Venho
partilhar convosco este meu trabalho “Minhas Crónicas e Afins
(2002-07)” - I volume.
“Minhas
Crónicas e Afins (2002-07)” de
Maria
de Portugal
Apresentação
“As
minhas crónicas e afins”
surgem
de um hábito de adolescência de extrair dos livros que lia o que eu
achava mais importante para recordar mais tarde ou algum comentário
que me ocorresse na altura que o livro ia sendo lido. Tinha sempre um
caderno comigo para estas anotações.
Pouco
depois comecei a escrever o meu “Diário”
que não escrevia diariamente, mas quando tinha algo que gostaria de
registar.
Nos
inícios deste milénio, por vários factores, comecei a registar as
minhas impressões e opiniões sobre o quotidiano e assim foram
surgindo estas minhas crónicas.
Agora
divulgo-as porque elas são do meu e do vosso quotidiano e assim
vamos recordando e criando memória juntos.
Apresento-as
em flashback
porque me parece a apresentação cronológica mais adequada a esta
situação.
24
de Dezembro de 2007
Tradições
...
Tenho
ouvido falar da tradição portuguesa ... da árvore de Natal e das
prendas debaixo da árvore e de abrir as prendas à meia-noite e isso
é tudo mentira; é tudo importado e tem pouco mais de vinte anos.
Querem fazer disto tradição (alguns), mas isso actualmente só
serve para venderem nas escolas às crianças portuguesas que ainda
não têm memória. Eu, que já passei dos cinquenta e tenho memória
(com a graça de Deus) sei que a tradição portuguesa é bem
diferente. Sei-o porque na escola, após as férias do Natal, se
falava e se escrevia sobre como se tinha passado e o que se tinha
feito e era tudo pouco mais ou menos assim:
Nas
duas semanas próximas do Natal, procurava-se o musgo para montar o
presépio. Era preciso pouco na nossa casa e era um trabalho meu e
dos meus dois irmãos. Lá íamos os três (eu com uma caixa de
papelão e plástico se fosse necessário sobrepor, para que o musgo
não se partisse ou ficasse sujo). Os meus irmãos já sabiam onde
havia musgo bonito, perto. Depois, em casa, eu montava o presépio.
Cobria o centro do tampo do aparador da casa de jantar com um outro
plástico que guardava, amarrotava papéis para fingir montes. Cobria
tudo com o musgo adequado a cada lugar e punha primeiro a gruta e
depois todas as figurinhas principais do presépio, das baratas, que
os meus pais já tinham comprado e que iam passando de ano para ano,
substituindo alguma que se ia fragmentando: a vaquinha, o burrinho, a
Nossa Senhora, o S. José, os pastores e as ovelhas e os reis magos.
Ficava logo todo montado. Desde a noite de 24 para 25 de Dezembro até
ao próprio dia de Reis (06 de Janeiro) acendia a lamparina num copo
com água e azeite todas as noites.
Depois
eram as prendas de Natal.
Na
noite de Natal, todos sentados, ouvíamos a Mensagem de Natal do
Cardeal Cerejeira e após a minha mãe dizia:
- Está
na hora de todos irem para a cama. Hoje o Menino Jesus tem muito
trabalho e nunca se sabe quando será a vez da nossa casa. Se
estivermos levantados a fazer barulho o Menino Jesus assusta-se e já
não entrega prendas.
Nós
perguntávamos: -
Mãe,
o Menino Jesus tem mesmo prendas para nós?
Ela
respondia: -
Tem,
sim! Agora não se esqueçam de pôr o sapatinho à chaminé. Já
sabem, o mais bonito que tiverem.
O
meu pai dizia:
- Eu
ponho dois. Assim ganho mais.
- Não digas isso às crianças. Um ou dois sapatos, é igual. - dizia a minha mãe.
- Quantos sapatos pomos, mãe?
- Um sapato cada um. A mãe e o pai também põem.
Por
baixo da chaminé da nossa casa havia um armário sem prateleiras,
sendo o seu tampo uma pedra de mármore que tinha por cima um fogão
a gás com forno que estava sempre à direita e o espaço à esquerda
servia de apoio, mas na noite de Natal servia para pormos um sapato
de cada um de nós, muito limpo e bonito e, de seguida, íamos
deitar-nos. Não fazíamos barulho nenhum para não perturbarmos o
Menino Jesus que já tinha mais de 1950 anos, mas era solteiro e as
pessoas solteiras eram tratadas por meninas.
Eu
aguardava pacientemente que o novo dia clareasse e perguntava à
minha mãe:
- Mãe, já posso ir buscar os sapatos com as prendas?
- Podes, traz logo os dos pais e do mano.
Eu
assim fazia. Ia buscar os sapatos e as prendas e distribuía. Todos
ficávamos nas nossas camas a abrir as prendas. Depois íamos com as
nossas prendas mostrar e ver as prendas dos outros. Era assim uma
grande alegria!
Nesse
dia tínhamos os nossos avós maternos a almoçar e jantar connosco.
Era o dia de Natal, um dia muito especial para todos nós. De manhã,
ouvíamos a missa na rádio e eu ajudava a minha mãe a preparar a
casa. Os avós chegariam por volta das 10h – 11h.
Conversávamos
muito. Ouvíamos rádio que tinha uma camilha só para ele. Tudo com
muita amizade, alegria e boa disposição.
Dos
meus avós paternos nunca tive uma prenda, um convite para entrar
pelo portão da casa deles, um beijinho, ... deles sempre havia muita
inveja, maldade, más palavras.
Quando
cada um dos meus irmãos começava a andar, normalmente, assumia a
distribuição das prendas e dos sapatos.
O
Helder já era mais ansioso do que eu. Ainda estava escuro e já ele
perguntava:
- Mãe, posso ir buscar as prendas?
- Já? Mas não vês que ainda está tudo escuro; ainda é noite e o Menino Jesus ainda anda a distribuir as prendas. Dorme, homem!
E
eu dizia: -
Vê
lá, se por causa de ti não temos prendas.
A
minha mãe desatava a rir e dizia:
- Durmam,
durmam. Ainda demora.
Hoje
acho que ele só queria adiantar-se a mim para ser ele a ir buscar as
prendas e a distribuí-las. Só podíamos ir buscar as prendas
quando, através das frestas víssemos a luz do novo dia – Dia de
Natal.
Parece-me
que a Árvore de Natal em Portugal só surge depois do 25 de Abril ou
muito próximo. Então, nós começámos a armar também a Árvore de
Natal, cujo pinheiro o meu pai escolhia sempre dos pinheiros que
estavam à venda no Mercado que é conhecido por da Reforma Agrária
por serem os próprios agricultores que lá vendem, perto da
Rodoviária Nacional.
Então
deixámos de pôr os sapatos à chaminé, mas sim debaixo da Árvore
de Natal. Mas todo o ritual das manhãzinhas do Dia de Natal e
véspera continuam.
Ainda
hoje fazemos assim!❐
19
de Outubro de 2007
Sorrir
e rir
Eu
cedo aprendi que uma rapariga não ri, socialmente, mas sorri. Então,
nos anos sessenta e setenta, fui desenvolvendo a técnica do sorrir e
não do rir, mesmo quando se escutavam anedotas. Eu escutava-as e ria
para dentro e, por fora, sorria e isto era já tão natural em mim
que eu não conseguia soltar uma gargalhada.
Quando
os brasileiros começaram a vir morar para Portugal, há dez, vinte
anos
vieram
especialistas do riso que iam às empresas para, durante algum tempo,
pôr os trabalhadores a rir – terapia
do riso.
Pela mesma altura, uma mulher disse na televisão que, muitas vezes,
se ria de rir porque gostava de rir e assim ria por tudo e por nada e
era uma óptima terapia para nos sentirmos bem. É uma verdade muito
verdadeira!
Então,
eu decidi: -
Quero
lá saber se é bem ou não é bem, rir. Eu quero rir.
No
princípio, foi difícil porque a gargalhada não saía, só o
sorriso, mas eu tentava de seguida a gargalhada, mesmo que já a
despropósito. Actualmente, consigo gargalhar e isso faz-me tão
feliz e dá-me uma sensação tão boa de bem-estar! E actualmente é
feio sorrir; não se é verdadeiro; é sinal de hipocrisia.
Assim
é a vida!
Uma
das primeiras coisas que aprendi foi não me preocupar com o “diz
que disse”
dos
outros.
❐
08
de Abril de 2007 – Domingo de Páscoa
Ontem
de manhã, deu, em repetição, o concerto popular, em Bruxelas, da
comemoração dos cinquenta anos do Tratado de Roma, na RTP2. Não me
satisfez!
Enquanto
ia assistindo, ia percepcionando várias questões que me perturbaram
um pouco:
1º
– A qualidade do que foi apresentado, em geral, na minha opinião,
deixou muito a desejar.
2º
– Em consequência disso, achei muito preconceito e pretensiosismo,
relativamente a quem estabeleceu as regras e/ou organizou o
espectáculo em relação ao povo, ao conceito de espectáculo
popular, aos gostos do povo.
3º
– Na minha opinião, se os representantes do povo, que são os
quadros executivos e/ou directivos da União Europeia, se acham a si
próprios tão distanciados e imaginando os gostos do povo tão
depreciativamente; há algo de errado e muito na alta esfera da UE.
4º
– A UE tem grupos e cantores de música popular muito melhores do
que a maioria que apareceu.
5º
– O contraste, em qualidade, foi muito grande entre o espectáculo
comemorativo dos 50 anos para os quadros e o espectáculo popular e a
razão só pode ter sido preconceito e distanciamento.
6º
– Relativamente à representação de
Portugal foi zero; pura e simplesmente não existiu; enquanto
outros bisaram e repetiram várias vezes e sem qualidade nenhuma.
Tive a percepção de um ignorar, de propósito, a existência de
Portugal, país e nacionalidade, independente, fazendo parte da União
Europeia. Afinal, está tão próximo e certamente haveria quem se
dispusesse, entre os portugueses, a participar nestas comemorações.❐
28
de Março de 2007
Há
quem diga que o conde de Lippe era um militar inglês a quem o
marquês de Pombal atribuiu o cargo de comandante-em-chefe do
exército português. Então numa passagem por Lagos, tornou-se
grande apreciador das conquilhas que lhe eram trazidas diariamente
pelos seus soldados que as acabaram por baptizar com o seu nome.
A
mim, isto parece-me uma estória forjada por algum letrado, para que
pareça bonita e elegante, como era costume na época.
Mas
podemos pensar, raciocinar e discernir:
1º
– “Lippe” só se lê lipa
na língua germânica. Lip
lê-se em inglês, francês, português;
2º
– a outra designação que temos para condelipas é conquilhas, que
é como se diz em francês;
3º
– os franceses eram grandes apreciadores de bivalves,
principalmente por causa das suas colónias ou porque tenham vivido
nelas como é o caso dos militares por conta de França nos séculos
XVIII-XIX. Não se pode dizer o mesmo dos ingleses;
4º
– Se as condelipas fossem conhecidas dos algarvios antes, teriam
nome português como é normal;
5º
– Lagos, na altura do marquês de Pombal, não tinha grande
importância militar; por isso a defesa da cidade era insignificante
e era frequentemente ocupada;
6º
– Lagos e o Algarve foram ocupados pelas tropas de Napoleão como
território de fronteira, como continuação da sua ocupação em
Espanha, para defender a costa sul de Portugal e Espanha dos aliados
ingleses;
7º
– os exércitos de Napoleão tinham muitos militares de outras
nacionalidades, adeptos fervorosos da revolução francesa;
8º
- se o militar fosse inglês diria “Count of Lippe” que os
algarvios nunca perceberiam como condelipa; mas se fosse francês,
embora de ascendência germânica e dito por franceses seria “Comte
de Lippe”, que os algarvios perceberiam como
condelipa;
9º
– os militares só comem comida feita por pessoas da sua confiança
que os acompanhavam e também nunca pediriam pratos regionais;
10º
– o facto de os algarvios perpetuarem na memória algo relacionado
com os militares franceses, não deve ter sido de bom tom para o
período pós-invasões francesas. Assim, mistificou-se ...
❐
26
de Março de 2007
suriname
≠
maremoto (os técnicos o afirmam.)
suriname
– nome asiático – volume de água cada vez maior;
maremoto
– mare molto – ondas alterosas e de grande altura com grande
volume de água.
23
de Março de 2007
Ouvi
nas
Notícias
da
rádio que há empresários portugueses a pressionarem o governo
português para mudar a hora para a que existe em Espanha e nos
países do centro da Europa e, mais uma vez, fico estupefacta.
Realmente não param de me espantar!
Durante
o governo do Prof. Cavaco Silva, isto foi tentado e sabemos todos os
problemas que trouxe e se alguém tem problemas de memória que já
se esqueceu de algo tão recente, basta consultar os meios de
comunicação nacionais e regionais da imprensa, da rádio e da
televisão da época.
Este
é um problema tão simples que não acredito que estes empresários,
se realmente estiverem de boa vontade, não sejam capazes de
resolver. É tão só cada uma destas empresas que se sente
prejudicada e são uma minoria muito pequena em relação a toda a
população de Portugal; é
só cada uma destas empresas adoptar o horário da Espanha e resto da
Europa. Que
eu saiba não existe um horário de trabalho fixo pelo Estado e
obrigatório para todas as empresas. No comércio, sei que não e
até, se houver estabelecimentos comerciais que queiram fazer o seu
horário de trabalho para fim de tarde e toda a noite, pois façam
favor. Há empresas que funcionam vinte e quatro horas por dia por
turnos, pois façam favor. Agora como horário nacional, por favor!
Mas
como nada é por acaso, parece-me que “deve haver água a passar
debaixo da ponte”. Talvez
- uma tentativa de, nos tempos mais próximos, aumentarem ainda mais os problemas do governo, aumentando a contestação das populações;
- uma tentativa de mostrar à UE a anexação e o domínio da Espanha sobre Portugal;
.......
❐
03
de Março de 2007
A
palavra
realizar
é
uma palavra de origem latina e que faz parte do nosso vocabulário há
mais de dois mil anos e está disseminada entre a população
portuguesa com o mesmo sentido que tem em latim – concretizar,
fazer.
É assim que os portugueses a conhecem há mais dois mil anos e não
com o sentido de perceber;
isso só na cultura anglo-saxónica.
Agora,
outra coisa é alguns pretenderem fazer do português uma língua e
uma cultura anglicizada e não latina e figuras públicas pretenderem
disseminar esses sentidos em algumas palavras que utilizam na
televisão e na rádio para, assim, implantarem, despercebidamente,
uma outra cultura, anulando a cultura latina por causa do
catolicismo. Como, por exemplo, andarem a comer vogais átonas e
juntarem consoantes, fecharem o som de vogais que sempre se disseram
abertas. Como, por exemplo, nas escolas se festejar o
dia
das bruxas
e não o dia de Todos-os-Santos. Andarem a vender gato por lebre,
aproveitando a ignorância e insegurança das pessoas, das crianças,
... isso é outra coisa.
Toda
a gente, há muito tempo, que já percebeu a tentativa de uniformizar
e globalizar a cultura anglo-saxónica.
Outra
coisa é o aportuguesamento das palavras inglesas relacionadas
com a linguagem informática. Os portugueses começaram a usar estes
equipamentos muito antes de haver qualquer tradução. É uma
situação nova. É assim que as línguas enriquecem o seu
vocabulário. Os portugueses não dominavam o inglês, mas
desenrascaram-se; aportuguesaram a pronúncia e o significado e assim
se iam entendendo uns aos outros. Agora já está tudo traduzido;
quem quiser, passa a usar, gradualmente, as palavras correspondentes
em português; quem quiser permanecer com as outras inglesas,
permanece. É um processo que tem acontecido ao longo da história da
humanidade e a continuará a acompanhar. Sempre que surge algo de
novo noutros países, importamos não só a coisa, mas o vocabulário
inerente: rádio, soutien, abat-jour, avião, media (palavra latina),
...
❐
12 de Janeiro de 2007
Nesta
parte do ano os escolhidos
muito têm manifestado as suas preocupações com as questões
energéticas e têm-se posicionado para adoptar cada vez mais o
nuclear em detrimento das energias renováveis certamente porque as
suas contas engordam à custa do nuclear, muito mais do que à custa
das energias renováveis; mas estamos na era da Verdade, da Ética e
então as suas razões são de uma imaginação ou muito pobre ou
muito convencida.
Então
ouve-se dizer que o aquecimento global por que estamos a passar tem a
ver com o metano que todos os animais, incluindo o homem, mandam para
a atmosfera à custa das fibras que digerimos; tem a ver com o gás
que circula nos nossos frigoríficos; ...
Mas
o que isto representa em comparação com o que as fábricas e
complexos fabris despejam na atmosfera; com o que os camiões de
longo curso de transporte de mercadorias despejam para a atmosfera e
tantos e tantos automóveis; com o que os foguetões mandam para a
atmosfera; com os efeitos dos resíduos nucleares que são
depositados no fundo do mar e no interior da Terra; ...
Será
que não há ninguém suficientemente isento para estudar in
loco
o que se está a passar nestes aterros de resíduos nucleares?
E
se todo este aquecimento que estamos a sofrer e o buraco do ozono
vierem, principalmente, exactamente como consequência dos aterros
dos resíduos nucleares?
Hoje,
ouvi na rádio que, segundo as previsões da cultura maia, o planeta
atingirá um grau tão elevado de temperatura que não há tipo de
vida que lhe resista para além da energia e outras coisas que são o
abc dos físicos e dos químicos. E lembrei-me de, na minha
adolescência e juventude, ser muito interessada em ficção
científica e ter visto todos os filmes desta temática e lido todos
os livros que estiveram ao meu alcance sobre a mesma. Lembro-me de
ter lido sobre a Atlântida e os atlantes e de tudo ter sido varrido
deste planeta como consequência do nuclear que eles utilizavam,
certamente na sua ganância, pois o egoísmo tem-se sobreposto à bem
comum. Se nestes tempos conseguíssemos que o bem comum se
sobrepusesse ao egoísmo seria uma novidade e uma inovação! E não
sei de que lhes vai valer esse egoísmo se o exemplo da Atlântida se
repetir?
Talvez
seja por isso que já há gente a vender terreno na Lua. Talvez Marte
fosse mais adequado para eles. Mas como é que alguém se põe a
receber dinheiro de terrenos da Lua? Como é que há alguém disposto
a comprar terrenos na Lua? Como é possível uma tal falcatrua,
aldrabice? Afinal estas negociatas são feitas cá na Terra entre
cidadãos muito ... deste planeta. Claro que eles já estão a pensar
que, se isto der para o torto, pelo menos eles já têm onde ficar,
mas não que comer e beber por muito tempo, ...
29
de Outubro de 2006
Aproxima-se
o dia 01 de Novembro. Temos a graça de ser feriado e ser o dia
dedicado a Todos-os-Santos.
Pela
minha ocupação tenho-me apercebido de que já há vários anos nas
escolas, pelo menos públicas, a maior parte deste primeiro trimestre
é dedicado a preparar os alunos para celebrarem este dia, não como
Dia de Todos-os-Santos, mas como Dia das Bruxas. Todos os anos, eu
pasmo; desta vez decidi passar para o papel esta angústia; pois é
de angústia que se trata. Então, os professores, funcionários
públicos, pagos por todo o povo português, num país cristão,
recusam-se a falar dos Santos e das celebrações deste dia que
oficialmente é feriado e dedicado a Todos-os-Santos, para falarem
das Bruxas e dos seus afins, de magia negra e prepararem os seus
alunos com artefactos para celebrarem assim este dia; de algo que faz
parte da cultura anglo-saxónica e não da nossa. Todos os pais têm
de saber disto; é impossível que tanto afazer não chegue ao
conhecimento dos pais e eles “engolem e calam”; pois é algo, com
certeza essencial na educação dos seus filhos(?). E todos andam a
pagar impostos para isto!
Portugal,
por onde andas? Para onde queres ir? Não te reconheço!♥
01
de Outubro de 2006 – domingo
Hoje,
estava a ver um documentário Filmar
documentários no mundo selvagem
e reparei que os animais tinham uma atitude agressiva e até
atacavam, principalmente o microfone com a sua cobertura preta.
Então,
eu pensei: -
Seria
interessante saber como eles reagem à cor branca, às cores claras,
aos vários tons da luz ... porque tudo isto é inato neles e, se é
inato neles é inato em nós. Tudo tem a ver com a noite e o dia;
talvez tenha a ver com o seu/nosso relógio biológico, a aura, a
alma, ... acho que nos ficaríamos a conhecer melhor.
Agora,
atenção às conclusões a que se chegam. Nos meus tempos de
universidade, circulava uma anedota em Portugal que contava pouco
mais ou menos assim: -
Num
laboratório, um investigador tentava compreender as funções das
patas traseiras da rã. Assim carregou nas costas da rã com as duas
patas e ela saltou. Então ele escreve no seu relatório: «Uma rã,
com tanto de comprimento e tanto de largura, com o peso tal, da cor
tal, do pântano tal e do lugar tal, quando provocada, deu um salto
de tantos centímetros.
Depois,
retirou-se a perna esquerda à mesma rã e, pressionando-a ela saltou
tantos centímetros, menos tantos centímetros do que o inicial.
De
seguida cortou-se a perna direita à rã e, pressionando-a, ela não
fez qualquer movimento.
Conclusão:
estas rãs, sem as pernas traseiras, recusam-se a saltar.»
Por
exemplo, num programa sobre os doentes de Alzheimer, afirmou-se que
talvez esta doença esteja relacionada com pessoas perfeccionistas.
Posso estar enganada, mas, a mim, parece-me que talvez seja pelo
autocontrolo que exercem sobre si próprias e não por serem
perfeccionistas.
Qual
a diferença? Quem é perfeccionista, mas não obcecado, está no
caminho certo. Aquele que toma as rédeas da sua vida como se fosse
seu dono e senhor e pensa que faz da sua vida o que quiser através
do autodomínio e autocontrolo numa completa obcecação; em
princípio chega a esta doença quando chegar a altura de colher o
que semeou porque fica por sua conta e risco; afinal foi isso que
sempre quis e procurou e assim, de degrau em degrau, vai chegando à
conclusão da sua própria insignificância.
Perfeição
e autocontrolo são conceitos mesmo antagónicos!
Chega-se
a um ou a outro dependendo da perspectiva que se toma!.. ❐
27
de Setembro de 2006
Sobre
O Sistema da Segurança Social
Tenho
estado a ouvir e ver com
atenção a presença do gover
no português
no parlamento na
sua apresentação do novo
Sistema para a Segurança
Social.
A
questão da Segurança Social apoquenta todos os governos e
sociedades da actualidade e ao longo dos últimos anos, tenho
escutado atentamente as várias soluções que são propostas e
tenho pensado sobre o assunto e cheguei à seguinte conclusão:
Só
há uma saída: cada país, de acordo com o seu PIB, estabelece um
plafond,
isto é, tecto máximo de massa salarial para descontar para a
segurança social que seja o adequado para pagar as pensões de
reforma respectivas aos descontos efectuados para a segurança
social. Os valores de massa salarial que ultrapassassem esse plafond,
não
estariam sujeitos a desconto para a segurança Social tendo em vista
as pensões de reforma, mas estariam sujeitos a outros
condicionamentos.
Assim
o leque dos vários níveis de pensões de reforma estariam sempre
dentro dos valores possíveis a serem pagos pela segurança social no
país. Não haveria pensões altíssimas nem a discrepância que
actualmente existe em Portugal entre os valores máximos e os valores
mínimos de pensões de reforma, mas todos viveriam em paz e sem
stress relativamente à sua pensão de reforma; pois todos
poderiam contar com ela quando chegasse a altura.
Por
outro lado, aqueles que auferem ou auferiram salários de grande
montante, teriam garantida uma pensão de reforma razoável para o
seu país e certamente têm os dividendos dos investimentos que
fizeram com o que foi para além da massa salarial sujeita a desconto
para a segurança social.
Acredito
que desta maneira haveria estabilidade em todos os países
relativamente a este assunto. ❐
14
de Julho de 2006 – 6ª-feira
Hoje
apercebi-me que a crise energética e os preços altíssimos do
petróleo, gasóleo, gasolina estão, claro está, também a afectar
os transportes aéreos.
Ainda
não me tinha apercebido disto porque imaginei que a
busca de substitutos
desta energia para os transportes terrestres afectasse também os
transportes aéreos. Isto não se passa exactamente porque a causa
desta busca é diminuir a poluição ambiente por
causa das coimas internacionais.
É assim que funcionam. Tinha-me esquecido!
Então
acho que está mais do que na altura de encontrar soluções viáveis
para o transporte aéreo e marítimo tendo em atenção, não as
coimas, mas a conservação do ambiente, em si. Penso que já muito
foi conseguido nesta área relativamente ao transporte terrestre.
Acho que muita coisa pode ser adaptada e servir de ponto de partida
para fazer aviões voar com energias alternativas, energias
renováveis.
Tanto
há para fazer! Tanto há para criar! ❐
14
de Junho de 2006 – quarta-feira
Ontem
vi o documentário EM REPORTAGEM sobre Luanda, a seguir ao telejornal
do canal 1 e fiquei estupefacta, principalmente pela grande miséria
que rodeia o grande luxo e pensei
“Que
grande barril de pólvora que eles estão criando para rebentar nas
suas próprias mãos.”
Também
tudo aquilo tem a ver com políticas do liberalismo dos séculos
XVIII e XIX e não com um partido que promoveu uma guerra de
libertação para a independência, que ganhou uma guerra civil e foi
escolhido pelo povo angolano em eleições livres – o MPLA
que sempre se apresentou de fundamentos marxistas.
Em
pleno século XXI e com os avanços tecnológicos, os computadores e
a computação, não se justifica a miséria em que vive aquela
população, principalmente a da capital – Luanda.
Actualmente
todo o mundo capitalista faz planeamento,
planificação e programação porque só assim se pode
avançar para melhores condições de vida para todos, incluindo a
maioria da população – estes têm direito a viverem com um mínimo
de condições de vida inerentes, eu diria mesmo, aos seres vivos,
pois a maior parte dos animais com quem convivemos também preferem o
asseio, a limpeza, a higiene, alimentação adequada, afecto,
habitação, ...
Qualquer
país precisa de uma classe média alta com tudo o que lhe é
inerente, mas também precisa de uma classe média, de uma classe
média baixa e de uma classe de trabalhadores que devem ser tratados
com o respeito inerente ao ser humano como em qualquer país
civilizado que se preze e não que se dirijam a eles como se de
escravos se tratasse. Uma classe de excluídos é que nenhum país
precisa!
Tudo
está por fazer ou quase. Então é muito mais fácil começar de que
se fosse necessário andar a pôr remendos. Trata-se apenas de
organização e vontade política. Para começar há necessidade de:
1º
- Não pensar pegar numa área de trabalho e por aí seguir em
contínuo; depois pegar noutra área e por aí seguir em contínuo;
.... nenhum país aguenta em paz uma política destas ...
As
primeiras medidas são políticas.
Primeiro
o presidente/primeiro ministro precisa estabelecer um
plano
político,
sem
pensar em prazos, para o país. Quem ganhar as próximas eleições,
analisará o plano existente, alterará o que achar adequado e
continuará o seu trabalho. Este plano político é da
responsabilidade do Primeiro Ministro ou/e do Presidente com o apoio
dos consultores técnicos que achar por bem convidar: engenheiros,
arquitectos, empresários, economistas, responsáveis da Igreja, ...
Este plano político precisa de ter por base um bom conhecimento das
realidades do país: indústrias, estradas, qualidade dos solos,
água, floresta, populações, ... e um mapa do país.
É
necessário fazer uma planta aérea (fotográfica) do país ou das
áreas
de primeira prioridade
para
conhecer a situação real e aproveitar o que for possível, tendo em
atenção as proximidades geográficas e as sinergias.
2º
- Este plano político com a planta fotográfica passa para o
Primeiro Ministro com o seu Governo que, em reuniões e em visitas
aos locais, vão elaborar
estratégias,
prazos
e calendários
para
a concretização dessas estratégias, tendo em linha de conta os
constrangimentos e por base as áreas
de primeira prioridade
estabelecidas
no plano político. Há que trabalhar
por nichos
para que
toda
a população tenha um mínimo de satisfação
e não parta para o conflito.
Depois
o primeiro ministro, com cada ministro, vão dando a conhecer ao país
este plano político e explicando como tudo se vai realizar com o
apoio de todos e de toda a população e convida a sociedade civil a
se organizar para colaborar nestes projectos. Há muitos
emigrantes
com conhecimentos que podem contribuir bastante para este
desenvolvimento.
3º
- Estas estratégias e prazos são divididas em
áreas
do governo
e entregues a cada ministro que será responsável pela sua
concretização utilizando mapas
de material transparente do que pretende fazer de modo que, fazendo
coincidir os mapas dos vários ministérios, se saiba aproveitar as
sinergias e os prazos de realização dos calendários dos vários
projectos dos vários ministérios. Para concretizar as estratégias,
cada ministro vai necessitar de elaborar
programas,
dar a conhecer os seus objectivos ao mundo empresarial para ser
contactado e poder contactá-los e também aos meios de comunicação
social e ao ministro dos Negócios Estrangeiros que deve apoiar os
outros ministros no que lhe diz respeito. Também deve implementar no
país o microcrédito
de modo a que todos possam pensar em melhorar a sua situação e a da
sua família.
4º
- Há necessidade de
reuniões
periódicas e extraordinárias
nos vários níveis de concretização do plano político para
prestar contas, para analisar e coordenar o trabalho comum entre os
vários ministérios e para que haja colaboração e cumprimento de
prazos para que nenhuma área prejudique a outra dentro do mesmo
projecto. Também há sempre necessidade de rectificar e actualizar
planos, estratégias, programas, acordos de modo a aproveitar
sinergias e optimizar prazos e trabalhos.
5º
- Simultaneamente há que deixar para trás os movimentos de
libertação e
fundar
partidos políticos
para cada linha ideológica política agregando a estes o seu passado
de movimentos de libertação. Há que criar
juntas de freguesia, concelhos, regiões,
...
e
promover
eleições locais, nacionais.
Há que fazer
formação política
e
convidar especialistas que em seminários para cada linha ideológica,
esclareçam a teoria e a sua praxis
e levar esses conhecimentos a toda a população com o apoio da rádio
e da televisão.
6º
- Para cada aglomerado populacional e área empresarial há que
utilizar as energias
renováveis:
energia solar, energia eólica, ... e reservatórios de água
independentes.
Isto porquê?
É
mais fácil criar um sistema razoavelmente pequeno, conseguir
empresários com capacidade financeira para tal, fazer a sua
manutenção principalmente quando há pouca mão-de-obra
especializada. Até servem de locais de formação para outras áreas
geográficas. Os custos são mais baixos e as avarias menos
frequentes e a população faz a vigilância. Consultar:
7º
- Fazendo parte desta primeira prioridade e sempre presente em quase
todas as fases de desenvolvimento e fazendo parte deste plano
político, a planificação
de uma boa rede de vias de comunicação:
viária, ferroviária, fluvial, marítima, aérea sempre em sinergia
das várias vias e tendo em mente a optimização dos recursos
existentes e por criar aos vários níveis. O intercâmbio entre os
vários núcleos populacionais é primordial
pela realização que o intercâmbio traz para as populações.
8º
- Há que fomentar e expandir a Polícia
de Segurança Pública
para
as cidades e para as áreas rurais, a Protecção
civil,
...
9º
- Há que fomentar a criação de
Comissões
de Apoio
de entre a sociedade civil:
-
de Apoio à Criança Maltratada;
-
de Apoio à Terceira Idade;
-
de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica;
-
de Apoio à Grávida;
-
de Apoio à Vítima;
-
de Apoio às pessoas com HIV –SIDA;
-
de procura e oferta de empregos;
-
de casas/apartamentos para alugar;
-
de Apoio às associações de moradores (para serem intermediárias
entre as medidas governamentais relacionadas com a cidadania e os
moradores; para reuniões locais, regionais e nacionais com as
associações de moradores; para conhecerem a realidade local e darem
ideias, auxílio, apoio jurídico, municipal, técnico; ...)
-
de defesa do consumidor;
-
......................
10º
- Criação de uma boa rede
de assistência médica
começando por
postos
médicos fixos e móveis;
centros
de saúde
com serviços de apoio às grávidas também com serviços móveis
que apoiem a parturiente no caminho para o hospital;
hospitais
especializados.
Tudo
distribuído em rede, em sinergia e de acordo com as necessidades do
núcleo populacional e fazendo uso de uma rede
de comunicações
rápida, em tempo útil e entre os vários profissionais da saúde.
Fazer uso, sempre que possível e em sinergia com os outros
medicamentos, das plantas
medicinais
e técnicos
de saúde
conhecedores e
especializados
nas plantas medicinais
pelo menos regionais.
11º
- É natural que os países em vias de desenvolvimento nem de longe
tenham os quadros técnicos necessários para as necessidades do
país, mas já foi tudo muito mais difícil. Actualmente a energia
solar produz energia eléctrica necessária para computadores,
televisores, outras máquinas funcionarem. Fazendo uso do
e-learning
para fazer formação a mestres-escola e professores, de um serviço
de telescola
para alunos que poderiam usar também os centros das associações de
moradores, alargar-se-ia mais rapidamente o
sistema
escolar
a
todo o país. Depois, a pouco e pouco, o sistema ir-se-ia
aperfeiçoando e sendo cada vez mais exigente, mais qualitativo e o
mercado do trabalho cada vez mais selectivo, aceitando sempre em
primeiro lugar os melhores, os mais competentes.
12º
- Expandir e desenvolver o sistema do Comércio
Justo
com
o apoio das associações de moradores e uma boa rede de escoamento
dos produtos rapidamente. Consultar:
www.comerciojusto.pt
tel:21 317 28 60
13º
- Por exemplo a construção
social
que compete ao respectivo ministro, utilizando também cooperativas.
Aliás, a sociedade civil pode ir organizando-se para, dentro dos
seus interesses, colaborar na elaboração e realização dos vários
projectos e fiscalizar, depois de decidido em que áreas urbanas
fazer construção social.
É
importante não esquecer que uma comunidade populacional precisa de
escola, centros de saúde, cinema económico, centro desportivo, de
um largo com coreto onde as pessoas se possam encontrar, conversar,
ouvir música, dançar, ... de oficinas no rés-do-chão dos prédios
ou casas para as várias profissões, além de lojas propriamente
ditas, um sistema de limpeza urbana, saneamento básico, árvores
para ter bom ar, mercado, ...
É
muito importante os moradores se organizarem em associações
de moradores
(com vários sectores incluindo apoio aos trabalhos de casa dos
estudantes; acções
de formação
a vários níveis: cívicos e de boa vizinhança, economia doméstica,
áreas profissionais, ... com o apoio da ONU, por exemplo.)
14º
- Há que promover Casas
da Justiça
em cada comunidade onde se combina os conhecimentos mínimos de
direito dos jovens com a experiência dos anciãos escolhidos para
resolver contendas e assuntos afins e assim ir libertando os
tribunais para os assuntos mais complexos e ir fazendo a transição
entre os dois sistemas de justiça.
15º
- Relativamente à agricultura, na minha opinião, o plano político
deve contemplar as
comunidades
urbanas
dispensando pequenos espaços de terreno nas áreas limítrofes para
os moradores que quiserem, cultivarem uma agricultura de subsistência
para que o agregado familiar tenha sempre algo para comer mesmo que
falte o dinheiro e também para troca, havendo apenas o usufruto do
terreno, enquanto não for necessário ao município. Também deve
promover os
pequenos
proprietários
de terrenos, os médios
proprietários
e
os grandes
proprietários;
cada um deles com as suas especificidades tendo em atenção a
situação geográfica, a qualidade do terreno, a agricultura
biológica, o abastecimento dos mercados e a exportação fazendo uso
de todos os recursos para realizar uma agricultura rentável,
tecnológica e industrial, mas biológica; agricultura, silvicultura,
pecuária.
Todo
este plano de trabalho não diz respeito apenas a um país, grande ou
pequeno, mas pode ser implementado em qualquer país porque tem a
ver, não com as particularidades de cada povo, mas sim com a
essência de cada ser humano e essa é igual para todos, seja qual
for a cor da pele, a raça, a religião, ... ❐
09
de Maio de 2006
Empreendedorismo
Já
há várias semanas que me
apetece escrever sobre este
tema, pois as
notícias não
falam da necessidade de outra
coisa para Portugal.
Primeiro
há que ter bem presente, todos os dias, que se os portugueses não
são empreendedores, não é culpa deles; não se trata de algo
genético. Geneticamente somos inventores, talvez porque a
necessidade é a mãe de todas as invenções e somos poetas e não
se pode calar o pensamento, pois os poetas são sonhadores e ambos
são castrados pelo
status
quo
da
sociedade portuguesa que prefere sempre os estrangeiros.
O status
quo
não
gosta de criadores nem de sonhadores; talvez a sua existência os
irrite e por isso preferem marginalizá-los.
Também
durante séculos o
establishment
(os
escolhidos) da sociedade portuguesa nunca quis portugueses
empreendedores; mas sim portugueses obedientes e foi isso que
fabricou. O sistema educativo português sempre fabricou portugueses
obedientes; por isso os trabalhadores portugueses em Portugal não
prestam, mas no estrangeiro são óptimos; porque são obedientes. Em
Portugal não prestam porque também não prestam os seus chefes
portugueses e os seus patrões portugueses. Todos são bons a
obedecer.
Aqueles
que o
establishment
destinava
a líderes iam estudar para o estrangeiro; claro que às custas da
família, em estabelecimentos de ensino que fornecem óptimas
fornadas de líderes. Todos os outros só serviam para obedecer.
Agora
com a chegada do terceiro milénio e a internacionalização de
Portugal, o
establishment
português
precisa de portugueses empreendedores, mas não foram fabricados; não
há no mercado português. Que fazer?
-
Simples, meu caro!
(diz o establishment
português) favorecemos
a emigração do portuga que não presta e importamos os cámones que
querem imigrar para Portugal. Se eles querem imigrar, podes ter a
certeza que já são empreendedores e também sem grandes escrúpulos;
dá jeito. Não mandamos para Espanha os estudantes que queriam
estudar medicina? Agora abrir novas faculdades de medicina?!... isso
é caríssimo! Eles estão irritados connosco; dizem que não vêm
trabalhar para Portugal. E o desgosto! Temos os espanhóis que
quisermos. Os cámones que temos p´raí já criaram muitas empresas
e dão trabalho a muita gente. A portugueses nem por isso, mas esses
emigram e ainda recebemos as divisas estrangeiras!
Ora
bem! Para termos portugueses empreendedores, precisamos de fabricar
crianças empreendedoras nos nossos estabelecimentos de ensino. Não
podemos ter meninos e meninas mais ou menos crescidos, caladinhos e
quietinhos, senão perturbam o professor. Também não podemos ter
professores que levam toda a aula a debitar matéria e a mostrar que
são muito sabedores. E agora? Como sair desta situação? Os
professores foram ensinados a fabricar meninos obedientes e
caladinhos, (como eles próprios) nada empreendedores. Eles também
não sabem o que isso é.
O
establishment
português resolve tudo. Importamos professores estrangeiros
empreendedores, habituados a fabricar meninos e meninas
empreendedores para os nossos estabelecimentos de ensino (porque os
portugueses precisam de equivalência dos seus cursos tirados no
estrangeiro e sei lá que mais; mas os estrangeiros; venham de onde
vierem, estão logo contratados, mesmo sem saber português, com
inglês rudimentar a ensinar a estudantes com inglês rudimentar ou
menos, mas que importa? São estrangeiros; são bons. Aconteceu já
nos anos oitenta e noventa.) e ajudamos os nossos professores
portugueses a irem trabalhar para os PALOP. Fim da conversa. E
depois? ❐
25
de Abril de 2006
Sou espectadora
assídua do programa Sociedade Civil
de Fernanda Freitas no canal 2. Ontem o tema foi As
novas linguagens. Foi mostrada uma reportagem que me deixou
estupefacta e preocupada. Uma das adolescentes dizia que utilizava a
escrita segundo a moda em telemóvel e internet nas mensagens SMS.
Dizia ela:
- Eu
escrevo uma mensagem a uma amiga. Ela responde-me. Eu respondo-lhe
... e temos de usar esta escrita para ser tudo mais rápido e
interessante.
Eu comecei a dizer
a mim mesma:
- Mas,
que se passa com esta juventude?
Adolescentes
que falam, ouvem, sem deficiência física preferem
conversar escrevendo mensagens SMS
em vez de falarem normalmente com o telemóvel que têm na mão. Não
preferem ouvir a voz do(a) outro(a) que transmite sempre, por si
mesma, tantas informações?
- SOCORRO ....
Eles não estão perdendo
apenas vocabulário. A maioria dos adolescentes de hoje-em-dia têm
muito menos vocabulário do que as gerações anteriores. Eles estão
a perder a capacidade de comunicar, a beleza de comunicar, o
estar-bem comunicando a falar.
Como vão ser capazes de
trabalhar em equipa, se não conseguem fazer-se entender falando,
explicando?
Dizem palavras, mas
ninguém os entende e fecham-se cada vez mais em si próprios.
Há uma questão
crucial nesta
matéria. A capacidade de pensar
não está ligada à
capacidade de
falar. São áreas do cérebro
completamente
diferentes.
Podemos ter óptimos pensamentos,
raciocínios e não
conseguirmos
comunicar nada disso aos outros.
Outra questão também
muito
importante: se apenas treinamos
o pensamento; ele chega a
atingir grandes velocidades que
nos é impossível pará-lo.
Consequências: impossibilidade
de adormecer, incapacidade de
falar
porque o acto de falar é
mais lento do que o acto de
pensar,
esgotamento cerebral e por último a loucura.
O pensamento precisa
do freio da linguagem para se comedir e qualquer ser humano precisa
de comunicar falando, exprimindo-se, socializando ...
Os adolescentes
sempre criaram linguagens próprias para comunicaram entre si,
fecharem o seu mundo aos adultos. Todos os adultos já foram
adolescentes e sabem do vocabulário próprio que se utilizava ...
Essas formas de
linguajar foram sempre coexistentes com a língua corrente e os
professores sempre foram capazes de corrigir oralmente e na escrita e
valorizar os alunos que melhor se exprimiam ...
Actualmente há
muita permissividade nas famílias, nas escolas públicas e nos
empregos, nos locais de trabalho?
Se
um aluno se sentir prejudicado na avaliação do seu teste pelos
erros que dá, mesmo que seja a linguagem SMS; se um aluno souber que
será preterido num emprego porque não consegue verbalizar as suas
ideias, não se consegue exprimir em língua corrente, não consegue
escrever correntemente o que lhe pediram na entrevista; ele vai
pensar duas vezes antes de insistir em usar a sua linguagem fora do
contexto.
Solução
para as escolas: clubes de leitura, análise de textos,
expressão de opiniões sobre o tema, o texto, o livro, a cidadania,
a actualidade, .... Já agora também é essencial que tenham aulas
de fonética, pois há quem fale e não se perceba as palavras que
diz. Tudo isto também pode acontecer em ateliês escolares.
❐
01
de Abril de 2006
As
Viagens
na Minha Terra
de
Almeida Garrett fizeram-me estudar novamente as Invasões
Francesas
de 1807-1811 e verifiquei que, desde o início o Algarve foi ocupado
por regimentos franceses e isso levou-me a outra ordem de
pensamentos: exactamente à Praia de S. Roque e a uma espécie de
bivalves que lá se apanham nas alturas das marés grandes. Aquele
cujo nome varia de lugar para lugar onde é apanhado; em Lisboa são
cadelinhas e cá no barlavento são conquilhas ou condelipas.
Se
nos quisermos debruçar sobre o assunto, acho que, com estes bivalves
aconteceu o mesmo que com muitas outras coisas que temos: foram os de
fora que nos ensinaram a reconhecer e a aprender a gostar daquilo que
temos e não damos a nossa menor atenção até que um dia chega
alguém de fora e nos mostra como é bom.
Se
tomarmos atenção à palavra conquilha,
ela é uma adaptação da palavra francesa
conquille
e
certamente não é pela erudição da população do barlavento, mas
sim porque os soldados franceses já conheciam este género de
alimento e ensinaram aos nativos a cozinhá-los para eles e claro que
quem cozinha, prova e gostaram e adoptaram o nome para conquilha e o
alimento com a sua maneira de cozinhar.
No
entanto, reza a lenda que não foi só a soldadesca que gostou das
conquilhas. Diz-se que havia um general ou um comandante francês
cujo passatempo favorito era apanhar conquilhas entre a Praia de S.
Roque e Alvor: era o conde de Lippe.
Certamente haveria portugueses que perguntariam aos seus soldados em
português, apontando para o conde:
-
Ele, que faz?
E
o soldado francês, que não tinha estudado português teria
respondido:
-
Conde
de Lippe.
(pensando
que lhe estariam a perguntar quem ele era)
O
português de certeza que iria ter com ele porque somos muito
curiosos, e dir-lhe-ia:
-
Condelipa?
-
Sim.
O
comandante teria no pensamento a sua pessoa e o português aquilo que
ele estava a apanhar.
Assim
passou a existir mais uma palavra nova na nossa língua
– condelipa
para
designar aquela espécie de bivalves.
❐
15
de Março de 2006
Sobre o fechamento de maternidades no interior
Na
minha opinião, o Ministério da Saúde está a seguir uma política
errada.
1º
- Nas últimas décadas, fala-se na necessidade
do repovoamento do interior.
Então há que fomentar políticas que levem a essa consequência.
2º
- Todos dizem que os bebés nascem quando eles querem e que não vale
de nada dizer para eles esperarem. Parece-me que há drogas para
acelerar o nascimento das crianças, mas é muito perigoso tentar o
retardamento. Talvez a causa de muitos deficientes a vários níveis
esteja exactamente em a grávida não ter o apoio conveniente na hora
do parto.
3º
- Tenho ouvido muito falar que os hospitais são os elefantes brancos
das despesas públicas. A maior parte de Portugal é interior; é um
país pequeno e com poucos centros populacionais de dimensão média
europeia.
4º
- Sempre tenho ouvido falar que os hospitais que temos são
ineficientes, ineficazes, inoperantes, com mau ambiente de trabalho,
com mau atendimento, com muitas horas perdidas nas salas de espera,
com má distribuição horária entre profissionais.
5º
- Talvez o problema esteja em se adoptar modelos de outros países de
características muito diferentes, em vez de procurar uma solução
adequada à situação real do nosso país.
Acho
que as estruturas hospitalares devem estar adequadas às áreas de
densidade populacional a que se destinam; não esquecendo que todos
têm direito à saúde, educação, ... e que se pretende um país
bem repovoado, com micro e pequenas empresas. Então há que estudar
mapas, conhecer locais e encontrar centros que sejam equidistantes a
diversos núcleos populacionais que se pretendem reactivar e dar-lhes
as condições para serem reactivados. Não foi por acaso que a
revolução industrial começou na Inglaterra. Assim começam todos
os textos deste tema.
Na
minha opinião, há que criar redes
de serviços de saúde
de várias dimensões (em
povoações – postos clínicos; em pequenas cidades – centros de
saúde com maternidades, depois clínicas, depois hospitais
especializados, ...
tudo
com um bom planeamento e tendo em atenção as distâncias e com
dormitórios para utentes e familiar)
com funções variadas e complementares e com sistemas de comunicação
eficazes, eficientes e de comunicação imediata. Não são os
utentes que têm de andar de capelinha em capelinha, mas os
profissionais, os empregados da instituição que têm de resolver o
problema ao utente. É para isso que estão a ser pagos. Eles estão
dentro do sistema. Eles sabem o que é preciso fazer e devem fazê-lo.
Assim
não há serviços obsoletos, pois é fácil mudar, renovar
estruturas; não há empregados a mais nuns e empregados a menos
noutros lugares; os equipamentos estão rentabilizados porque os
empregados são competentes; os edifícios e os seus equipamentos têm
a manutenção adequada e há pessoal competente a elaborar horários
de trabalho e turnos; os utentes são bem tratados porque os
profissionais e os empregados estão felizes com a eficiência do seu
local de trabalho e o seu bom ambiente. Assim é!
❐
18
de Fevereiro de 2006
Em
Outubro de 1962 iniciei as minhas aulas na escola. Era a minha
Primeira Classe. Fui uma das poucas alunas que já sabiam ler,
escrever e fazer contas porque a minha mãe me ensinou em casa. Foi
uma grande ajuda; é sempre uma grande ajuda porque isto é o que
demora mais a aprender: segurar no lápis, desenhar as letras, juntar
as letras, ...
A
minha mãe não frequentou a escola. Ela diz que os meus avós
achavam a distância entre a escola e a casa muito grande e muito
isolada para uma menina a fazer. O meu tio, irmão da minha mãe,
onze anos mais novo do que ela, já frequentou a escola e terminou a
quarta classe, ficando com o diploma. No entanto, a minha mãe
frequentou a casa de uma senhora que ficava bem mais perto de casa
dos meus avós e que ensinou à minha mãe o básico dos quatro anos
de escolaridade. A minha mãe guardou o livro da quarta classe que
ela utilizava nessa altura e que eu, muitas vezes, lia e percorria
com os olhos. Na escola era frequente nós aprendermos um poema para
depois a professora escolher uma de nós para o recitar perante a
turma. Isto ajudava a exercitar a memória e também a pronunciar
correctamente as palavras, pois era tudo preparado com antecedência.
Deste livro lembro-me de ter escolhido um poema que frequentemente o
lia em casa e quando estava à janela de casa, ou a bordar ou a fazer
renda me vinha à mente e eu recitava-o. Trata-se de
O
fiozinho da fonte
do
poeta
Augusto
Gil:
Nasce
uma fonte,
rumorejante,
na
encosta de um monte;
e
mal que do seio
da
terra brotou,
logo
o seu veio,
transparente
e
diligente,
buscou
e achou
mais
baixo lugar ...
e
sempre descendo,
e
sempre a cantar,
vai
andando,
galgando,
vencendo,
(ou
tenta vencer ...)
folha,
raíz, areia, o que tolher
a
sua descida.
Ao
brotar na frágua
é
uma lágrima de água ...
mas
esse humilde fiozinho,
que
um destino bom impele,
encontra
pelo caminho
um
outro que é como ele ...
reúnem-se,
fundem-se os dois,
prosseguem
de companhia,
e
fica dupla depois
a
força que os leva e guia ...
junta-se
aos dois um terceiro,
outros
confluindo vão,
e
o regato é já ribeiro,
e
o ribeiro é rio então ...
e
nada agora o domina
ao
fiozinho da fonte,
entre
colina e colina,
ou
entre um monte e outro monte.
Caminha
sem descansar,
circula
através do mundo,
até
à beira do mar,
omnipotente
e profundo.❐
Do
mesmo livro gostaria de deixar as quadras soltas do poeta
João
de Deus:
Folha
Caída
que
fazes tu por aqui,
triste
folha despegada?
«O
vento numa rajada
arrancou
duma chapada
o
carvalho onde nasci;
desde
então, seguindo o vento
na
carreira desigual,
percorro
a cada momento
bosque,
várzeas, monte, vale;
e
ando neste movimento
sem
receio e sem desdoiro;
vou
na onda caudalosa
que
leva a folha da rosa ...
e
leva a folha do loiro!»
❐
Quem
dá aos pobres, não tema
pobreza
extrema;
quem
os despreza,
cai
na pobreza.
❐
Quem
teve a grande desgraça
de
não aprender a ler,
só
sabe o que se passa
no
lugar onde estiver.
❐
18
de Novembro de 2005
Hoje
gostaria de reflectir sobre
as
aulas
de substituição
nas
escolas. Apesar de estar um pouco afastada destes locais já há
algum tempo, continuo a acompanhar e a me preocupar com o que lá se
passa.
Para
mim é muito estranho que se ponha um professor qualificado a
substituir um professor que faltou para fazer jogos com os alunos,
mantê-los na sala de aula e esse tempo conte como tempo utilizado na
disciplina do professor que faltou;
Também
para mim é muito estranho que os professores qualificados fiquem
mais horas na escola, mas continuem a não se reunir por
especialidade para se apoiarem uns aos outros em assuntos
pedagógicos; para prepararem o mês de aulas que se aproxima; para
conhecerem melhor os seus alunos; para elaborarem projectos
educativos de acordo com a matéria que vão leccionar de modo a
tornarem as aulas mais atractivas; para planearem as aulas a favor da
interdisciplinaridade ...
Que
se passa no reino da educação que parecem cegos, surdos, mudos a
conduzir outros cegos, surdos, mudos e todos querem conduzir os
outros?
Na
minha modesta opinião, as aulas de substituição são muito
importantes quando forem um tempo útil para os alunos. Caso
contrário, coitado de quem está na sala com eles.
Por
que é que essa aula de substituição não é utilizada por outro
professor de outra disciplina da mesma turma para utilizar essa aula
para proveito da sua disciplina e assinar o livro de ponto da sua
disciplina, acrescentando mais uma aula. O professor que vai
substituir um colega, vai utilizar esse tempo a trabalhar melhor a
matéria que está a leccionar neste momento; a utilizar os meios
tecnológicos sobre a mesma matéria; a fazer exercícios,
questionários, diálogos entre alunos sobre o mesmo tema. Se o teste
está próximo, a fazer um teste formativo e a dialogar com os alunos
sobre os resultados e a aconselhar, esclarecer aqueles alunos que
disso necessitarem. Os professores não podem preparar as suas aulas
de véspera. Cada tema deve ser preparado como se houvesse tempos,
materiais ideais e alunos difíceis e aproveitar o máximo de
oportunidades para cumprir esse plano, estratégia. Ficamos sempre
aquém, mas com criatividade ....
Agora
não ter nada preparado; ... isso só produz professores frustrados e
alunos frustrados.
Outra
hipótese: que as aulas
de substituição
sejam aulas
de cidadania
ou aulas
de formação pessoal;
aulas com psicólogos.
O
programa destas aulas seria organizado pelo próprio professor
preparando umas dez ou vinte aulas com antecedência. Agora com os
computadores é fácil. Quando tivesse uma aula para substituir,
veria que tema seria o mais adequado, tendo sempre o cuidado de não
repetir o mesmo tema na mesma turma. Poderia lançar um inquérito
aos alunos para saber que temas gostariam mais de trabalhar com o
professor; usar multimédia variado; reuni-los em grupos de três ou
quatro, nomeando um para coordenar e apresentar o que foi feito,
acordado, concluído no grupo no último tempo da aula; ... enquanto
que o professor conversa com um grupo com problemas de aprendizagem,
de disciplina, ... tanto que se pode fazer. HAJA CRIATIVIDADE! ❐
13
de Outubro de 2005
Todos
os que procuram a riqueza, sem o saber, estão a caminhar para a
miséria.
Hoje gostaria de
desenvolver esta frase da sabedoria popular; este provérbio. Sempre
ouvi dizer que voz do povo é voz de Deus e concordo plenamente.
Cada
vez mais os seres humanos, os que forem, se gastam com o ter,
esquecendo-se que nada do que conseguiram é deles e de tal maneira
se gastam para o ter que não têm tempo para mais nada: nem para a
família, nem para o lazer, nem para os amigos, nem para acções de
solidariedade. Mas o tesouro que eles consideram tão definitivo, é
tão efémero ...
Tanto
tempo já passou desde que Platão e os seus discípulos publicaram a
Alegoria
da Caverna
e a grande multidão continua sem perceber nada.
Todo
o tesouro da Terra só tem validade, se tiver o seu verdadeiro, o seu
original, no céu. Como não vale a pena se preocuparem em fazer
muitos meninos e meninas na Terra para não acabar a espécie, se não
houver meninos e meninas no céu da Terra porque sem estes não há
os outros. Por algum tempo podem continuar a existir os invólucros,
mas se dentro deles não houver menino ou menina, eles serão tudo
menos meninos e meninas.
Como
é que se valida o tesouro que conseguirmos na Terra?
Com
o tesouro que tivermos no céu. Agora o tesouro do céu tem de ser
bem maior do que o tesouro da Terra para também o aguentar. Assim se
quisermos algum tesouro na Terra para nosso conforto e da nossa
família, temos de batalhar principalmente pelo tesouro do céu.
Também
não vale a pena pensarmos que seremos atendidos nos nossos pedidos a
Jesus Cristo, à Senhora, ... se
nós não tivermos um tesouro no céu onde seja possível ir buscar a
recompensa pela satisfação desse pedido.
O
tesouro do céu é composto pelo bem
que fazemos aos outros seres, humanos ou não, amigos ou inimigos, ou
por orações
a favor de Deus, de alguém da Família de Jesus Cristo, da Senhora,
dos anjos e santos. Também a favor de alguém ou de todos nós.
Todos precisam que rezemos por eles, incluindo Deus, o Pai, o Filho e
o Espírito Santo.
Só
assim se legitima o tesouro conseguido na Terra, mas sempre, sempre é
dádiva de Deus para termos o usufruto e o administrarmos para
proveito de todos. Se foi conseguido com o egoísmo, não terá a
bênção de Deus e, mais cedo ou mais tarde, ruirá e será a
miséria. Não tinha alicerces. Assim
Todos
os que procuram a riqueza, sem o saber, estão a caminhar para a
miséria. ❐
08
de Outubro de 2005
O
dia 27 de Abril de 1972 foi a data da festa de despedida do Dr. Raul
Horta, director da actual Escola Secundária Gil Eanes de Lagos,
situada no Largo das Freiras e que na altura se chamava Escola
Secundária de Lagos. Além de Director da escola foi também meu
professor; um óptimo professor e muito humano.
Com
alguma antecedência a minha professora de português, na altura a
Dra. Emília Veiga, durante uma das aulas, convidou-nos a escrevermos
umas palavras sobre o Director para um dos alunos depois ler durante
esta festa em nome de todos os alunos. Salientou que gostaria que eu
não deixasse de escrever porque tinha muito jeito. Assim
incentivada, não deixei de escrever um pequeno texto que lhe
entreguei na aula seguinte.
Passadas
algumas aulas após esta, numa outra aula, a professora disse-nos que
os professores tinham analisado os textos entregues e tinham
escolhido dois textos como os melhores e que, por acaso, encaixavam
bastante bem e eram os dois, textos das duas Carmelitas, que
frequentavam a escola. Os meus colegas imediatamente expressaram o
seu apoio e disseram que eu escrevia muito bem. A professora disse-me
que, do outro texto escolheram a introdução que encaixava
perfeitamente no meu texto, que tinha sido todo aproveitado. O texto
a dizer tinha ficado assim como estava no papel que ela me entregou
no momento. Perguntou-me se eu me incomodava com isso. Eu disse logo
que não. Então ela disse-nos que os professores também me tinham
escolhido para dizer o texto na festa. Eu fiquei apreensiva e ela
disse-me logo que já tinha falado com a outra Carmelita e ela
concordou e até preferia assim e também o meu texto era a parte
maior.
Assim
eu fui uma das convidadas nesta festa de despedida do Dr. Raul Horta,
por limite de idade e ele ficou muito sensibilizado com as palavras
que proferi em nome de todos os alunos. Era assim o texto:
Senhor
Director
Venho
aqui em nome dos meus colegas dizer umas palavrinhas ...
Gostaria
que elas fossem belas, mas não tenho pretensões visto que o meu
génio oratório não me ajuda e, além disso, a costureira não
acabou o vestido de seda e ouro com que elas deviam vir vestidas.
Contudo
arrisco porque o que interessa verdadeiramente não são as palavras,
mas os sentimentos e, neste momento, é a saudade e a eterna gratidão
que nos invade.
Acredite,
Senhor Doutor, que nós, vossos alunos presentes e, com certeza,
todos os que se encontram ausentes por motivos de ordem vária; todos
nós, uns com a sua presença, outros com o coração, estamos
reconhecidos ao Senhor pela maneira como nos tem dirigido como
Director e ensinado como professor; pois que tem sido companheiro e
amigo de todos os que por aqui passaram.
Como
director porque soube manter a ordem entre todos os jovens que aqui
se encontram, dando castigos convenientes a quem os merece e
estimulando os que cumprem o dever a que se obrigaram ao se
matricularem nesta escola.
Como
mestre porque fez sempre o possível para que todos os alunos
compreendessem a matéria que ensinava, explicando-a da maneira mais
fácil e ainda, pisando-a e repisando-a sempre que necessário para
uma melhor compreensão.
Por
nunca ter posto obstáculos a qualquer convite que pudesse enriquecer
culturalmente os alunos desta escola; por tudo o que fez por nós, o
muito obrigado, do fundo do coração, de todos nós, rapazes e
raparigas desta escola.
Muito
obrigado, senhor director!
❐
29 de Agosto de 2005
Tenho
andado a pensar em Taizé.
Ouvi
um jornalista comentar há algum tempo que esta palavra Taizé já
faz, de tal maneira, parte do nosso vocabulário que já muita gente
anda a dizer «Taizé» à portuguesa.
Então
eu comecei a pensar nas várias palavras estrangeiras que temos
acrescentado ao nosso falar por duas vias:
- via erudita – matiné; soiré; abatjour; soutien; …
por
quê via erudita?
porque
as classes superiores portuguesas, falantes de francês, difundiram
estas palavras no nosso vocabulário. Elas sabiam ler e escrever o
francês. Quando estes significados passaram a fazer parte do
vocabulário popular já estavam de tal maneira implantados na
sociedade, significantes e significados, ninguém teve a menor
dificuldade em adoptá-los.
- via popular:
a)
Londres (de London);
b)
Paris (de Paris, mas lido à portuguesa) e neste caso Taizé lido à
portuguesa. O que é que está aqui em questão?
Na
altura que Londres e Paris entraram no nosso vocabulário, pouco
interessava que as palavras não fossem pronunciadas correctamente
pelos emigrantes portugueses, mas certamente que este facto ajudou
muito a que os portugueses fossem considerados pelos naturais dos
países de acolhimento como ignorantes e idiotas, afinal nem
conseguiam dizer estas palavras correctamente.
Hoje
a população portuguesa desloca-se bastante aos outros países e a
Taizé, principalmente os jovens e estes com o 12º ano de
escolaridade, em geral. Andar por aquelas terras a dizer Taizé à
portuguesa certamente que ninguém lhes conseguirá indicar o
caminho.
Por
outro lado, em tempos aprendi de entendidos na matéria que palavras
de uma língua que não têm significante no outro país, escrevem-se
exactamente como são ditas na língua de origem.
Assim,
como estamos no princípio, vale a pena pensar sobre o assunto. Temos
duas hipóteses que não nos envergonham:
1ª
- escrever Taizé e dizer Têzê. É a ideal. Afinal, podemos não
ser muito inteligentes, mas penso que este esforço ainda é possível
para a grande maioria dos portugueses.
2ª
- escrever Têzê e dizer Têzê. Com esta hipótese é possível aos
portugueses que lá se quiserem deslocar, ter quem os entenda e lhes
indique o caminho com gestos, mesmo que os portugueses não saibam
falar francês.
14
de Julho de 2005
É
grande o contentamento por a partir de agora ser possível fazer o
registo de uma empresa num dia e é óptimo, mas parece-me que se
pode ir um pouco mais além.
É
necessário alterar o
princípio:
não
é o cidadão que deve andar de balcão em balcão e de instituição
em instituição, mas sim o funcionário que aceita o processo.
Esse
tem o seu salário para resolver os problemas dos cidadãos dentro da
sua área de trabalho enquanto que o cidadão tem o seu trabalho para
executar e salário para ganhar para poder pagar as suas despesas e
não prejudicar a sua equipa de trabalho.
Assim,
no balcão adequado, o cidadão apresenta o seu problema e os seus
documentos pessoais que lhe são pedidos pelo funcionário ao balcão
para tirar fotocópia de cada. Este funcionário cria um dossiê novo
para este processo; coloca lá as fotocópias e o registo do pedido
do cidadão e entrega ao cidadão um papel que comprova, com data e
hora daquele dia e nome legível do funcionário e data para o
cidadão vir buscar tudo o que precisa; isto é o início do
processo. Claro que tudo isto pode ser feito num computador com apoio
de um scanner.
Outro
funcionário coadjuvante deste, toma conta do processo e dá todas as
voltas necessárias, fora e dentro da instituição, e cria todos os
papéis e documentos necessários para resolver o problema daquele
cidadão.
Na
data marcada, o cidadão regressa para levantar o que precisa e/ou
documento que comprove o que foi feito e o cidadão paga o que lhe
for pedido pelo serviço prestado e assina documento que comprove o
que leva. O dossiê permanece na instituição pelo tempo que esta
achar conveniente.
Se,
a posteriori,
o
cidadão se deparar com algum problema, dirige-se ao gabinete do
inspector daquela instituição; apresenta a sua queixa e sai e é o
inspector que fará as diligências necessárias, chamando os
funcionários em falta para rectificarem o erro e pagarem do seu
bolso uma indemnização de reparação de danos ao cidadão em
causa. Na data marcada no papel que o cidadão levou consigo, este
comparece no gabinete do inspector; recebe o que tem a receber e a
indemnização; agradece ao inspector e sai feliz.
16 de Maio de 2005
Se
há línguas em que há uma só palavra para os nomes do verbo
conceber
– na
língua portuguesa temos duas palavras, facto que só enriquece a
nossa língua. Então é pena que usemos, principalmente os letrados,
as palavras incorrectamente ou só uma das palavras com os dois
sentidos como na língua inglesa. Assim temos:
Concepção
– a
concepção do mundo na Criação; a concepção de uma obra de
arquitectura; a concepção de um quadro; ......
Conceição
– a
conceição de um bebé; a Imaculada Conceição de Maria.
Há
tempos foi-me dito que na Alemanha, em cada turma, o professor(a)
escolhe os alunos com mais capacidades e os alunos com mais
dificuldades de aprendizagem e a cada aluno com mais capacidade é-lhe
atribuída a responsabilidade de apoiar e ajudar um(a) dos alunos com
mais dificuldades. Os lugares, as alturas, são assunto dos dois. A
recompensa ao “tutor” é assunto dos dois. É o
tutor
da
língua inglesa.
Penso
que a escola poderia compensar estes alunos que apoiam os que têm
mais dificuldades, identificando-os num quadro de honra
– o quadro dos
tutores.
Acho
que deveria haver critérios de atribuição como:
-
proximidade de residência;
-
proximidade dos níveis económicos das famílias para não haver
constrangimentos;
-
aluno de pais separados com aluno de família integrada porque a
família vai surgir na relação dos dois e isso é importante para o
aluno de pais separados;
- ..........
Acho
mesmo importante o/a tutor(a) elaborar um relatório no final de cada
período analisando o trabalho desse período e que o entregue à
professora que será a supervisora e que entrevistará cada par
separadamente no início do período seguinte.
Na
festa do final do ano deve ser mencionado o valor do trabalho dos
mestres em geral e particular.
02
de Maio de 2005
Sempre
que se vem para Lagos temos, à entrada de Odeáxere,
um erro ortográfico crasso em
letras garrafais: - parece que não incomoda ninguém. Tudo isto deve
ser fruto dos tempos de grande ignorância que vivemos onde a lei é:
quanto mais ignorante, mais integrado e bem-vindo. Afinal, não
incomoda a sua presença.
Então,
se pronunciamos Odiáxere, estamos a usar uma palavra que se formou
por aglutinação e cuja primeira palavra é ODE que em árabe quer
dizer rio, caudal. Assim temos: Odeceixe, Odelouca, ....
Também
pronunciamos passiar e até agora é erro escrever assim, pois deve
ser escrito passear, veranear, óleo, ...
Claro
que estas coisas podem fazer muita confusão nas cabeças dos miúdos
e graúdos que temos e depois, ... coitadinhos.
12
de Março de 2005
Tenho
andado a pensar em Descartes. Descartes chegou à conclusão:
- Eu penso, logo existo.
Penso
que o pensamento de Descartes não está completo ou não está
totalmente conhecido porque a conclusão dele deve ter sido:
-
EU PENSO, LOGO EXISTO E INCOMODO.
Esta
deve ter sido a conclusão de Descartes!
06 de Março de 2005
Se
olharmos para a ciência, verificamos que a mulher tem dois
cromossomas XX e o homem tem YX. Se quisermos brincar, podemos dizer
que até para o homem material existir precisa de ir buscar um
cromossoma à mãe; mas a mulher não precisa de ir buscar nenhum
cromossoma ao pai. Também, se quisermos analisar mais de perto,
verificamos que o Y pode ser um X incompleto. É o problema de o
homem ter sido feito primeiro. Para criar a mulher, Deus acrescentou
ao cromossoma uma perninha para o X ficar perfeito.
Contudo,
acho que o mundo sem eles não teria graça.⌂
26 de Janeiro de
2005
Hoje
gostaria de reflectir sobre o que muita gente já anda também a
reflectir. Os astrólogos falam no início de uma nova era; os
teólogos falam dos fins dos tempos e dos sinais dos fins dos
tempos; os cientistas falam de grandes mudanças climáticas; os
criadores comparam o período que se avizinha ao grande arrefecimento
que a Terra sofreu cerca de doze, onze mil anos antes de Jesus Cristo
e que provocou o desaparecimento de muitas espécies. Eu acho que
todos têm razão e gostaria de citar um extracto de um dos vários
manuais da História que tive na minha muito longa vida de estudante,
pois também continuo estudante.
“É
impossível descrever pormenorizadamente a maneira como viveram os
agrupamentos humanos da Pré-História dado o seu grande número, a
diferença das suas características, a variedade dos locais e das
épocas onde a sua vida e as suas actividades se desenvolveram e
ainda o insuficiente conhecimento dos historiadores em relação a
esses recuados tempos.
No
entanto podemos dizer que começaram por viver ao ar livre, nas
florestas, sem habitações nem vestuário. Alimentavam-se,
predominantemente, de frutos silvestres, de ervas, raízes e caules
tenros de plantas e parece que muito cedo começaram a apanhar e a
comer pequenos animais que estavam ou passavam ao seu alcance: ratos,
lagartos, cobras, tartarugas, aves, porcos e antílopes ainda muito
novos.
....................
Com
o rodar dos milénios, a mão e o cérebro do homem e da mulher
paleolíticos foram-se desenvolvendo e aperfeiçoando.
O
progresso e aperfeiçoamento técnico no trabalhar do sílex só foi
possível realizar-se ao longo de centenas de milhares de anos e no
decorrer desses milénios, várias outras manifestações e
acontecimentos importantes se deram nas vidas dos seres humanos.
Estes
passaram de colectores a caçadores. Passaram a perseguir vários
grandes animais para a sua alimentação: elefantes, rinocerontes,
hipopótamos, mamutes, búfalos, ursos, tigres, cavalos, .... Só
pela inteligência podiam vencê-los e dominá-los.
Assim
os seres humanos primitivos se abasteciam de carne, peles e ossos.
Aprenderam a produzir fogo e depois a conservá-lo e utilizá-lo para
aperfeiçoar os seus instrumentos de caça utensílios domésticos e
para cozinhar os alimentos.
Quando,
já no declinar do Paleolítico, a temperatura baixou
extraordinariamente, os seres humanos primitivos tiveram de acender
fogueiras para se aquecerem e recolherem-se às cavernas para se
abrigarem.
A
vida ao ar livre tornou-se insuportável e assim tiveram de procurar
abrigo nas rochas ou debaixo do solo. Nestas primitivas habitações
viveram durante milénios e aí nos deixaram sinais bem vincados da
sua permanência e dos progressos que nessa altura realizaram.
Mas,
eis que, cerca de dez mil anos antes de Jesus Cristo a temperatura
volta novamente a subir amenizando o ambiente em que vivia o homem e
a mulher das cavernas. Assim termina o período Paleolítico.”
Tudo
isto me faz pensar que, como o lavrador coloca uma parte da sua terra
de pousio para depois voltar a utilizar; assim também acontece com o
planeta Terra: há sempre uma boa extensão de terra guardada sob o
gelo ou neve permanente, como que em pousio, para ser utilizada e a
utilizada passar a pousio para reabastecer-se e voltar a ser fértil.
18
de Outubro de 2004
Muitas
vezes se ouve dizer que em geral os estudantes têm boas ou médias
classificações durante o ano lectivo e quando fazem os exames
nacionais têm classificações muito baixas e culpam o facilitismo
do ensino oficial. É verdade, mas não só ...
Gostaria
de recordar que o método de avaliação não
é o mesmo e os pais
sabem isso. Os alunos, durante o ano lectivo, fazem os seus testes e
estes são classificados descontando da classificação máxima
aquilo que está errado e dentro disso avalia-se se está
completamente errado; se a questão não foi compreendida, mas
resolvida de acordo com o que se compreendeu; se sabe resolver, mas a
falta de bases o leva a errar; ...
Outra
coisa é a avaliação que se faz nos testes de nível nacional.
Nestes, além de descontar o que está errado, desconta do que está
certo porque tentou fazer e o resultado estava errado.
Este
método, na minha opinião, contém em si uma filosofia completamente
errada:
1º
- não é utilizado durante o ano lectivo, então os bons alunos não
conseguem aprender a se precaver contra ele;
2º
- corta completamente a criatividade, a capacidade de raciocinar e
tentar aplicar os conhecimentos para ir deduzindo hipóteses;
3º
- um mau aluno lê uma questão e diz: - Eu disto não percebo nada.
E não faz. São estes que este método premeia.
4º
- um bom aluno, principalmente a matemática, pensa: - Se eu percebi
o português da questão, isto está relacionado com esta matéria e
também com esta. Vou resolver desta maneira; começa a aplicar todos
os seus conhecimentos, toda a sua criatividade e o seu raciocínio e
quando chega ao fim pensa: - Acho que fiz um bom trabalho.
O
bom aluno depois vê a sua classificação e tem vontade de chorar.
Afinal aquele problema difícil em que aplicou toda a sua energia e
conhecimento, chegou a um resultado que não coincidia com o
resultado que o avaliador tinha na cábula e pronto: classificação
– zero e alguns valores a descontar na classificação que já
tinha alcançado com aquelas questões em que os resultados
coincidiam ....
Por
que é que ninguém fala desta barbaridade? Há anos e anos que isto
se passa. ⌂
04
de Janeiro de 2004
Hoje
li num jornal um artigo intitulado
As
dez mais importantes descobertas de 2003
e
que foram escolhidas pela revista
Science.
Esta
revista considerava como primeira descoberta em importância
“o facto de ter sido
provado que todas as galáxias e outros corpos do universo se estão
a afastar cada vez mais sob o efeito de uma força a que os
astrónomos chamam energia
negra”.
Comentário
Ao
ler esta notícia recordei-me das visões de S. João no Apocalipse.
Será que este facto tem a ver com (...)
“o primeiro céu e a
primeira Terra tinham desaparecido e o mar já não existia.”
(Ap 21,1)?
Será
que está escrito primeiro céu porque ficará outro céu?
Será
que está escrito primeira Terra porque ficará outra Terra?
Tudo
o resto desaparece porque pertence às trevas e por isso está a ser
absorvido pelo Buraco Negro?!¯
20 de Março de
2003
“Sou
professora austríaca. Não consigo estar numa sala de aula sem pôr
os alunos a trabalhar, a pensar, a criar,...
Na
Áustria, cada turma tem uma sala por sua conta. No inverno os alunos
trazem sapatos num saco para usar dentro do edifício e assim terem
sempre os pés secos e quentinhos. Na Áustria, é impossível
imaginar mandar os alunos para a chuva, o vento e o frio nos
intervalos das aulas, mas cada terra tem os seus hábitos ...”
Portugal,
que monstro és que não consegues olhar bem nos teus olhos e veres o
mal que fazes aos teus filhos?
Enquanto
professora, numa sala de aula no inverno (e as aulas percorrem
o inverno todo) várias vezes os
alunos me pediram:
®
Professora, deixe-nos
ficar na sala de aula. Aqui está frio, mas lá fora é bem pior e
ficamos todos molhados.
E
eu respondia-lhes:
-
Vocês bem sabem que não me é permitido deixá-los aqui dentro.
Assinei uma folha de serviço para ser a última a sair e fechar a
porta. Se houver problemas, serei a responsável.
®
Nós não estragamos nada. Tem a nossa palavra.
-
Vocês sabem que não posso.
E
todos saíam. Enquanto iam saindo para fora do edifício, iam
dizendo:
®
Preocupam-se mais com
o material e com o edifício do que connosco. Somos ovelhinhas
mansinhas empurradas para o curral. Não somos nada para esta gente;
só lixo!
15 de Fevereiro de
2003
Numa
época em que o desemprego e a crise económica grassa na sociedade,
na minha opinião, há necessidade de agarrar e expandir um novo tipo
de relações entre os cidadãos. Numa altura em que as pessoas não
têm dinheiro para comprar o que precisam para si e para a sua
família e não querem roubá-lo, então há necessidade de exercer a
TROCA DE SERVIÇOS.
Há
já algumas autarquias que criaram uma secção para que os seus
munícipes exerçam a troca de serviços, mas há necessidade de
alargá-la a um número muito maior de autarquias e freguesias e é
preciso divulgar e ajudar as pessoas a usarem uma unidade de
medida-padrão para que o sistema possa funcionar. As pessoas, só
por si não são capazes de estabelecer essa unidade de medida-padrão
e, ao sentirem-se prejudicados por falta de equidade, afastam-se
deste sistema silenciosamente.
/
18
de Março de 2003
O
povo eleito de Deus é o povo crente no coração, praticante das
boas obras, acolhedor da Mensagem e pondo-a em prática no seu
dia-a-dia com actos e é oriundo de todos os povos da Terra e de
todos os estratos sociais e de todas as religiões.
10
de Fevereiro de 2003
As
línguas, nos primórdios, eram apenas orais. Não havia dicionários
e aquando das invasões, os invasores não queriam saber da língua
nativa daquele território para nada. Os vencidos que se preocupassem
em tentar percebê-los e se não eram capazes disso, mais uma cabeça
menos uma cabeça pouca diferença faria. Assim a mesma palavra em
lugares diferentes tem significados diferentes de acordo como essa
palavra era entendida foneticamente e como era apreendido o seu
significado pelos receptores. Quanto à construção das frases
então nem falar. Era a mais completa anarquia.
Por
exemplo no latim
nunc significa
em português
agora,
mas
temos a palavra em português
nunca e
podemos perceber a semelhança oral. Se quisermos pôr a nossa
imaginação a funcionar podemos imaginar um soldado romano a ordenar
a um nativo ibérico: nunc, nunc. O nativo olha para o soldado, olha
para onde ele apontava e pensando perceber que é para fazer,
toca-lhe com o pé para sentir o que é. O soldado, pensando que ele
não percebeu nada, volta a gritar-lhe:
- nunc, nunc.
Como
o nativo recua, o soldado afasta-se gritando:
- bestiá.
O
nativo sai dali a caminho de casa e encontra outros nativos que lhe
perguntam:
-
Então, que tal o romano?
-
Não
é má pessoa. Grita muito, mas isso deve ser da raça. Olha, já
aprendi com ele duas palavras:
nunca
e bestial.
Duas
palavras que os amigos agora já conhecem e vão passar a usar para
ensinar aos outros.
Com
a introdução da escrita a língua de uma determinada região passou
a ser analisada por curiosos que ensinavam a sua língua na corte e,
pela necessidade, foram-se criando cadernos de palavras sinónimas
nas duas línguas e a pouco e pouco chegou-se aos dicionários.
Também
pela necessidade foi-se estruturando a língua de maneira a que fosse
possível criar regras para que o estrangeiro a pudesse falar e
expressar-se e ser compreendido, pois já não se tratava de uma
relação de vencedores e vencidos.
Quando
actualmente se foge à norma porque não a conhecemos e não querendo
fazer figura de ignorantes, afirmamos que assim é que é; estamos a
demonstrar exactamente isso que se pretende esconder.
As
normas são importantes para que as crianças aprendam a se saber
exprimir na sua língua e a serem compreendidas e, por outro lado, as
normas são necessárias para os estrangeiros aprenderem a nossa
língua e cada um se possa fazer entender nesta aldeia global sem
perder a sua cultura e a sua maneira de estar no mundo e a língua
materna é esse veiculo.
Para
mim, em geral, há duas regras que são básicas e ajudam qualquer um
a fazer-se entender:
Verbo
conjugado + que + verbo conjugado
Ex:
sei que
sabes do que se trata.
Gostaria
que
soubesses mais sobre isto.
Verbo
conjugado + preposição + infinitivo impessoal
Ex:
ele acabou por
chegar.
Ele
tem de
falar com os pais.
Felicidade
|
Infelicidade
|
.direitos
e deveres
para ambas as partes
.
.
|
.domínio
de uma parte com submissão
da outra parte
.
|
03
de Janeiro de 2003
De
um programa televisivo de após 25 de Abril no ano de 1974 retirei a
seguinte reflexão:
“Não
dá bom resultado para ninguém impor demasiado a sua vontade aos
outros membros da casa. A escravidão não é coisa dura apenas para
o escravo, mas também para o senhor. A escravidão numa família é
um mal para todos. Se qualquer um dos seus membros exigir obediência
dos outros em todas as coisas, grandes ou pequenas, não tardará que
ninguém tenha vontade própria excepto o senhor. Depois todos acabam
por cair pesadamente em cima do mais forte, em busca de apoio ou em
acusação.”
13
de Dezembro de 2002
Hoje
o pensamento vem de mim e trata-se do português:
O
presente
ou a prenda
®
O
presente
tem
a sua origem na apresentação de diplomatas ou de convidados na
corte. Era regra na apresentação à corte, após ouvir o seu nome,
este convidado dizer
Presente
e
entregar o pacote ao chefe do protocolo.
Na
minha opinião este presente é de obrigação e de ostentação e
sem amor.
A
palavra prenda
acho
que tem a sua origem no verbo prender. Então a prenda tinha e tem
por objectivo prender pelo coração, pelo amizade, pela demonstração
de afecto que aquele pacote tem intenção de transmitir ao seu
receptor. Não tenho a menor dúvida, para mim o pacote é de toda a
certeza e sempre prenda
e não presente, pois quando não é prenda pura e simplesmente não
existe. Não ofereço nada por obrigação, mas por gosto.
Nesta
época natalícia causa-me impressão ouvir, até diplomados dizerem:
filhoses
quando dizem uma filhó.
Que
haja uma vez e várias vezes,
Uma voz e muitas vozes,
Uma rês e bastantes reses
Uma gravidez e duas
gravidezes,
mas
que haja sempre um nó e alguns nós,
um paletó e
vários paletós,
uma avó e duas
avós,
uma filhó e
muitas filhós.❐
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1.º
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