo, o Espírito Santo estão com Bento XVI nesta decisão e acredito que este é o caminho certo porque a actividade de Papa mudou com o III milénio e com  João Paulo II; não está mais restrita só ao Vaticano: quando o Papa já não se sente em condições físicas e psicológicas para exercer o seu pontificado põe o seu cargo à disposição para a eleição de novo Papa e acredito que isto é que está certo porque na Igreja não há o culto da personalidade, mas um cargo – o mais elevado, o de Papa – a ser desempenhado pelo cardeal mais competente para os objectivos da Igreja no momento e que é escolhido pelo Colégio Cardinalício por inspiração de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo. A tradição é tradição até haver algo suficientemente forte para ser elemento de viragem para o início de uma nova tradição. Estamos todos, tudo está em constante evolução: nem os tempos nem o modo são da nossa conta, apenas as decisões e suas consequências, boas ou más. Assim é! ©

Lagos, 04 de Fevereiro de 2013
O Estado Português 
O Estado Português tem vindo a passar por uma grande reforma.
Primeiro, é importante recordar que o Estado foi criado e continua a existir para servir a população do seu país nas suas várias vertentes, incluindo a segurança do país e o seu bom funcionamento e para isso toda a população contribui com os impostos que paga. Contudo a população não é estática, ela está em constante migração dentro do país e também sai do país, emigra, deixando o país com menos população. Então se os centros administrativos, de segurança, ... continuam sempre nos mesmos edifícios e com o mesmo número de pessoas; a administração pública, que num dado momento era eficiente e eficaz, deixou de o ser porque passou a servir mais pessoas ou passou a servir menos pessoas, se estas se deslocaram para outros centros administrativos e assim aumentaram os seus custos administrativos per capita, diminuiu a sua produtividade, aumentaram a desmotivação por falta de trabalho no posto de trabalho, a insegurança por sentirem o seu posto de trabalho em perigo, ...
Por tudo isto, há necessidade de, de tempos a tempos, promover grandes reformas onde se faz uma actualização do aparelho do Estado nas suas várias áreas e níveis. Para a reestruturação do aparelho do Estado há que saber estudar a densidade populacional de centros geográficos escolhidos, devido à relação proporcionalmente directa entre a quantidade de pessoas que os habitam e os centros da Administração, para determinar onde colocar estes centros, qual a sua dimensão física adequada, qual o número adequado de funcionários de modo a que cada centro da Administração seja eficaz e eficiente, não só no momento da reforma, mas ainda por uns bons anos.
Qualquer Grande Reforma não se faz num mandato ou dois, mas a longo prazo e não é possível fazê-la de uma só vez. Após tomada a decisão de iniciar a Reforma do Estado, há que estabelecer objectivos, elaborar estratégias, programar cada estratégia aprovada, controlar os prazos e os gastos e promover ajustamentos que se julgam necessários para que o resultado final seja sempre igual ou melhor do que o planeado. Só assim vale a pena um gasto tão elevado do erário público e tanto empenho. Tudo isto deve passar de Governo para Governo, mesmo que de partidos políticos diferentes.
Actualmente temos cerca de 600 mil funcionários públicos, isto é, 13% da população portuguesa trabalha na Administração Pública, a sua média de idades é 44 anos e 47,4% dos quais tem formação universitária. Como em qualquer organização, na Administração Pública também se devem
criar as condições para avaliar o desempenho de cada um dos seus funcionários;
ampliar a transparência;
aumentar a motivação do pessoal;
melhorar a sua liderança;
aumentar a sua confiança no Governo, já que é a ele que reporta.
A Administração Pública reporta ao Governo, tendo como patrão a população que, com os impostos que paga, lhes paga os seus salários (ao Estado) como, numa empresa, os empregados reportam ao gerente/administrador/gestor, mas o seu patrão é o proprietário da empresa ou os accionistas da empresa.
O Estado existe em Portugal desde que este existe, desde 1143, conforme o atestam documentos da Santa Sé, em Roma. São muitos anos e séculos e o Estado Português sempre se foi reestruturando com a sabedoria, o bom-senso e o amor a esta terra por parte das gentes que tiveram o privilégio de se encontrarem em posições de poder para a (Reforma do Estado) poder executar. Então manda o bom-senso não considerar o que existe zero e de o Governo Central, em Lisboa, decidir e mandar executar tudo de início.
Como em qualquer reforma, há necessidade de saber o que existe, avaliar o que se pode aproveitar, adequar isso ao que se pretende e "restaurar" como se fosse um imóvel ou móvel do qual gostamos muito e queremos preservar, saber que cortes é possível concretizar, onde, que orçamentos serão os mais adequados para cada caso ... Só assim faz sentido a Reforma do Estado.
Então, na minha opinião, o Governo Central tem de, primeiro, saber o que se passa pelas Administrações Públicas deste país em diálogo aberto com os centros locais da mesma. Parece-me que as Comissões de Acompanhamento têm aqui um papel fundamental como intermediárias. Depois, tomam-se as diversas decisões a nível governamental, tomando em atenção a densidade populacional e desenhando círculos abrangendo, sempre que necessário, áreas de pequena e média densidades populacionais; isto porquê? Porque é necessário que cada centro administrativo seja eficaz e eficiente e que cada centro se pague, o mais possível, a si mesmo. Então cada centro administrativo tem de servir um número de pessoas suficiente para os funcionários do centro e este centro que fica no centro do círculo, equidistante para toda a população que serve, tem de ter um raio que, na circunferência, não abranja pessoas que morem muito longe do centro administrativo. Há que tomar atenção à possibilidade de existência de transportes públicos e vias de acesso a estes centros.
Se há lugar onde existe burocracia, isso é principalmente na Administração Pública e ela serve objectivos concretos da Administração Central e isso é positivo, mas também serve objectivos concretos de alguns funcionários que se servem dela (burocracia) e isso é negativo e há que extrair esses problemas.
Mas o Estado não é apenas a Administração Pública; é também a Educação, a Saúde, a Defesa, a Segurança, o Parlamento, a Justiça, ... Em todos estes sectores, faz sentido o que eu escrevi para a Administração Pública, em geral.

Lagos, 28 de Janeiro de 2013
Emigrantes Portugueses 
A emigração é infelizmente uma das características da sociedade portuguesa; só que a actual está a atingir contornos nunca dantes alcançados porque, pela primeira vez, a sociedade portuguesa estava com um bom nível de jovens na universidade e com uma boa percentagem de formação superior universitária e afinal agora estes jovens, necessários na sociedade portuguesa para a tornar mais próspera no novo paradigma que se está a formar, estão quase todos a ir para a emigração devido à falta de emprego para cá ficarem e ao ridículo dos salários que os poucos que cá ficam auferem e estes exemplos são mais um motivo para ironizarem e se rirem com os seus colegas estrangeiros do que deixaram para trás. Aproximadamente 200 mil jovens saíram de Portugal nos últimos 2/3 anos. Em Portugal, temos actualmente 70% do emprego em pequenas e médias empresas, 40 mil jovens no desemprego, meio milhão de pessoas a trabalharem a recibos verdes. [De 2005 a 2011, Portugal registou 238 mil desempregados entre a sua população.]
A emigração tem causas e consequências; estas tornam-se causas que nos levam a outras consequências e por aí adiante ... A falta de emprego é uma das causas da emigração e gostaria de me debruçar sobre esta sua vertente. Gostaria de recordar que durante o primeiro mandato de Sócrates começou a haver preferência por certas empresas de amigos, colegas de quem nos governava na altura em detrimento de outras empresas; começou a haver emprego apenas para alguns; instalou-se a moda de "gastar e não pagar" ... alguns empresários vieram à praça pública apresentar as suas queixas, mas de nada lhes serviu. Foi-nos informado através da televisão que o que se pretendia era uma ditadura; a democracia era apenas um meio para chegar à ditadura. Com a ajuda da crise financeira nos Estados Unidos, começaram a ir à falência muitas pequenas e médias empresas sem que tivessem qualquer apoio, muitas pessoas passaram a ficar sobreendividadas e foram declaradas insolventes, muitos fornecedores ficaram sem receber, muitas empresas faliram por falta de liquidez, ... tudo isto se foi desenrolando em crescendo ... No segundo mandato de Sócrates, já havia muita gente a se vestir sempre de negro, jovens e não jovens, parece um passaporte para estar in e tudo continuou em crescendo ...
O segundo governo de Sócrates caiu e o principal partido na oposição, o PSD, ganhou as eleições e formou governo. Para além das famílias sobreendividadas, das empresas privadas sobreendividadas, o Estado Português também estava sobreendividado e as empresas públicas também e havia necessidade de diminuir bastante as despesas do Estado para o tirar da bancarrota onde estava porque já o primeiro-ministro Sócrates não conseguia pagar as despesas correntes do Estado sem o recurso a obrigações do Estado vendidas no mercado internacional de capitais a juros de dois algarismos e depois, aos empréstimos da Troika. Muitos funcionários públicos foram para o desemprego, muitos cortes nos rendimentos da população portuguesa que lhes baixou bastante o poder de compra, muita falta de clientes no comércio, não surgem novas empresas, os bancos muito renitentes em conceder crédito a empresas e indivíduos, muitos e muitos jovens e menos jovens a saírem do país, muitas crianças a ficarem por nascer em Portugal. Em 2011, foram 32 mil empresas que faliram; em 2012, foram 27 mil empresas que faliram ... Durante esta crise, cerca de 73 mil empresas foram à falência, representando 24% do tecido empresarial.
Se se tivesse cuidado das pequenas e médias empresas com apoio de vária ordem para que não fossem à falência, a sociedade sempre conseguiria absorver e aguentar a diminuição dos funcionários públicos e o corte nos rendimentos desde que houvesse as condições para os desempregados que iam surgindo conseguirem criar o seu próprio negócio e dar trabalho a alguns. Quando se pretende cortar num lado, temos de primeiro preparar as condições para melhorar noutro lado e assim canalizá-los e minimizar as consequências do corte porque, se não as consequências são sempre desastrosas e o Estado é o primeiro a sofrer consequências com a diminuição das receitas e o descontentamento geral da população. O único escoamento para os cortes e a diminuição do emprego que surgiu foi a emigração que pode trazer aumento das divisas ao Banco de Portugal, mas muitas consequências negativas como envelhecimento da população portuguesa, quebra drástica na natalidade, população portuguesa apenas obediente, sem criatividade nem inovação, marasmo na economia, diminuição das receitas do Estado, corpo científico diminuto, uma regressão completa no país a níveis muito difíceis de quebrar de novo.

Lagos, 21 de Janeiro de 2013
A Reforma do Estado 
 Pretende-se uma Reforma do Estado ou pequenas reformas do Estado para o ir adaptando e actualizando a pouco e pouco sem fazer uma grande Reforma do Estado?
Acontece que temos tido e estamos a ter ambas.
Em ambas há ideologia política. Só se fazem pequenas reformas ou uma grande Reforma do Estado quando há algo a alterar; algo que não corresponde à ideologia política do Governo em funções. As pequenas reformas podem levar a uma grande reforma do Estado e esta pode levar até a uma nova Constituição.
Com a Revolução do 25 de Abril, o processo foi oposto: fez-se uma revolução, criou-se uma nova constituição, fez-se uma grande Reforma do Estado e, após, pequenas reformas do Estado para ir adaptando a grande Reforma à realidade da sociedade portuguesa numa via socializante. Depois, pela via democrática das eleições em que a grande maioria do eleitorado tem votado ao centro do espectro político, foram-se fazendo pequenas reformas na Constituição e no Estado aproximando o país e o Estado da social-democracia, governando o país em alternância o PSD (partido social-democrata) e  o PS (partido socialista) afirmando sempre ser um partido social-democrata, apesar de não alterar o seu programa nem a sua cor-base. Agora temos a ala liberal, popular do PSD e o PP (partido popular)  que englobam a direita liberal, conservadora no Governo de Portugal.
Então aqui está o cerne da questão: a grande Reforma do Estado que tem vindo a acontecer com este Governo de coligação. Pretende-se um Estado liberal, popular, conservador.
Acredito que, para a Troika, tanto faz termos um Estado social-democrata ou um Estado liberal, conservador desde que o dinheiro que nos têm vindo a emprestar para pagar as dívidas do Estado (português) e este país conseguir sobreviver como um Estado minimamente aceitável, lhes seja pago com os juros inerentes e se mantenha a democracia em Portugal. Só que a Democracia também tem vários níveis e eleições livres é o seu nível mais elementar. Para alcançarmos os outros níveis da Democracia, temos de ter uma sociedade civil à altura e isso depende de todos e de cada um de nós, portugueses.
Eu sou a favor de um Estado com preocupações sociais e autenticamente democrático. Por isso gostaria que Portugal se mantivesse num país de três níveis sociais: classe alta, classe média, sendo esta a mais alargada e classe baixa e com o coeficiente entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres por volta dos 5 ou 6 como é característica e um dos objectivos dos países-membros da União Europeia e cujo coeficiente, para nós, sempre foi muito superior. Porém está a ser construída uma sociedade dualista com uma classe alta muito rica e restrita e uma classe baixa muito alargada, pobre e muito pobre como já tivemos antes do 25 de Abril para falar apenas nos tempos históricos mais recentes.
A exigência de cortar 4 mil milhões de euros nas despesas do Estado, como várias outras medidas, foram o "cavalo de Tróia" para a criação da sociedade dualista. Continuo a considerar a União Europeia a nossa tábua de salvação para que Portugal se mantenha uma democracia.
O Estado social de Portugal, se se mantiver numa social-democracia após a crise, depende das receitas que o Estado português conseguir angariar, mantendo sob controlo as despesas. Nesta fase de crise, com a dívida enorme que o Estado está a pagar, pouco sobra para o Estado social. Contudo acredita-se, temos esperança de que as receitas do Estado subam e subam bastante, após a diminuição do peso da dívida no PIB e com toda a sociedade a contribuir equitativamente para um Estado eficaz e eficiente, com empresas portuguesas em abundância tanto em Portugal como por todo o mundo e todas a contribuirem para as receitas do Estado, com uma fiscalidade equitativa, com as empresas públicas a darem dividendos aos cofres do Estado e sem elefantes brancos.
Parece que há uma ala na sociedade portuguesa que acha que temos a sina ou estigma de sermos eternamente miseráveis ou pobres porque não temos recursos naturais. A África é o continente mais rico em recursos naturais e é o continente mais pobre porque a riqueza de qualquer país está nas suas gentes e na capacidade ou não daqueles grupos que dominam a sociedade de aproveitarem as capacidades intelectuais das gentes deste país. Quando a ordem dominante é a obediência cega a tudo e todos; isto só leva unicamente e apenas à destruição de toda a criatividade e empreendedorismo incluindo os que dominam a ordem dominante e expulsão encaputada e tácita de toda a criatividade e empreendedorismo cá existentes e também o futuro do país porque são eles que produzem bebés com as mesmas características inerentes a este país, incluindo amor a esta terra e a esta gente.

Lagos, 08 de Janeiro de 2013
Crescimento Económico 2  
 Uma economia, mesmo em crise, não se pode basear apenas no investimento público porque o Estado está com falta de recursos financeiros, mas sim utilizar o investimento público que lhe é possível de uma forma muito racional e contida, na fase de transição por que a economia está a passar, até que o novo modelo macroeconómico esteja equilibrado.
Nesta fase, o Governo tem de ser o sustentáculo de toda a sociedade, tentando conhecer bastante bem o que se passa nela e tomando todas as medidas para que os estragos da crise sistémica sejam mínimos. Contudo o Governo português tem estado muito limitado devido ao peso da dívida pública e ao esforço para reduzir a despesa pública e conseguir suster o país sem que este caia na bancarrota; mas isto não o impede de tomar medidas legislativas adequadas para o novo modelo económico a implantar após a ruptura do que tínhamos que fez crescer a despesa pública a um nível muito superior ao nível das receitas de Portugal. Assim são necessárias medidas legislativas do parlamento e do governo para a remodelação da sociedade principalmente na economia pública e privada, investimento público, privado, estrangeiro, na área social, da educação, saúde, justiça, defesa mais relacionadas com o Estado, mas a remodelação da sociedade faz-se a todas as áreas.
Pretende-se o crescimento económico de Portugal, só que o crescimento económico é um item que não existe de per se, mas é um item resultante de muitos outros itens e por isso o crescimento económico só acontece quando toda a sociedade contribuir para isso, quando toda a sociedade se reestruturar. Há vários elementos na sociedade que dificultam este crescimento económico devido a várias circunstâncias: comodismo, aversão à inovação, corrupção, burocracia, perda de benefícios, ... e por isso são muito importantes organizações como o Conselho Económico e Social, o programa "Prós e Contras", o programa "Portugal sou Eu", o Conselho do Estado, a Plataforma para o Crescimento Sustentável, a UGT e CGTP, a CIP e tantas outras para que cada sector compreenda os problemas dos outros sectores e exponha os seus próprios problemas; para que se exponham estratégias a adoptar e se decida  que estratégias adoptar a curto, médio e longo prazos e depois cada sector leve mesmo essas estratégias à prática, programando e concretizando. Agora decidir apenas para o curto prazo não é trabalho sério porque não se perspectiva as consequências de cada uma das estratégias e isso significa perda de tempo, de dinheiro, de esforço que poderiam ter sido bem utilizados nas estratégias bem pensadas e decididas. Isto diz respeito ao governo também porque ele não pode programar sem o conhecimento e o respeito pela sociedade civil já que foi ela que lhe deu o mandato para governar. Claro que o governo tem o seu programa, mas esse programa tem de ser constantemente ajustado, actualizado às realidades que vão surgindo na sociedade civil.  Toda a sociedade  tem de trabalhar no mesmo sentido e resolver a parte que lhe cabe para que se chegue ao crescimento económco sempre em sintonia com o que se passa na Europa e no mundo porque tudo está ligado.
Culpa-se os bancos porque não disponibilizam o crédito aos empresários, mas isso nunca foi problema porque, quando os empresários portugueses não conseguem crédito em Portugal procuram-no extraPortugal e sempre o conseguem algures. Agora a questão está mesmo em que não há muita vontade de investir em Portugal porque as facilidades são muito superiores nos países emergentes e os ganhos também, mas essa é outra história. 


http://goo.gl/RSVXh5    site da Confraria dos Bolos D. Rodrigo, Lagos, Portugal


Os meus filmes

1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos

Os meus blogues

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